Mestre internacional, o enxadrista sérvio Dragan Stamenkovic vive faz 10 anos no Brasil, onde dá aulas e participa de torneios de xadrez. Recentemente ministrou curso em Estrela.
• Quando surgiu sua relação com o xadrez?
Quando eu tinha 7 anos, aprendi a jogar com o meu irmão e gostei do jogo. Fui para o meu primeiro clube de xadrez, lá na Sérvia. Comecei a jogar e a competir em torneios escolares e gostei, seguindo até hoje.
• O que o xadrez te proporcionou na vida?
Ele me proporcionou praticamente tudo. Sou formado em Engenharia, mas sempre segui jogando xadrez, hoje sou mestre internacional. Eu vivo disso, dou aulas, aulas a distância, participo de torneios, dou palestras, trabalho com material de xadrez. Me proporcionou a possibilidade de viajar. Desde criança, consegui viajar competindo em torneios, primeiro dentro de meu país, e depois indo para outros países, hoje conheço mais de 30, tudo graças ao xadrez. Também graças a ele, vim para o Brasil, onde conheci minha mulher e vivo faz 10 anos.
• Qual a relação do xadrez com a Sérvia?
Ele é um esporte tradicional na Sérvia. Tem muito mais tradição do que aqui. Desde a década de 50, a Sérvia é muito forte no xadrez. Conta com grandes mestres. Não chega a ser considerado um esporte nacional, mas é um jogo muito difundido. É um jogo que é passado de geração em geração, de pai para filho. Também é bastante explorado nas escolas.
• No que o xadrez ajuda na formação cognitiva?
Ajuda muito em vários aspectos. No meu caso, sempre me destaquei na escola. Muito disso graças ao xadrez. Ele ajuda na concentração, raciocínio, pensamento lógico, na tomada de decisões. Ajuda a trabalhar em situações adversas, de tensão. Durante as provas, temos pouco tempo para pensar, temos que estar muito concentrados. Até na questão de idiomas, hoje falo sete idiomas, a maioria tive que aprender por causa do xadrez.
• Qual a principal lição que o xadrez deixou para você?
Pensar antes de agir. É uma característica do jogador de xadrez. Porque, quando tem uma posição no tabuleiro, você pensa sobre uma probabilidade e já considera as respostas do seu adversário, decide se isso é uma boa jogada ou se vai optar por outra. Tem vários caminhos, assim como na vida.
Caetano Pretto: caetano@jornalahora.inf.br
