Iniciado faz quatro anos, o programa de férias das creches municipais foi encerrado pela administração municipal. A decisão foi anunciada ontem, sob alegação de baixa adesão de crianças, o que, segundo a administração, resultaria em desperdício de dinheiro público.
De acordo com a secretária de Educação, Vera Plein, a decisão foi tomada no fim de julho, após análise dos números das quatro creches que integraram o programa neste ano. Segundo ela, apesar de 417 crianças estarem inscritas, apenas 42% dos turnos de atendimento foram utilizados.
“Ao todo, 96 alunos inscritos não compareceram em nenhum dia”, ressalta. Conforme Vera, o atendimento nas férias ainda prejudica o restante do ano letivo. De acordo com a secretária, os 126 profissionais incluídos no programa precisam tirar férias durante o calendário das turmas regulares.
Além disso, aponta, no mês de janeiro, também ocorre o trabalho de limpeza, desinsetização, desratização e pequenas reformas das escolas. “As aulas nesse período prejudicam essas tarefas, que são importantes para o restante do ano.”
A secretária diz ainda que o atendimento durante os 12 meses do ano faz com que a escola deixe de cumprir a função de promover a convivência das crianças com as famílias.
O programa de férias oferecia o atendimento a crianças de até 5 anos em quatro creches municipais durante o mês de janeiro. Durante o período, as escolas integrantes do programa reuniam alunos conforme as microrregiões onde estavam matriculados.
Opiniões divididas
O carteiro Rafael Plein, 31, critica a decisão de cancelar o serviço. Pai de uma menina, ressalta a dificuldade dos profissionais em conciliar as férias com o período de recesso das creches. “Muitos não têm com quem deixar os filhos.”
Segundo ele, o programa dava tranquilidade aos pais pela garantia de deixar as crianças em um local seguro e com bons cuidados, sem custos extras. “No meu caso, se não tivesse esse programa, teria que pagar alguém para ficar com minha filha, provavelmente uma pessoa desconhecida.”
Com o fim do programa, a auxiliar de produção, Graziela Cassal, 36, já começa a planejar com quem deixará o filho em janeiro. Segundo ela, o atendimento nas férias tem boa qualidade, mas alguns pais se inscrevem e não utilizam o serviço.
“Como a empresa que eu trabalho oferece auxílio-creche em caso de necessidade, não será um grande problema”, aponta. A secretaria de Educação diz reconhecer a importância do programa para as famílias. Mesmo assim, reitera que a decisão ocorre a partir de uma perspectiva de gestão e desperdício de recursos.
Entrevista
“ A escola precisa ter o seu período de limpeza e conservação”
Como foi tomada a decisão de encerrar o programa de férias?
Vera Plein – Nós reavaliamos todo o programa de férias no mês de janeiro. Avaliamos o que estava acontecendo, montamos uma comissão de diretores das Emeis para fazer esse reestudo. A partir disso, encaminhamos para o Conselho Municipal de Educação, onde foi tomada a decisão de encerrar o programa já para 2018.
Qual foi o custo do atendimento em janeiro deste ano?
Vera – O custo aproximado é de cerca de R$ 30 mil, e não inclui recursos humanos. Isso se refere à alimentação, água, luz, telefone e material de limpeza. Isso para poucas crianças. Tínhamos 417 inscritas e apenas 49 frequentaram o programa nos 22 dias de atendimento. Disponibilizamos 126 profissionais entre os turnos da manhã e tarde.
Existe um planejamento para as escolas nesse mês que ficará ocioso?
Vera – A escola precisa ter o seu período de limpeza e conservação. Não consigo fazer isso com os professores no local. Além de ter esses recursos humanos em trabalho nesses 22 dias úteis, ainda atraso todo o processo de novas matrículas, que no ano que vem começa em fevereiro. Este ano, nós ficamos atendendo novas matrículas até maio, porque esses professores têm direito a férias, assim como os diretores que trabalharam nesse período. Isso prejudica o atendimento durante o ano.
A intenção é fazer férias coletivas em 2018?
Vera – O programa foi realizado por quatro anos. Antes desse período, não existia atendimento em janeiro e os profissionais entravam em férias coletivas. A intenção é fazer desta forma, com todos os professores de férias em janeiro e com todo o quadro disponível em fevereiro.
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br