Me belisquem. Eu quero acordar

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor editorial e de produtos

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Me belisquem. Eu quero acordar

Era só que o que faltava. Sem dizer a que veio até aqui, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) prevê aumentar as tarifas de pedágio de R$ 5,20 para R$ 9,41. A notícia é um tapa na cara dos gaúchos, cansados e incomodados com as cargas tributárias que não param de crescer, tendo em contrapartida um serviço público cada vez mais capenga.
Em vez de elevar a tarifa, que acabe com o pedágio nas ERSs. Primeiro, porque já pagamos IPVA e outras taxas específicas para ter rodovias em condições adequadas de trafegabilidade. Segundo, porque a EGR é um cabide de empregos, arrecada milhões por mês e não reverte em obras substanciais.
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Vejamos o caso aqui do Vale. Desde 2013, quando assumiu as praças de Encantado e Cruzeiro do Sul e Boa Vista do Sul, dá para contar nos dedos as obras realizadas: recapeamento, construção de um trevo em Westfália, melhorias no trevo da Boa União, construção de um trevo em Encantado… e só. É insignificante diante do volume arrecadado em quatro anos.
O blá-blá-blá da direção da EGR não convence. Falar em defasagem de mais de 80% nos preços poderia – e olhe lá – ser coerente se as obras e o desempenho nestes quatro anos fossem à altura das promessas feitas à época. O que se vê nas rodovias gaúchas são pistas mal conservadas, acostamentos precários e sinalização ruim. Para entregar esse serviço querem aumentar o preço do pedágio?
Mais uma vez, o governo estadual, travestido de EGR, quer enfiar a mão no bolso do contribuinte e fazê-lo pagar pela incompetência e ineficiência da gestão pública. Nossos governantes parecem estar em outro planeta. Ignoram o drama social e econômico decorrente da crise e falam em duplicar preço de pedágio como se fosse algo pacífico, natural e coerente. Só pode ser ilusão. Me belisquem. Eu quero acordar.


O Simplifica simplificou

Os números apresentados pelo prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, ontem à tarde, traduzem a eficiência do Programa Simplifica Lajeado, lançado há cerca de dois meses. Antes dele, mais de 70% das empresas demoravam 15 dias ou mais para serem abertas. Com o Simplifica, o prazo reduziu para 24 horas. O programa atende reivindicação antiga das classes empresariais, que reclamavam do excesso de burocracia e morosidade. O projeto foi elaborado em conjunto com o Sincovat.


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História em ruínas

Preservar o patrimônio histórico e cultural não integra a lista de prioridades de Lajeado. Uma pena. O maior símbolo erguido à beira do Rio Taquari, em 1922, agoniza. Falta pouco para desabar por completo. A casa que abrigou o ex-prefeito Bruno Born, na rua Osvaldo Aranha, retrata o desleixo público. Entra e sai governo, e nada. Os projetos apresentados travam na retórica. O atual secretário da Cultura, Esporte e Lazer, Carlos Reckzigel, fala em medidas paliativas e descarta algo substancial.
A reportagem – mais uma de tantas feitas nos últimos anos – do colega Rodrigo Martini, publicada ontem, é mais um alerta. Ao menos, deveria ser. Além de abrigar dependentes químicos em estado de degradação – outro problema de saúde pública – as paredes ameaçam cair sobre a creche ao lado, a Risque e Rabisque. O alerta não é do repórter. É do coordenador da Seosp, Adi Cerutti. Pasmem! Mexam-se. Ou esperam por um acidente, morte?

Casa histórica cai aos poucos e projetos de restauro morrem na retórica

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Há poucos anos, o destino parecia ter outro rumo. Após um incêndio destruir parcialmente o prédio, em 2013, o município se adonou do imóvel. A matrícula em nome do governo foi averbada em dezembro de 2015, após negociações entre iniciativa pública e privada. Projetou-se, entre outras coisas, reconstruir o prédio preservando as características originais. Implantar restaurante, museu, espaço para exposições e até transferir a sede do Departamento de Trânsito para a casa foi cogitado. Sabe o que aconteceu disso tudo? Nada.
Lajeado, ao contrário de tantas cidades do país e do mundo, insiste em dar as costas à própria história. Enquanto muitos municípios transformam as áreas dos centros históricos em espaços de visitação turística, de exploração e pesquisa escolar, Lajeado ignora. A arruinação da casa de Bruno Born é um melancólico exemplo. Sobrará pouco para mostrar aos nossos filhos.


No colo dos municípios

O drama em torno do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no Vale do Taquari está de volta. Mais uma vez, a permanência do serviço depende do aporte financeiro dos municípios diante da omissão do governo estadual. Desde 2014, o Piratini atrasa os pagamentos aos municípios, que, por consequência, cobrem a diferença. Pelo visto, a situação chegou ao limite. O assunto será tema central do encontro dos prefeitos, amanhã, em Estrela, na sede da Amvat.

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