Tecnologia interfere no trabalho e substitui serviços de chaveiro

Profissão em decadência

Tecnologia interfere no trabalho e substitui serviços de chaveiro

Em cidades como Teutônia, o chaveiro é uma personalidade que mantém a tradição.

Tecnologia interfere no trabalho e substitui serviços de chaveiro

As chaves surgiram no Egito, há quatro mil anos. Eram grandes e levadas nas costas, vistas como símbolo de status. A popularização veio com a Revolução Industrial, no século 18, sendo produzida em massa para todas a população.

Hoje novas tecnologias substituem a tradicional chave por controles que liberam acesso à porta de carros e casas. A inovação garante o acompanhamento por monitoramento das residências e automóveis.

Telmo Moisés da Silva Schossler, 60, teve 22 profissões antes de abrir um negócio próprio, há seis anos, como chaveiro. Chegou a servir na Força Aérea Brasileira e aprendeu noções de mecânica. Depois, fez cursos pelo Senai, Senac, Senar e até mesmo na Fiergs.

Quando o trabalhador de várias áreas decidiu atuar no campo, fazia a manutenção do próprio trator. “E assim é minha vida. Prefiro fazer eu mesmo as coisas.” Há seis anos, Schossler fez um curso de chaveiro em São Paulo e outro em Porto Alegre para começar um novo ramo.

Hoje é registrado como Micro Empresário Individual (MEI) e leva consigo uma oficina ambulante. Dentro do Celta, tem os equipamentos necessários para atender o público na hora. “Muita gente estaciona e espera alguns minutos dentro do carro.”

conexão_04

O movimento é frequente. É um dos quatro chaveiros registrados na cidade e se tornou conhecido. Fica estacionado em frente à praça da matriz, na rua Carlos Arnt, no bairro Canabarro. Além de cópias de chaves, Schossler afia tesouras e facas e conserta controles remotos. “Faço chaves tetras, yales e uma linha automotiva.”

De acordo com a contadora Graziele Eidelwein da Silva, 31, há poucos chaveiros na cidade. Toda vez que precisa de um, é mais fácil encontrar na praça. “Tem poucas opções na cidade. Com ele é rápido o serviço.”

Tecnologia substitui chaves

O empresário Alexandre Luís Gerhardt, 47, apostou na inovação tecnológica. A empresa de Teutônia oferece a gestão de segurança do imóvel a distância. Controles remotos e monitoramentos por meio de aplicativos são as chaves virtuais. “Tudo depende do que o cliente vai instalar. Há quem opte por um pacote mais básico.”

Afirma que a busca por segurança ampliou a procura pelos serviços. Querem o gerenciamento de rotina das famílias. Estão substituindo os guardas e porteiros por portarias virtuais em empresas e condomínios. Não precisa mais de chave, nem controle, basta o aplicativo no celular.

“Cada vez mais, as empresas aumentam a proteção, porque o todo o ser humano é passível de faltas. Preferem um sistema mais integrado, com segurança real. “

Na opinião dele, a profissão de chaveiro não desaparecerá, mas a tendência é de diminuir a procura, pois o público ficará dividido.

Schossler atende na rua e em domicílio. Entre as mais de 20 profissões que teve, diz estar gostando do contato com o público

Schossler atende na rua e em domicílio. Entre as mais de 20 profissões que teve, diz estar gostando do contato com o público

Tradição será mantida

Para o chaveiro Renato Saviano, 34, no ramo faz 20 anos, a profissão não acabará. Afirma que o serviço reduziu, mas por uma questão financeira. “É geral, em todos os trabalhos. Só chamam se precisam muito. Mas como uma porta interna de casa quebrada não é emergencial, então deixam assim mesmo.”

Saviano presenciou ao longo dos anos cenas curiosas e por vezes desconcertantes. Uma vez foi chamado para abrir um apartamento, mas ao chegar no local se deparou com o ex-companheiro dela tomando banho. “O cara ficou bravo, mas entendi depois que se tratava de uma briga de casal.”

Para ele, até agora, só quem tem maior poder aquisitivo tem um novo sistema. No carro Mégane, por exemplo, se estraga o cartão magnético que abre a porta, tem uma chave como segunda opção.

Diante da nova realidade, comprou uma máquina para construir e consertar tags de controles dos novos dispositivos.

Anderson Lopes: anderson@jornalahora.inf.br

Acompanhe
nossas
redes sociais