O espetáculo é resultado da pesquisa sobre povos medievais, celtas, árabes, serestas brasileiras, música portuguesa e fados. Nice Porto estudou por 15 anos e traz o repertório pela primeira vez à região. O evento ocorre hoje, às 20h30min, no Sesc Lajeado.
“Quero que o público se transporte, esqueça da vida lá fora e, de uma certa forma, resgate toda emoção de algo que está trancado e fechado. Quando me identifico com alguma história, faço outras reflexões.”
O marido italiano proporcionou uma aproximação aos estudos da música medieval, celta, dos povos nórdicos e mesmo árabes. “Fomos a países como Croácia, Sérvia, Hungria, e ainda aos alpes suíços e tantos outros daquela região da Europa. Outra experiência marcante foi morar na Tailândia por um ano.”
Era preciso saber mais a fundo sobre a cultura por trás da música. “Não vou saber o que é esse sentimento em minhas composições se não estiver presente.” Ao conviver na região das montanhas, nos Alpes Suíços, foi a shows de cultura celta e medieval.
Nice assistiu a shows ao vivo na Tailândia com cantores locais, com influência árabe. A influência indiana e a mistura abriram um leque de possibilidade à musicalidade de Nice. “Me chamava muito atenção as mulheres de burca, de não acreditar que aquilo é realmente verdade. Foi um choque cultural muito grande.”
Afirma que o repertório conta com essa vertente árabe, com influência portuguesa. “Vocalizam em linguagens e sonoridades diferentes. Tem o canto cigano nórdico. Em três meses na Croácia, assisti ao show de um cara de Sérvia. Fiquei impressionada com o vocal forte do rapaz. Parecia um tenor, mas em estilo cigano nórdico.”
Influências musicais
Todas as culturas desses povos foram influências à música, que contará com instrumentos árabes. “Quando tu tens uma pesquisa que é a tua de verdade, feita com teu amor, transparece isso.”
De acordo com Nice, a arte da voz iniciou na infância. O avô tocava bandolim e uma tia cantava, assim como o padrinho e o pai. “Que canta muito bem. Faz uma segunda voz de ouvido de forma genial, mesmo sem saber o que é lá maior.”
As notas preferidas são as dissonantes, com músicas mais rebuscadas como Palmeira à Beira- Mar e Fazenda. Enquanto fazia a miniturnê, estudou de três a quatro horas por dia, por muitas vezes, o dia inteiro, procurando repertório.
“Fiz muito exercício de fono e às vezes pensam que é só fazer técnica. Para quem dá muitas aulas, é preciso fazer alguns esforços musculares, na região da sonoridade.”
Coisas que remetam a filmes épicos, para as pessoas sentirem mais aquele clima do Senhor dos Anéis, O Gladiador, Coração Valente. Tem aquela transcendentalidade, de montanha, de guerras, com apela à sonoridade.
No espetáculo, haverá mantras, com vertente principal das tribos celtas. Elas tinham maior reverência à figura feminina, que era endeusada.