A paixão da corretora de imóveis de Lajeado, Neusa Koch, 38, é estar sobre o lombo do cavalo. Participa de rodeios e competições de tiro de laço. Tanto que já conquistou prêmio de laçadora. Mãe de duas filhas de 5 e 7 anos, diz que as tradições trazem sentimentos e valores.
• Como tudo começou?
Foi em agosto de 2016, quando aprendi a rebolear o laço e manter o equilíbrio no cavalo. Tive que ser persistente até não fechar o laço antes de chegar nas aspas. O cavalo precisa estar em harmonia, se afastar quando tu atiras o laço para armada cerrada.
• De onde veio essa vontade?
Eu tinha cavalo em casa e sempre me senti atraída por laçar. Achei que era capaz. Não queria ir a um rodeio para ficar sentada no acampamento. Tu tens que aprender que nem tudo depende de ti. É preciso foco, paciência, determinação e ter uma boa parceria com o cavalo. E também muito treino.
• O que aprendeu com o laço?
A relação que faço é que, assim como necessitamos conhecer nossos clientes e ter neles parceiros, é a mesma coisa no lombo do cavalo. E também assim entre os piquetes. Aprendi que o laço pode ser feito por qualquer um, não importa sexo nem idade. Quando.
A tradição ajuda a se aproximar de valores como liberdade, honestidade, honra e respeito. Quando se faz rodeio, é um incentivo para eu me aproximar da minha família. É um dos poucos momentos em que posso me conectar com minhas filhas. É quando fazemos algo em comum.
• As mulheres podem valorizar ainda mais a cultura do laço?
Não somos mais tão poucas mulheres laçando. Há muitas profissionais competentes. Há muitas competições em que podemos difundir a ideia. Temos que valorizar as que laçam. Fundamos um piquete que iniciou com cinco amigos e hoje já tem quase 50. Representamos a nossa entidade nos rodeios e somos retribuídos quando fizemos o nosso. Na competição, acho que a disputa é coisa boa, mas a parceria que isso proporciona é ainda mais.
• Como é ser mulher em um ambiente dominado por homens?
Poucas mulheres gostam de rodeio. Mas acho que mudou muito esse ambiente. Antes se ouvia muito sobre tiros, facadas, mas hoje está mais familiar e facilitou um pouco para presença feminina. Acho que a cultura gaúcha amadureceu muito nesse sentido. Ainda existem as piadas, é claro. Mas estamos em evolução. As mulheres já conquistaram este espaço. No último rodeio que fizemos, 49 prendas laçaram.
Anderson Lopes: andersonlopes@jornalahora.inf.br