Madre Bárbara celebra 120 anos de tradição no ensino

história e envolvimento

Madre Bárbara celebra 120 anos de tradição no ensino

Escola referência no Vale do Taquari tem como meta chegar a mil alunos em 2018

Madre Bárbara celebra 120 anos de tradição no ensino
Lajeado

O Colégio Madre Bárbara celebra 120 anos com a alegria de ter grande contribuição no desenvolvimento do Vale do Taquari. Durante os 70 anos de existência do magistério, mais de 1, 9 mil professoras se formaram na instituição. Hoje, em média, 50 alunos concluem o Ensino Médio. E a procura de matrículas crescer a cada ano, indicando que a previsão da direção, de ter cerca de mil alunos em 2018, se cumprirá.

Uma das novidades recentes foi a instalação total da Educação Infantil. Desde 2015, são aceitos bebês. Antes, eram atendidas apenas crianças a partir dos 4 anos. O maternal fez o número de matriculados passar de 664 a 914 em dois anos, um crescimento de 27,35%.

Segundo a diretora Maria Elena Jacques, a procura é grande, por isso, no próximo ano, devem ser abertas mais duas turmas na Educação Infantil – de 4 e de 5 anos, além de duas para crianças de 2 anos.

A diretora, Maria Elena Jacques, e a representante da mantenedora, irmã Anita Dal Piva

A diretora, Maria Elena Jacques, e a representante da mantenedora, irmã Anita Dal Piva

Para 2019, está prevista a construção de um terceiro andar para atender essas faixas etárias, espaço que comportará mais 80 alunos. A reforma de duas salas de aula e do refeitório do ginásio também estão entre os projetos. No espaço onde funcionavam a tesouraria, a secretaria e a contabilidade serão construídas quatro novas salas de aula. O núcleo administrativo foi transferido para o prédio novo na entrada do Madre Bárbara.

Além disso, direção aguarda a aprovação da congregação para reformar o bloco onde estudam alunos do 1º ao 7º ano. Esse projeto inclui ainda a instalação de uma capela térrea. “O objetivo é tornar o ambiente mais acolhedor para que os nossos alunos tenham uma sequência que lhes dê bastante prazer e alegria.”

Para a representante da mantenedora, irmã Anita Dal Piva, além de questão estrutural e da grade curricular, a escola tem o compromisso de transmitir aos alunos os valores cristãos. “Nós precisamos inculcar no coração deles a parte humana, e também a parte acadêmica, para que eles possam ser, lá fora, na sociedade, um sinal diferente.”

Para a religiosa, que atua no Madre Bárbara desde 2015, esses princípios fazem com que a o trabalho flua com sucesso na instituição. “Estamos procurando continuar na educação a pedagogia de Bárbara, de colocar a pessoa sempre em primeiro lugar, o diálogo, a busca pela verdade.”

Nessa terça-feira, 19, o Legislativo homenageou a escola, em sessão solene proposta pelo vereador Mozart Lopes. Para celebrar os 120 de fundação e o bicentenário do nascimento de Bárbara Maix, a escola realiza um jantar-baile neste sábado, na Società Italiana Tutti Fratelli.

Ex-alunos de 1997 conversam via Whatsapp. Em 2015 fizeram o primeiro encontro

Ex-alunos de 1997 conversam via Whatsapp. Em 2015 fizeram o primeiro encontro

Contato permanente

O que o colégio Madre Bárbara uniu, a tecnologia mantém. A ex-aluna e advogada Kátia Costa de Bairros Firolini participa de dois grupos de ex-alunos. O maior agrupa alunos do 1º ano do Ensino Médio de 1997. A comunidade foi criada no WhatsApp em 2015. E do canal digital surgiu a iniciativa de reunir os colegas.

Veio gente de Santa Catarina, de Minas Gerais e da região, e o primeiro encontro ocorreu naquele mesmo ano, em Estrela. “Foi bom porque, na verdade, mesmo quem mora em Lajeado, muitas vezes, só se dá ‘oi’ ou é só no Facebook. Ali, foi diferente. Tu consegue dar um abraço, perguntar como está. A gente pôde parar e dar atenção”.

Outro grupo que ela integra nove mulheres.“É um grupo de gurias mais chegadas. Uma vez por mês, a gente se encontra.”

As viagens realizadas na 8a série e no 3o ano, para o Rio de Janeiro e para a Bahia, respectivamente, estão entre as melhores lembranças da advogada. “Todo o semestre anterior era de muito movimento. A gente pensava ao lado de quem ia sentar na viagem, o que ia trazer de lembranças, os lanches que ia levar. Era muito legal.”

Do tempo em que as tartarugas ainda eram atração no pátio principal, a ex-aluna recorda da irmã Íris, que até hoje está na escola. “Ela era rígida porque eram muitas crianças para cuidar, mas era muito querida. É uma pessoa que me marcou muito.”

Kátia é mãe da pequena Lívia, que ingressou na Educação Infantil da escola no ano passado. “No Madre Bárbara eles têm uma visão para o ser, para o desenvolvimento humano da criança”, justifica.

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Professores envolvidos

Faz 20 anos que o Madre Bárbara é uma segunda casa da docente Rosana Piccinin, de 49 anos. Professora de Biologia dos 8o e 9o anos, também é mãe de dois alunos dos ensinos Fundamental e Médio. Assim, praticamente toda a família desenvolveu laços afetivos pela instituição. “Nunca me esqueço que, quando pequenos, eles me perguntavam: ‘mãe, tu ainda recebe para estar aqui?’”.

Quando pensa na situação em que a maioria dos professores se encontra, de acordo com as notícias diárias, Rosana valoriza ainda mais o emprego. “Parece que estamos em uma ilha, pela sensação de paz, de tranquilidade. Aqui tem muito o relacionamento pessoa-pessoa.”

Uma de suas alegrias é dar aula para filhos de ex-alunos, que já tocam a vida. Além disso, fez muitas amizades no ambiente de trabalho, com as quais se reúne quando possível. “Os professores saem daqui aposentados.”

Outra integrante do rol das veteranas é Mara Becker, que já dedica mais da metade da vida ao colégio. Trinta dos seus 50 anos são de experiência profissional e convivência com alunos, professores e funcionários da escola. Foi ali, também, que Mara concluiu o magistério. Ingressou no corpo docente em 1987, em uma época em que era comum o município ceder profissionais.

No ano seguinte, entrou de forma definitiva no grupo de educadores. Mãe de uma aluna do 8º ano e de um acadêmico de História, que também estudou no Madre, Mara não pensa em se aposentar tão cedo. “É uma vida que a gente constrói aqui, não tem como separar. Eu amo o que faço, não me vejo parada. No dia a dia, a gente se sente desafiada.”

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Lula: o responsável por deixar a casa em dia

E se os professores fazem a história, o empenho não é menor nos bastidores. Laudelino Castro da Silva, 61, é o responsável por manter em dia a manutenção do complexo. Conhecido como “Lula”, carrega do famoso político apenas a origem simples. O Lula de Lajeado inspira confiança e admiração, tanto dos colegas quanto das crianças desde 2010, quando começou na escola.

Enquanto caminha pelos corredores, é surpreendido com o abraço de alunos que querem cumprimentar o “tio Lula”. “As professoras até me perguntam que mel que eu tenho para as crianças gostarem tanto de mim.” E o carinho é recíproco. “Tenho uma filha de 29 anos que é deficiente e é o meu bebê. Então, me apego muito as crianças.”

A auxiliar administrativa Gemanir Fátima Dalmago, a “Gema”, 52, tem mais de 21 anos de casa. Ainda lembra da época em que uma Kombi e um Fusca ficavam no pátio, para a recreação infantil, da construção do ginásio, da substituição do assoalho de madeira e da mudança da portaria. Natural de Marau, foi morar com as tias freiras para estudar. Após se casar, veio para Lajeado, acompanhando o marido em uma transferência de trabalho.

Atuou durante cinco anos no comércio local antes que a irmã Maria Josefa, do Imaculado Coração de Maria, lhe convencesse a aceitar uma proposta na escola. Desde então, perdeu a conta de quantos viu chegarem criancinhas e hoje estarem ocupando lugares de destaque na comunidade ou no mercado profissional.

Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br

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