Michel Temer se salvou. Usou todas as armas que tinha em mãos, as quais maneja com destreza, e liquidou a parada. Impediu que fosse para a análise do Supremo Tribunal a denúncia de corrupção passiva que pesa contra ele, apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR). Foram 263 deputados favoráveis ao presidente e 227 contra. Era necessário o voto de 342 deputados para que a denúncia seguisse para o Supremo.
Temer resistiu, mas não deveria, como já defendido pelo A Hora desde que as graves denúncias foram apresentadas pelo procurador da República, Rodrigo Janot. As questões éticas deveriam ser soberanas e prevalecer sobre quaisquer outros aspectos. A democracia e a república saem manchadas e os deputados, em sua maioria, mais uma vez, deixaram claro estar a serviço de interesses individualistas e políticos, ignorando o maciço interesse dos brasileiros.
[bloco 1]
A sociedade esperava o avanço da denúncia. Queriam, por óbvio, ver a lei aplicada independentemente de pessoas, ideologias e partidos. No caso de Temer, reforçou-se a tese de que o peso e as medidas mudam conforme os indivíduos em questão.
O atual presidente da República foi o primeiro da história a ser denunciado por crime de corrupção durante o exercício do mandato. Pelo menos, mais uma deve ser apresentada nos próximos meses, como já antecipado pelos procuradores.
Mais do que contrariar a opinião pública, a salvação de Temer custou caro ao país. A falta de mobilização popular foi outro fato que prevaleceu sobre a decisão dos deputados, que votaram a favor de Temer sem nenhum tipo de pressão. Se entre 2013 e 2016, tornou-se rotina as ruas do país serem tomadas por milhares de pessoas protestando pelos mais diversos motivos, a votação da denúncia contra Temer se deu com ruas e o pátio do Congresso vazios.
Temer fica, ainda que sua popularidade não seja maior do que 5%. Ao povo, resta nova prova de que o invólucro jurídico é mais fraco do que o espúrio sistema político do país. Infelizmente e mais uma vez, contemplou quem soube fazer do cargo público um balcão de negociatas, distribuiu cargos, abriu os cofres a demandas duvidosas e entregou um mar de emendas parlamentares para as bases políticas de deputados.
Editorial
Temer ganha. Brasil perde
Michel Temer se salvou. Usou todas as armas que tinha em mãos, as quais maneja com destreza, e liquidou a parada. Impediu que fosse para a análise do Supremo Tribunal a denúncia de corrupção passiva que pesa contra ele, apresentada…