Empresa não compra reputação, afirma consultora

Lajeado

Empresa não compra reputação, afirma consultora

Suzane Veloso aborda a construção da imagem das marcas no Fórum Estadual de Gestão e Empreendedorismo

Empresa não compra reputação, afirma consultora
Lajeado

Em uma sociedade que exige cada vez mais transparência nas relações empresariais, a reputação corporativa faz a diferença entre o sucesso e o fracasso dos negócios.

Jornalista e consultora, Suzane Veloso é especialista no tema e será uma das atrações do Fórum Estadual de Gestão e Empreendedorismo.

Suzane apresentará palestra sobre compliance, conceito cada vez mais em voga nas corporações. Conforme a jornalista, apesar de parecer complexo para a realidade das pequenas empresas, representa na verdade a correção com que a empresa realiza suas ações cotidianas.

Segundo ela, compliance vai além de apenas cumprir as leis. É, também, saber diferenciar o certo do errado e incrustar esses valores na cultura da empresa. “Quando cumpre esses requisitos, uma microempresa está, mesmo sem saber, em compliance, e cuidando da sua reputação.”

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Conforme Suzane, essa é a base mais sólida possível para um trabalho estruturado. Segundo ela, disseminar e preservar valores se torna fundamental diante do crescimento das organizações e do ingresso de novas pessoas no ambiente da empresa.

O Fórum Estadual de Gestão e Empreendedorismo ocorre no dia 27, no Teatro Univates. Além de Suzane Veloso, integram o evento o governador, José Ivo Sartori; o economista chefe do Sicredi, Alexandre Barbosa; o publicitário e diretor criativo da Morya, Fábio Bernardi; e o CEO da Wallmart.com, Paulo Sérgio Silva.

Conhecimento para crescer

O presidente da Sicredi Vale do Taquari, Adilson Metz, frisa a relevância dos assuntos abordados. O potencial de agregar conhecimento capaz de gerar o desenvolvimento regional motivou a cooperativa a patrocinar o fórum, diz.

“A Sicredi tem essa missão de ajudar a desenvolver a comunidade”, destaca. Segundo ele, o Vale do Taquari tem vantagens competitivas na economia em relação a outras regiões, devido às características da população, a uma cultura de inovação e uma logística privilegiada.

“Nossa economia já é muito diversificada e se soubermos aproveitar isso teremos um crescimento ainda maior”, ressalta. Para Metz, a qualificação permitirá que esse potencial seja ainda melhor explorado.

O Fórum Estadual de Gestão e Empreendedorismo é realizado pelo A Hora e Sincovat, em parceria com CRIE/Univates e apoio do Grupo Independente, Sebrae, Governo de Lajeado e CIC Vale do Taquari.

Entrevista

“Falar uma coisa e fazer outra está entre o que há de pior para a reputação”

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A Hora – O que é compliance e como pode-se entender e aplicar esse conceito?

Suzane Veloso – Ainda que o termo em inglês seja relativamente novo, agir conforme as leis e regulamentos deveria estar, desde sempre, no coração de qualquer empresa. Para tal, é preciso haver clareza e conhecimento de quais sejam esses regulamentos. Compliance deve estar imbuída em todos os procedimentos da empresa. Além da óbvia obediência à lei, as regras internas e externas que regem determinada empresa e seu mercado devem ser aplicadas. Nesse sentido, a comunicação não deve ser genérica, cheia apenas de conceitos abstratos. Deve trazer exemplos concretos sobre como proceder em situações que facilmente podem surgir no cotidiano. Como, por exemplo, quando o fornecedor convida e quer pagar a conta do almoço no melhor restaurante da cidade. A questão de compliance não está só no universo jurídico, mas no comportamental, na cultura de uma companhia e na ética que rege todas as suas relações.

É possível estabelecer estratégias para melhorar a reputação ou ampliar a percepção do público em relação à forma de atuar de uma empresa?

Suzane – Reputação não se encomenda, não se compra, não surge da noite para o dia. É o fruto da avaliação que os outros fazem, de suas ações e comportamentos. Não é feita por um fato isolado, mas sim cumulativos, que reforçam e confirmam a avaliação inicial, em uma linha consistente. O que a empresa pode fazer é contar a sua história, contínua, mantendo abertos os canais de diálogo com seus diferentes públicos. Não existe saldo médio nessa conta. Ela tem de ser sempre cuidada e alimentada.

Como a internet e as novas tecnologias de interação interferem na reputação de uma marca?

Suzane – A revolução tecnológica imprimiu mais velocidade e transparência a tudo. Comentários circulam em uma geografia maior e maior. O passar do tempo não mais significa esquecimento, pois basta uma simples pesquisa para trazer ao presente, em segundos, o que aconteceu semana passada, mês passado, há dez anos. Não só o que aconteceu, mas como os envolvidos lidaram com aquela situação. A responsabilidade pelo que se fala e pelo que se faz nunca foi tão clara, com consequências que surgem tão abrangente e rapidamente quanto agora.

Nesse sentido, quais atitudes empresarias contribuem para a valorização e quais atrapalham?

Suzane – As pessoas falam de proteger o verde, mas desperdiçam quase tudo, o tempo todo. Falam em respeito e liberdade, mas atacam no Facebook o primeiro amigo que tem posições contrárias. Colocam fotos de cada momento do seu dia nas redes sociais, mas se o aplauso esperado vira crítica, clamam por privacidade. Enquanto algumas pessoas já planejam a colonização de Marte, neste mesmo pequeno planeta, outros vivem por códigos medievais ou passam fome. Assim, uma empresa tem, antes de tudo, que conhecer seus diversos públicos, consumidores, funcionários, parceiros comerciais, acionistas, e saber o que é relevante para eles.

Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br

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