Ciclo será de menos tabaco na lavoura

Negócios

Ciclo será de menos tabaco na lavoura

Queda no consumo mundial, oferta maior do que a demanda e consequente menor preço registrado na última safra fazem entidades orientarem produtores a reduzir a área cultivada.

Ciclo será de menos tabaco na lavoura

Produtores de tabaco intensificam os trabalhos para a safra 2017/18. Em torno de 80% dos fumicultores da região já fizeram boa parte do transplante das mudas para as lavouras. Entre eles, está o casal Ameris, 65, e Leonelo Nicolini, 69, de Canudos do Vale. Com ajuda do filho Odair, 42, projetam cultivar 30 mil pés.

Assim como a maioria, a família está receosa quanto aos resultados do próximo ciclo. Embora a área cultivada seja um pouco maior, Odair quer diversificar e reduzir a dependência do tabaco. “Ainda é a melhor alternativa se analisarmos o resultado financeiro por hectare. Mas o preço ficou aquém do esperado. Diminuiu R$ 30 por arroba”, contabiliza.

Em 2016, quando a família colheu 240 arrobas, o rendimento bruto alcançou R$ 40 mil. Na última safra, a média chegou a apenas R$ 140 por arroba. “Vamos produzir alimentos e investir em gado de corte, para consumo próprio. O excedente podemos vender”, diz.

Uma das saídas para elevar os lucros é oferecer à indústria um produto de melhor qualidade. “Quando a oferta é maior do que a demanda, é um diferencial”, afirma. Nicolini projeta um reajuste de 8% para este ciclo e torce para que as condições meteorológicas sejam favoráveis. A compra antecipada de insumos e a boa gestão dos recursos é outro segredo para garantir um resultado positivo a cada safra.

A abertura estadual da colheita do tabaco está marcada para o dia 20 de outubro, em Venâncio Aires. Como já acontece com outras culturas no RS, o produto terá, pela primeira vez, um evento para marcar o início da temporada de colheita.

Orientação é reduzir

As entidades representativas dos produtores e a Afubra recomendam aos fumicultores reduzir ou manter a área plantada neste ciclo. A orientação é feita com base na queda de quase dois milhões de toneladas desde 2010, quando a demanda era de quase sete milhões.

Segundo o presidente da Afubra, Benício Werner, o objetivo é manter a lucratividade, pois quanto maior a oferta menor será o preço pago. De acordo com ele, o menor consumo é resultado das restrições impostas ao uso de cigarro. “Hoje se produz uma quantidade maior que o mercado necessita. O produtor tem que estar consciente disso”, diz.

No último ciclo, a área cultivada chegou a 298.530 hectares nos três estados da Região Sul. A produção passou de 695 mil toneladas. Já a oferta ideal para uma boa remuneração na safra 2017/18 na região é de 588,5 mil toneladas. Conforme Werner, outro motivo pelo qual o consumo de fumo é menor é a substituição do cigarro tradicional pelo eletrônico. “Se utiliza 20% menos de tabaco”, compara.

Exportação em alta

O tabaco é o sexto na pauta do agronegócio brasileiro e somente no RS, em 2016, representou 10% do total das exportações totais gaúchas, sendo o segundo produto mais embarcado.

Apesar de o primeiro semestre ter fechado com queda de -15% nas exportações brasileiras de tabaco, pesquisa conduzida pela PriceWaterhouseCoopers e encomendada pelo SindiTabaco aponta uma tendência de recuperação até o fim do ano, quando devem ser embarcadas de -2% a +2% de tabaco em folha, tanto em dólares como em volume, em relação ao ano passado.

Em 2016, foram 483 mil toneladas e US$ 2,12 bilhões exportados, sendo a Região Sul responsável por mais de 99% dos embarques (US$ 2,09 bilhões e 481 mil toneladas). O produto representou 1,15% do total das exportações brasileiras, que em 2016 alcançaram US$ 185,235 bilhões.

Entre os principais países importadores, Bélgica, China e Estados Unidos lideraram o ranking de 2016, que contou ao todo com 90 países. O Brasil é responsável por cerca de 30% dos negócios mundiais do produto. Na última safra, foram injetados R$ 3 bilhões no campo.

Acompanhe
nossas
redes sociais