Voluntária fala sobre atendimento pós-Kiss

Encantado

Voluntária fala sobre atendimento pós-Kiss

Psicóloga Luana Fontanella atuou no amparo às famílias das vítimas do incêndio em Santa Maria

Voluntária fala sobre atendimento pós-Kiss
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O 1º Fórum Regional de Enfermagem dos Vales trouxe para o município profissionais da área para abordarem assuntos relacionados ao aperfeiçoamento profissional e segurança na prestação de serviços da saúde. A programação ocorreu ontem à tarde no Clube Comercial e reuniu cerca de 80 profissionais da área da saúde de 12 cidades gaúchas.

A primeira palestrante do evento foi a psicóloga especialista em Psicologia da Saúde e em Psicologia Hospitalar, Luana Gasparetto Fontanella. Ela contou a experiência com a psicóloga voluntária no atendimento aos familiares, sobreviventes e trabalhadores envolvidos no Incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria. Desde 2008, Luana atua como psicóloga clínica na Fundação Hospitalar Santa Terezinha em Erechim.

Luana também enaltece a importância do cuidado aos pacientes, doação de órgãos, sobre a morte e como os profissionais podem ajudar os familiares a lidar com isso. “Como profissionais da saúde, temos que olhar as pessoas como são, além das doenças que elas têm”, destaca.

Dorli Diehl, COORDENADORA DE ENFERMAGEM

Dorli Diehl, COORDENADORA DE ENFERMAGEM

Para a coordenadora de Enfermagem do Hospital Beneficente Santa Terezinha (HBST) e do curso técnico em Enfermagem da Lumecep, Dorli Diehl, o fórum foi pensado para tratar de temas do cotidiano e qualificar os profissionais. “Os temas foram pensados nas atividades diárias de forma a dar uma parada para reflexão e também como espaço para educação. Enfermagem é cuidar com sentimento e técnica”, salienta.

Além de enfermeiros, outros profissionais participaram da programação. É o caso da farmacêutica de Encantado, Bruna Beiruth Floriano, 27. Para ela, a motivação em participar do fórum foi em função do conteúdo. “Vim participar por ser um evento diferenciado e também pela palestra sobre protocolos de segurança, pois o assunto gira em torno de todo o trabalho realizado pelos profissionais da área e colabora com a qualificação na região”, menciona.

Assuntos discutidos

Além da palestra sobre protocolos de segurança do paciente e o relato de experiência da psicóloga, temas como farmacovigilância, cirurgia segura e participação do enfermeiro na classificação de risco foram debatidos. Outro assunto abordado foi “O desafio de ser e de fazer o melhor”,ministrado pela professora titular da Escola de Enfermagem da USP, Maria Julia Paes da Silva. Além disso, foi debatida a resolução Anvisa feita pelo Ministério da Saúde em 2013, que instituiu para os serviços de saúde tanto público como privado a criação de Núcleos de Segurança do Paciente.

O fórum foi promovido da Lume Centro de Educação Profissional, com a parceria técnica do HBST de Encantado. Teve o patrocínio do Plano de Saúde São Camilo, o apoio institucional do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RS) e do Sindicato dos Hospitais Beneficentes e Religiosos e Filantrópicos do Vale.

Entrevista

“A minha primeira impressão foi de uma zona de guerra”

A psicóloga é formada pela Universidade Regional Integrada. Atua desde 2008 como psicóloga clínica na Fundação Hospitalar Santa Terezinha de Erechim.

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O que lhe motivou a auxiliar na tragédia da Boate Kiss?

Acredito que foi uma motivação pessoal e profissional, pois no momento em que o pessoal solicitou ajuda de profissionais eu estava de férias, e pela minha vivência e experiência no hospital pensei que poderia ser útil e poderia ajudar as pessoas que estavam precisando. Minha família teve papel importante e alguns amigos e colegas que auxiliaram e me motivaram a ir.

Em que dia você chegou a Santa Maria e qual foi a primeira impressão?

Cheguei no domingo à noite, dia em que aconteceu o incêndio. Estava eu e mais três colegas de Erechim. Chegando ao local, havia muita gente, parecia um campo de concentração, havia Exército, muitos policiais e pessoas. Ao entrar, um militar do Exército nos levou até uma mesa onde realizamos um cadastro, recebemos luvas e máscaras, e fomos direcionadas para onde havia um grupo de psicólogos. A minha primeira impressão foi de uma zona de guerra mesmo. No ginásio já aconteciam os velórios coletivos, havia muita gente, imprensa, pessoas auxiliando, entregando comida e café, e prestando assistência a quem passava mal. Passamos um período da madrugada ali auxiliando durante os velórios.

Que atividades você desenvolveu no local, com quem e em que período?

No primeiro dia, na noite e na madrugada, atendi no ginásio, nos velórios coletivos. No segundo dia, nos dividimos em equipes, eu fiquei nos velórios e nos cemitérios onde ocorreram os enterros. No terceiro dia, atendi em um dos hospitais onde havia sobreviventes internados, familiares, bombeiros e profissionais que trabalharam no resgate às vítimas. Ali vi um trabalho em equipe funcionar muito bem, pessoas que não se conheciam, em situações de extremo estresse e pressão, conseguiam interagir e se auxiliar. Até hoje tenho contato com as famílias, um vínculo maior do que só o profissional.

O que mais chocou?

Os relatos dos bombeiros e socorristas que trabalharam no resgate e no reconhecimento dos corpos eram bem fortes, mas percebíamos que não era só a tragédia que a mídia mostrava, tinha muito mais coisas boas e positivas, muita ajuda, voluntariado, pessoas se doando pela causa. Muitas pessoas ofereciam carona, lugar para dormir, faziam lanches e entregavam para quem estava trabalhando. Não gosto de falar em tragédia, e sim em solidariedade em Santa Maria.

 

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