No Pavilhão da Agricultura Familiar, da 40ª Expointer, estava exposta a produção de 201 empreendimentos familiares, congregando 1.340 famílias de 118 municípios. Foi um dos locais mais procurados pelos visitantes. Entre as várias histórias, destacam-se as de famílias que saíram das cidades para começar o próprio negócio no campo.
Anderson Luis de Ávila da Silva e a mulher, Andréia Cristina Horning, de Paverama, começaram a empreitada no ramo da agricultura familiar. Vindo de Teutônia, o casal sempre teve vontade de empreender. O motorista e a técnica em Recursos Humanos encontraram na produção de massas caseiras uma nova oportunidade. “Compramos uma máquina de passar massa e uma balança. As primeiras (massas) davam errado, mas ao poucos as coisas deram certo”, descreve Silva, ao contar sobre o início do empreendimento, em maio de 2014.
Hoje a agroindústria Horning também fabrica biscoitos, pães e 15 sabores de cucas. A produção varia entre 800 e 900 produtos por semana. Foi a segunda vez que o casal expôs na Expointer. O empresário define a feira como um “divisor de águas” para o sucesso. “Foi o impulso que precisávamos. Divulgamos nossa marca e as vendas aumentaram”, finaliza.
Mariana Almeida Sander, empresária do ramo de geleias, abriu o negócio em 2010, quando comprou um sítio em Nova Petrópolis. Ela e o marido, Adriano, trabalhavam com turismo em Gramado, mas era na pequena propriedade que se sentiam em casa. “Sentíamos a necessidade de diminuir o ritmo de trabalho. Queríamos fazer algo que gostássemos para voltarmos às origens”, relata.
No começo, o casal plantava parreiras e frutas vermelhas. Hoje, a agroindústria tem mais de dez sabores de geleias artesanais, todas feitas sem conservantes, menos açúcar e com uma variedade enorme de frutas. “Investimos todo dinheiro da venda da agência no empreendimento. Fizemos vários cursos e estudos para chegarmos nessas receitas”, comenta.
“A paixão pela agricultura está no DNA”
Os irmãos Leandro, Marciano e Martinho Paludo, de Marques de Souza, trazem no DNA o conhecimento e a paixão pela vitivinicultura, herdados dos antepassados, que em 1888 saíram da Itália e migraram para o Brasil em busca de trabalho.
Praticavam a agricultura de subsistência. O vinho era produzido para consumo próprio. Após 129 anos, a realidade é diferente na propriedade da família, localizada em Vasco Bandeira, interior de Marques de Souza.
Marciano e Leandro, enólogo e técnico em Administração, profissionalizaram a forma de trabalhar herdada do pai Basílio. “Agregamos valor à matéria-prima. Focamos a gestão e a oferta de produtos saudáveis, com diversos benefícios a quem os consome”, explica Leandro. Os dois irmãos já estavam empregados na cidade. Marciano na Emater e Leandro era vendedor. Mas foi a paixão pela agricultura que os fez retornar.
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Marciano montou um projeto para iniciar o cultivo de videiras e recebeu a ajuda de Leandro e do irmão Martinho. “Sofri um acidente e enxerguei na produção de vinho e suco 100% natural uma boa oportunidade de empreendermos”, comenta. Com as mudanças tanto na gestão como na forma de cultivar a terra fez a produção saltar de 200 litros para cinco mil litros e vinho, processados a partir da colheita de 50 mil quilos de uva por safra.
Na linha sucessória dos negócios, surgem Mateus, 16, filho de Marciano, aluno de Enologia, e Tainá, 21, filha de Leandro, estudante de Pedagogia e que auxilia no pai no gerenciamento da loja especializada na venda de produtos de agroindústrias, em Lajeado. “Abri mão de um concurso no qual fui selecionada para lecionar. Gosto da agricultura e quero me aperfeiçoar para conseguir atender cada vez mais os clientes e explicar a origem dos produtos vendidos”, destaca Tainá.
Leandro está orgulhoso e diz que a agroindústria é um caminho para os jovens empreender. “Com qualidade, gestão e produtos saudáveis, temos garantia de venda e de lucro”, finaliza.