“Ouvia que futebol não é pra mulher”

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“Ouvia que futebol não é pra mulher”

Natural de Humaitá, Vanusa Adriana de Rosso, 44, mora faz 20 anos em Lajeado. É uma das principais responsáveis pela organização de competições de futebol feminino na cidade e no Vale. • Por que você optou pelo futebol e por…

“Ouvia que futebol não é pra mulher”

Natural de Humaitá, Vanusa Adriana de Rosso, 44, mora faz 20 anos em Lajeado. É uma das principais responsáveis pela organização de competições de futebol feminino na cidade e no Vale.
• Por que você optou pelo futebol e por quantos clubes profissionais você atuou?
Vanusa de Rosso – Porque minha família é toda praticante dessa modalidade, e por ser a caçula, me inspirei neles e com o tempo o amor só aumentou. Na minha carreira profissional, atuei pelo Cruzeiro, de Porto Alegre, Grêmio Esportivo Ítalo Serrano, de Vacaria, e Rio Branco Aengis, de Estrela. No futebol amador, foram mais de dez clubes em diversas cidades do Vale do Taquari.
• Já sofreu algum tipo de preconceito por ser uma mulher que joga bola? Cite exemplos.
Vanusa – Bah, sim. No início, lá em Humaitá, era a única guria jogando com os guris e ouvia muito que futebol não é pra mulher, que deveria jogar vôlei, que viraria homem, mas minha família não deixou desistir e segui adiante.
• Como avalia o crescimento do futebol feminino? As barreiras do machismo estão sendo ultrapassadas?
Vanusa – Lento. Pois desde o meu primeiro título estadual, em 1995, nada mudou. A não ser agora que virou lei. Vivemos de promessas, palavras bonitas, discursos demais e investimentos de menos. O bom que temos os nossos apoiadores de fé, parceiros mesmo, que se envolvem e participam ativamente.
• Como fazer para difundir ainda mais o esporte a exemplo do que tem feito em Lajeado?
Vanusa – Procuro fazer o que posso. É primordial recurso, investimento financeiro, pois assim é possível deixar na ativa e em evidência o ano todo com competições. O esporte é uma baita ferramenta na formação de nossas crianças e adolescentes.
• O que falta para o futebol feminino ser mais reconhecido e elevar a profissionalização das atletas e da categoria como um todo?
Vanusa – Falta uma equipe específica que tenha conhecimento da causa, que trabalhe na organização ou no auxílio de competições, cadastre as equipes ou atletas sem vínculo.
• Qual foi a situação mais marcante que vivenciou no futebol feminino?
Vanusa – Meu pai Fiorindo ( in memória ) assim como toda minha família, sempre me apoiou, incentivou, aconselhou, ensinou. Ele era meu fã número 1. Sempre estava em meus jogos. Morreu no dia 1o de janeiro de 95, mesmo ano em que levantei minha primeira taça de maior expressão – campeã estadual de futsal. Naquele momento, senti a sua presença fortemente. E assim continuei mais firme e forte nessa caminhada.

Ezequiel Neitzke: ezequiel@jornalahora.inf.br

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