“Em menos de um ano, as empresas do ramo geraram mais do que orçamento do nosso Excutivo. Foram 215 mil metros quadrados de construção em 2017, injetando cerca de R$ 320 milhões na nossa economia.” Foi com essas informações que o prefeito, Marcelo Caumo, finalizou o discurso de abertura da 8ª Feira da Construção Civil, Mobiliário e Decoração do Vale do Taquari.
O pavilhão 1 do Parque do Imigrante estava lotado no momento da celebração. Antes do prefeito, falaram o presidente da Construmóbil e empresário, Marcos Mallmann, e o presidente da Associação Comercial e Industrial (Acil) de Lajeado, Miguel Arenhart.
Mallmann enalteceu o crescimento econômico do Vale do Taquari, e falou sobre a temática “economia colaborativa”, escolhido para nortear as ações durante os seis dias da feira. “Nosso intenção é gerar novos negócios. Fomentar negócios, estabelecer novos vínculos e construir pontes entre as empresas e com a comunidade”, afirma.

Vice-governador José Paulo Cairoli representou o governo gaúcho e participou do descerramento da fita inaugural. Ao lado dele, os presidentes da feira, Marcos Mallmann e da Acil Miguel Arenhart, o prefeito de Lajeado Marcelo Caumo e os secretários de Planejamento Douglas Sandri e de Obras, Cassiano Jung
Ele também elogia a qualidade dos estandes e dos eventos previstos até domingo. “Nossa grade de eventos técnicos possibilitará momentos de reflexão. E nesta edição, temos um dos mais altos índices de estandes especiais. Ou seja, aquels que fogem do formato base. Isso mostra o crédito que os expositores dão ao nosso evento, tornando um dos mais fortes do segmento no estado.”
Arenhart, que também fez parte da Comissão Organizadora da feira, foi mais incisivo e falou sobre a situação econômica e política atual do país. Segundo ele, as altas taxas tributárias pagas pelos empresários e contribuintes não é aplicada de forma honrosa.
“O Brasil enfrenta um dos momentos mais delicados de sua recente história. Os fatos que estão vindo à tona mostram que o Estado vem sendo utilizado faz décadas por interesses obscuros em detrimento à toda coletividade.” Sobre isso, ele faz uma ressalva à coragem dos empreendedores da região de apostarem, mesmo diante da crise, na Construmóbil.
Por fim, o vice-governador, José Paulo Dornelles Cairoli, elogiou a qualidade do evento. “Aqui se faz negócios. Não é festa.” Ele também falou sobre o momento econômico do estado, e as tentativas de avançar negócios. “Como exemplo, cito a lei da Parceria Público Privado, aprovada na Assembléia em 2005, e cujo primeiro contrato saiu só agora, 12 anos depois.”
Cairoli se referia a um aporte de R$ 1,8 bilhões em uma parceria realizada pela Corsan com a iniciativa privada para tratamento de efluentes domésticos na região metropolitana. “Queremos passar de 18% para 87% do esgoto tratado até 2028. Mas vejam como as coisa demoram, entre o que queremos e o que efetivamente conseguimos fazer.”
30% a mais em relação a 2016
O prefeito municipal trouxe outros números sobre o segmento da construção civil em Lajeado. Segundo informações repassadas pela Secretaria de Planejamento e Urbanismo (Seplan), de 2016 a 2017, o número de projetos analisados na área aumentou mais de 30%. “Isso comprova a importância e a relevância para nossa economia.”
Ainda de acodo com Caumo, e também referente aos 215 mil metros quadrados de novas obras que geraram cerca de R$ 320 milhões para a economia local, a equipe da Seplan analisou exatos 783 processos em 2017. “Tivemos 195 dias úteis no ano. Se dividirmos, são pelo menos quatro projetos aprovados por dia em Lajeado”, resume.
Feira já movimentou R$ 3,5 milhões
De acordo com a agente comercial da Acil, Elaine Warken, responsável pela venda dos espaços e estandes para a 8ª Construmóbil, o valor gasto pelos expositores antes do início da feira supera a cifra de R$ 3,5 milhões até o momento. Este valor, segundo ela, não engloba, por exemplo, os gastos previstos durante os seis dias de evento.
Elaine explica que os números são muito variados. “Tem expositor que gastou R$ 10 mil, outros R$ 40 mil. E teve quem chegou a gastar mais de R$ 100 mil em espaços bastante diferenciados e de muito bom gosto. Mas, na média, podemos garantir com segurança que os cerca de 200 expositores já gastaram mais de R$ 3,5 milhões. Ou seja, a feira já começa com essa capitalização”, confirma.
Os gastos são diversos, informa ela. Vão desde a mão-de-obra contratada para a montagem dos espaços, a matéria prima utiizada, salário de funcionários, fretes diversos, aluguel do espaço, limpeza, floriculturas, projetos de arquitetos, adesivagem, entre outros custos. Ainda segundo a agente comercial, a venda dos estandes por parte da Acil iniciou em janeiro de 2017.
Fórum instiga empreendedores
A partir das 7h30min, inicia o credenciamento para o primeiro Fórum Estadual de Gestão e Empreendedorismo, no Teatro Univates. A solenidade de abertura ocorre às 8h30min, seguida de um painel que abordará alternativas das empresas e instituições locais para enfrentar a crise política e evoluir.
Às 10h30min, o economista-chefe do Sistema Sicredi no Brasil, Alexandre Barbosa, fala do cenário econômico e perspectivas ao empreendedor brasileiro. À tarde, a partir das 13h30min, o publicitário Fábio Bernardi discorre sobre as estratégias para fortalecer o marketing das empresas.
Logo depois, às 14h30min, a jornalista Susane Veloso palestra sobre um assunto pouco conhecido, mas essencial para as empresas: a reputação das marcas. Para fechar o fórum, o presidente do Walmart.com do Brasil, Paulo Sérgio Silva.
O evento é uma realização do jornal A Hora e Sincovat, com apoio do Crie/Univates, Sescon/RS, Sebrae, governo de Lajeado, CIC Vale do Taquari e Grupo Independente. O patrocínio ouro é da Sicredi, o prata é da Girando Sol e Dália Alimentos e bronze da Unimed, Languiru, Lyall, Four Imp. e Exp., MSH advogados, Biscobom Alimentos e Divine Chocolates.
Governador em Brasília
A palestra do governador José Ivo Sartori prevista para às 9h foi cancelada por motivo de compromisso de última hora na capital federal, Brasília. Ontem, na Construmóbil, Sartori foi substituído pelo vice-governador José Paulo Cairoli.
No fórum, a palestra será substituída por um painel com o tema “Como driblar a crise política para sobreviver e crescer nas empresas”, com a participação de gestores públicos e privados.
Entrevista
Reputação independe do tamanho da empresa
A especialista em reputação corporativa e comunicação estratégica, Suzane Veloso, atuou em grandes grupos econômicos da América e hoje é especialista em compliance. Para ela, o fórum abrirá as portas da percepção empreendedora.
Jornal A Hora – No que pode impactar um fórum como este aos pequenos e médios empresários?
Suzane Veloso – Só o conhecimento é que pode levar uma empresa a passar de pequena para média e de média para grande. A gestão das informações, seja em nível de aprendizado, de melhores práticas, como em otimizar cada um dos processos, deve servir para que se trate melhor os produtos e os processos. É sobre como vai entregar aquilo que se propõe, com qualidade e rapidez.
O cerno disso tudo é o conhecimento. O empresário ficará exposto a uma reunião de pessoas que apontam diferentes visões e novas práticas e melhorias sobre os setores. Este empreendedor já sai do fórum com um capital enorme do evento. Ele com certeza já sai ganhando pelo simples fato de estar ali, com diferentes visões.
Este comportamento deve ser usado para que o empreendedor se mantenha no mercado?
Suzane – Ele pode adaptar todo esse conhecimento e novas informações. Isso porque não é distante do mundo dele. A gente tá falando de logística, não importa se é pequeno ou grande. Se é sobre o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), isso deve ter na pequena empresa também.
Você pode ser minúsculo, mas se você trata mal a Dona Maria que vai todo dia na sua padaria, a cidade vai saber disso no dia seguinte. É isto que forma a reputação.
É a tradução de todas as boas práticas que se fez. O empresário investiu, desenvolveu um produto, entregou no preço e no prazo certo, então está construindo por meio de fatos que vão acumulando uma história de bons atos. A reputação ajuda você a seguir no rumo certo, a não se você perder dos trilhos.
Em mundo de muita informação e rapidez, como tocar uma organização de negócios?
Suzane – É preciso estar aberto às mudanças. Não é se abraçar a inovação pela inovação, mas o fato é que nunca antes foi tudo tão rápido. A velocidade de novas categorias, novas maneiras de se pensar, existem maneiras para propor produtos que ainda não foram inventadas. Quando lançaram a TV, demorou décadas para que se tornasse popular. Hoje, de 7 bilhões de pessoas no mundo, 50% tem celular e 66% tem internet.
O mundo está mudado e a gente tem que mudar com ele. Não é sair abandonando tudo que se conquistou e apostando em algo que ainda não foi testado. É ver e rever os processos, maneiras de produzir, contabilizar, estocar e etc.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br | Anderson Lopes: andersonlopes@jornalahora.inf.br