A auxiliar administrativa Caroline Scariot, 20, participa do movimento tradicionalista desde a infância. Neste ano, foi eleita segunda prenda do RS, como representante do CTG Tropilha Farrapa, de Lajeado.
• Qual o papel que a mulher deve desempenhar hoje para o avanço e permanência do tradicionalismo?
Para que haja uma manutenção e permanência do tradicionalismo, a mulher precisa assumir liderança no Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), pois desta forma conseguiremos expressar nossas ideias e mostrar nossa força e determinação. É necessário que haja equidade entre os gêneros, a fim de que homens e mulheres possam trabalhar juntos.
• O tradicionalismo gaúcho, por vezes, é visto como machista. Qual a sua percepção sobre isso?
Esta é uma visão equivocada daqueles que não participam efetivamente do movimento. No passado, houve um tempo em que a mulher deveria servir ao homem, porém, isso não era exclusividade do RS, mas sim de toda sociedade. Hoje, o tradicionalismo, assim como outros movimentos, busca cada vez mais incluir a mulher. O gaúcho chama sua mulher de “prenda”, que significa “dádiva, presente”, por considerá-la preciosa, entende que tão valioso regalo merece seu espaço e valorização.
• De que forma trabalha as questões de gênero?
O fato de ser uma representante da mulher no MTG faz com que eu, e as demais prendas do RS, tenhamos vez e voz dentro da nossa sociedade tradicionalista. Por isso, desde o começo, buscamos aproveitar este espaço, mostrando por meio de projetos e ações nossas ideias e visão, bem como nossa força e determinação para trabalhar junto aos peões e à diretoria do MTG.
Dentro do tradicionalismo, muitos projetos são feitos visando à conscientização quanto aos problemas de gênero. No dia 10 de agosto, o presidente do movimento e o prendado estadual assinaram um termo de adesão à campanha da ONU He for She (Eles por Elas), afirmando assim o nosso compromisso em prezar pela equidade de gêneros.
• No mundo globalizado, qual a relevância de manter tradições e valorizar as raízes?
“O povo que não conhece sua história, a sua origem e a sua cultura é como uma árvore sem raízes”, escreveu Marcus Garvey. Manter nossas tradições significa construir o futuro, sem esquecer princípios e valores e, dessa forma, conseguir manter em nossa sociedade filosofias positivas de vida, sem permitir que nossas crianças, que representam nosso futuro, não se percam em caminhos errados e impróprios. Somente sabendo de onde viemos é que poderemos saber para onde vamos e onde queremos chegar.
Carolina Chaves da Silva: carolina@jornalahora.inf.br