O terror dos piolhos

Fala, Doutor

O terror dos piolhos

Apesar de comuns, o assunto piolhos é repleto de mitos. Selecionamos algumas perguntas para esclarecer as principais dúvidas sobre pediculose capilar, nome da infestação causada por piolhos

O terror dos piolhos

Os piolhos fazem parte de uma ordem de insetos que têm mais de três mil espécies. Eles não têm asas e se alimentam do sangue humano. Os que atacam o couro cabeludo dos seres humanos fazem parte da espécie Pediculus humanus capitis. Há tipos que atacam animais, mas esse não é o nosso foco, aqui.

Como se desenvolvem?

O piolho adulto tem cerca de 2 a 3mm, tamanho de um grão de gergelim. Com seis patas, a cor do varia de marrom a branco-acinzentado. A fêmea vive de três a quatro semanas e, quando adulta, coloca até dez ovos por dia. Os ovos se fixam na raiz dos cabelos por meio de uma substância parecida com uma cola, produzida pelo próprio piolho.

Os ovos se camuflam no cabelo da pessoa infectada. O invólucro dos ovos vazios, as lêndeas, são mais visíveis porque são brancas. Nem todas lêndeas darão origem a um piolho. Os ovos são incubados pelo calor do corpo humano e eclodem em oito a nove dias, em geral. A ninfa deixa o ovo e passa por três estágios até se tornar adulta, tempo que costuma levar de nove a 12 dias.

Pouco depois de se tornar adulta, a fêmea pode se reproduzir. Se a infestação não for tratada, o ciclo se repetirá a cada três semanas. A professora Luana Carvalho, 32, conta que problemas com piolho são comuns para mães. “Por mais que cuidemos sempre tem os pais que não cuidam, aí os pequenos pegam piolhos nas creches e escolas”, sugere. Luana tem dois filhos, uma menina de 10 anos e um menino de 13, e os piolhos já foram motivo de desgaste para a família.

O ideal é quebrar o ciclo. Não adianta limpar a cabeça hoje e ficar por isso mesmo. Observar deve ser um hábito constante. “O melhor remédio é, além da limpeza total, ter atenção redobrada para minimizar a chance de proliferação”, afirma a professora

Como se alimentam?

Os piolhos se alimentam injetando no couro cabeludo um pouco de saliva, que tem propriedades vasodilatadoras e anticoagulantes, permitindo que o piolho sugue uma pequena quantidade de sangue a cada poucas horas.

Como se transmite?

Ao contrário do que se imagina, o piolho não pula nem salta no couro cabeludo. Ele se arrasta, por isso, só é transmitido por meio de contato direto entre a pessoa infectada e a não infectada. A transmissão devido a compartilhamento de objetos pessoais, como escova de cabelo e roupa de cama, é mais rara.

Porém, ao pentear o cabelo seco, é possível produzir eletricidade estática que pode injetar os insetos a até 1 metro de distância.

Quais são os sintomas?

O principal sintoma da pediculose é o prurido (coceira) na cabeça. Ele é causado pela sensibilização gerada pelos componentes da saliva, e pode demorar algumas semanas depois do início da infestação para surgir.

Como fazer o diagnóstico?

O diagnóstico pode ser feito por meio da identificação de lêndeas e piolhos a olho nu ou com auxílio de um pente-fino.

Como prevenir a infestação?

É difícil prevenir a infestação, pois crianças costumam ter contato íntimo. Oriente seu filho a não compartilhar objetos pessoais, como pentes, escovas de cabelo e chapéus, e trate rapidamente as crianças infectadas. Ao contrário do que se pensa, piolho não é sinônimo de falta de higiene, por isso, lavar a cabeça diariamente também é bobagem, visto que os piolhos podem sobreviver até 20 minutos submersos.

O melhor jeito de evitar a pediculose é observar sempre a cabeça das crianças e identificá-la e tratá-la rapidamente, para impedir outras infestações.

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Como tratar?

Para tratar a infestação, não siga receitas caseiras, que além de ineficazes podem fazer mal à saúde.

Evite usar sacos plásticos para tampar a cabeça, principalmente em crianças pequenas, que podem se sufocar.

Também não use pesticidas: além de tóxicos, não matam os ovos.

É mais fácil identificar e tratar os piolhos quando o cabelo é curto, mas o comprimento do cabelo não influi no risco de infestação nem em seu tratamento.

A família toda deve ser examinada. Se parentes dividirem a cama, devem ser tratados mesmo que não tenham piolhos. Apesar da transmissão por objetos ser mais rara, limpe todos os itens de uso pessoal que tenham entrado em contato com a cabeça da pessoa infectada em 24 a 48 horas antes do início da tratamento (os piolhos morrem em menos de 48 horas sem se alimentar de sangue).

As crianças infectadas não precisam faltar à escola, pois a contaminação entre colegas de classe, apenas por coabitaremo mesmo ambiente, não é comum.

Hoje já existem medicamentos disponíveis para tratar pediculose, inclusive orais. Sua indicação vai depender da quantidade de piolhos e do tipo de infestação. Converse com seu médico.

Depois do tratamento, continue examinando a cabeça das crianças por duas ou três semanas para se certificar que a infestação foi de fato controlada.

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