A fragilidade resultou em intimidação

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

A fragilidade resultou em intimidação

O corte de nove árvores na emblemática av. Acvat, em Lajeado, causa alvoroço. Nada semelhante ao silêncio diante de milhares derrubadas ano a ano por loteadoras, empresas públicas e, vejam só, contribuintes e moradores. É uma problemática universal, em que a maioria é, ao mesmo tempo, culpada e vítima.
Ao Executivo lajeadense, porém, a fragilidade diante das críticas trouxe o pior cenário possível: a velha e grosseira intimidação. A falta de um plano de arborização é latente, todos sabem. E as reações, por vezes, são exacerbadas. Vem sendo assim nos últimos anos e, provavelmente será assim para sempre. Nos solidarizamos facilmente com as causas ligadas à natureza. E no momento de defendê-las muitos acabam perdendo a razão.
Mesmo sabendo que, em algum lugar da história, também tenhamos cometidos “crimes ambientais” contra árvores à beira-mar ou às margens de rios ou mesmo em outros pontos de interesse privado. Quem nunca foi beneficiado pelo corte de uma árvore? Quem?
Não foi diferente no caso da av. Acvat. Na semana passada, o governo municipal iniciou um trabalho de “revitalização” dos canteiros da avenida. O corte das árvores em um local tão emblemático – e tão visto – não poderia gerar manifestações que não fossem aquelas verificadas, principalmente, nas redes sociais. Poucos, pouquíssimos defenderam as supressões.
E as críticas via rede social, como de costume, passaram dos limites. Nada de novo no front. Afinal, a segurança garantida – em tese – pela distância virtual entre quem reclama e quem é ofendido parece ser uma arma nas mãos de diversos internautas. A novidade, no caso da av. Acvat, foi a debilidade do governo municipal diante das já aguardadas críticas.
O Executivo protagonizou um verdadeiro chilique virtual – e físico. Canalizou a raiva em apenas um entre os milhares de comentários sobre as desfalecidas nove árvores da av. Acvat. A contribuinte disse, em meio ao sentimento de injustiça perante a derrubada da “mãe natureza”, que “a Secretaria do Meio Ambiente virou balcão de negócios”, pois “é só largar dinheiro que corta o que quiser.”
E eu pergunto ao nobre leitor: Alguém perderia tempo ou se preocuparia demasiadamente com esse simples comentário em uma rede social? Respondo por mim: Não. Claro que não.
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Primeiro porque, de fato, é possível pagar à prefeitura por serviços de cortes de árvores. Ou seja, a contribuinte não trouxe qualquer novidade. E segundo porque o comentário não foi escrito em uma página da Secretaria do Meio Ambiente ou da prefeitura, e tampouco no perfil do secretário, prefeito ou qualquer outro que, por ventura, tenha se sentido ofendido. Ela sequer citou pessoas. Talvez nem conheça os verdadeiros responsáveis pelos cortes.
Mas enfim. Eu sou eu e o governo de Lajeado é o governo de Lajeado. E a reação da administração municipal foi a mais imatura possível: um Boletim de Ocorrência (BO) contra a contribuinte, em uma clara manobra para intimidar quem ousa criticar – mesmo de forma insipiente – o trabalho dos servidores da atual gestão. Nada, nada justifica a barbeiragem do Executivo.
O governo demonstra uma fragilidade constrangedora ao se deixar abater tanto por uma crítica postada em uma página de Facebook mantida por um anônimo. O absurdo iniciou com o registro de um BO e ficou mais ridículo quando o ouvidor da prefeitura respondeu o comentário no próprio link da rede social. “Certamente você será chamada para ajudar na investigação, apresentando as provas de corrupção dos funcionários da Sema”. Quanto amadorismo!
A resposta do Executivo tinha no contexto uma falsa tentativa de mostrar que a administração está apenas ouvindo a “voz do povo”. Mas, por favor, não somos tão inocentes quanto o próprio governo se apresentou nessa jogada. Foi uma intimidação clara. Desnecessária. E temerária – judicialmente falando – quando quem intimida é o poder público.
Por mais que falsas denúncias nunca se justifiquem – o que parece não ser o caso da postagem em questão –, a reação dos agentes públicos denota fraqueza. Quem deveria ser maduro nessa muvuca toda pecou. E o pecado, por vezes, é irreversível.


Acabem com a outorga do rotativo!

O rotativo de Lajeado já nasceu fadado ao fracasso quando a ganância tomou conta dos agentes públicos. Além de assumir a própria incapacidade de gerar o sistema do rotativo, o governo municipal optou, em 2014, por extorquir a empresa com a cobrança da obscena outorga de 17,8%. Uma catástrofe anunciada diante de uma ferramenta historicamente vítima da inadimplência dos turrões lajeadenses e dos embaraçados vereadores.


Havan em Lajeado ou em Estrela?

Em 30 de março, antecipei o início das reuniões entre agentes públicos e empresários lajeadenses com o dono das Lojas de Departamentos Havan, Luciano Hang, sob intermédio do consultor de empresas, André Arnt. As tratativas avançaram e chamaram a atenção de municípios vizinhos e lindeiros à BR-386. Estrela surge como possível destino da rede que tem 93 lojas em 74 cidades de 14 estados. A intenção é de se instalar no sentido interior-capital da rodovia federal.


A piada do 13º salário dos vereadores de Estrela II

Na semana passada, anunciei sobre a futura manobra de diversos vereadores estrelenses para, ao fim de 2017, embolsarem mais de R$ 6,5 mil cada um com um vexatório 13º salário. Às surdinas, eles armam esse “assalto” contra o bolso de cada contribuinte. Algo semelhante ao que os parlamentares de Lajeado vêm fazendo com o dinheiro dos lajeadenses. Uma indecência.
Após a divulgação dos fatos, parece que alguns vereadores de Estrela estão pensando melhor sobre essa desavergonhada articulação. Tomara. Voltar atrás e repensar certos absurdos não é demérito. E, se alguns voltarem atrás, sugiro que tentem convencer alguns ex-parlamentares da legislatura anterior – que já estão tentando receber o benefício de forma retroativa – a fazer o mesmo.


Tiro curto

– No dia 1º de setembro, o vereador Luciano Moresco (PT) deixa o cargo de secretário da Fazenda de Encantado e retorna para câmara. Quem assume seu lugar na prefeitura é Adroaldo Dacroce, fiscal tributário concursado e ex-prefeito de Relvado;
– O deputado Enio Bacci (PDT) pede informações à Brigada Militar e ao Ministério Público Estadual sobre os coletes à prova de bala. Segundo informações do parlamentar, a partir de setembro, a maioria dos coletes da polícia gaúcha estará vencida;
– Na terça-feira à noite, no bairro Centenário, agentes de trânsito de Lajeado flagraram um menor de 15 anos dirigindo uma moto com documentos vencidos desde 2011. O jovem teria pago R$ 300 pela motocicleta;
– Em Cruzeiro do Sul, a empresa de comunicação que recebia R$ 6,1 mil passou a receber R$ 7,9 mil mensais para divulgar as ações do prefeito;
– O contrato das obras de pavimentação pelo PAC, em Lajeado, é alvo de denúncia por parte do Ministério Público Federal (MPF). Faz poucas semanas, foi assinado o nono termo aditivo, “referente a alterações no projeto de sinalização das av. Alberto Pasqualini e Benjamin Constant”, aumentando em R$ 105,7 mil o acordo;
– Na Univates, dos 1.913 alunos que precisam aditar o seu financiamento em 2017B, 52% já finalizaram todo o processo, 36% estão em andamento e 12% ainda estão pendentes. O prazo vai até 31 de outubro;
– Funcionários do setor de alimentação estão insatisfeitos com a necessidade de pagar mensalidades ao sindicato, em Lajeado. Na terça-feira da semana passada, houve forte discussão entre trabalhadores que exigiam o fim do pagamento e o presidente da entidade;
– Prefeito de Fazenda Vilanova, José Cenci (PP), comemora a confirmação de uma emenda de R$ 100 mil, indicada pelo deputado federal José Otávio Germano. O parlamentar, é sempre bom lembrar, votou a favor do arquivamento da denúncia contra Michel Temer. Boa quinta-feira a todos!

Vive de tal maneira que não faças nada que não possas dizer aos teus inimigos
Sêneca

 

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