A quinta-feira foi tumultuada nas agências da Caixa Econômica Federal (CEF). Aniversariantes de julho formaram filas para sacar o abono salarial do PIS. Este foi o primeiro dia de liberação do benefício, referente ao calendário 2017/18, ano-base 2016.
A moradora do bairro Santo Antônio, Aline Antunes dos Santos, 20, aproveitou as primeiras horas de funcionamento das agências para retirar o abono do marido. Com o Cartão Cidadão, saiu do banco com um salário mínimo. Valor máximo pago pelo benefício, que varia entre R$ 79 e R$ 937, de acordo com o tempo de trabalho durante o ano de 2016.
Dinheiro importante para a família, que pagará contas em lojas, onde adquiriu produtos para ela e os filhos, de 1 e 4 anos. “Não sabíamos que conseguiríamos sacar tão rápido. Veio em ótima hora”, afirma. Ela, dona de casa, e ele, carregador de aves, estavam esperando o valor extra e, em tempo de crise, não pretendem fazer mais dívida. “Vamos pagar o que tem e guardar”, garante.
O comportamento de Aline reflete o da maioria, aponta a economista Fernanda Sindelar. Ela acredita que a maior parte dos 24 milhões de trabalhadores que têm direito ao abono usará o valor para quitar contas em atraso. Isso porque os trabalhadores com direito ao PIS recebem até dois salários mínimos, o que é considerado baixa-renda, e se enquadra no perfil dos inadimplentes brasileiros.
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Fernanda não vê nisso um problema, mas uma solução. Tanto para quem deve quanto para quem precisa receber. Somente nesta primeira etapa R$ 1,4 bilhão devem ser injetados na economia por meio do abono. Até o fim do pagamento, em junho de 2018, o valor chegará a R$ 16,9 bilhões, repassados a 24 milhões de pessoas.
“Esse dinheiro retorna para o giro. Muitas empresas que não receberam podem ter deixado de investir, de comprar, e agora terão melhores condições”, comenta. Ainda mais neste momento difícil que a economia nacional enfrenta. “Por mais que o governo fale em recuperação, ela é lenta e pouco sentida no dia dia”, afirma.
Agora, com o aumento alíquotas nos combustíveis, recursos adicionais como das contas inativas do FGTS e PIS acabam sendo consumidos por gastos rotineiros, no abastecimento dos carros, nas compras do supermercado e até na energia.
Mas, para aproveitá-los melhor, Fernanda orienta aos beneficiados avaliar a saúde financeira. Administrar a economia doméstica, renegociar todas as dívidas e evitar as compras parceladas, geradoras de juros.
“Utilizem o abono para negociar, buscar um desconto, para não pagar integralmente a dívida. As aquisições à vista, a partir de agora, são as melhores formas de evitar novos problemas financeiros”, indica.
Como receber o PIS
Para quem esqueceu
Os trabalhadores que não sacaram até dia 30 de junho o Abono Salarial calendário 2016/17, ano-base 2015, também terão nova oportunidade para receber o benefício. Para eles, o valor estará disponível para saque de 27 de julho a 28 de dezembro de 2017.
Para ter direito, o trabalhador precisa
• Estar cadastrado no PIS há pelo menos cinco anos
• Ter recebido remuneração mensal média de até dois salários mínimos durante o ano-base
• Ter exercido atividade remunerada para pessoa jurídica, durante pelo menos 30 dias, consecutivos ou não, no ano-base considerado para apuração
• Ter os dados informados pelo empregador corretamente na Rais
Valor do abono
O cálculo do valor do benefício corresponde ao número de meses trabalhados no ano-base multiplicado por 1/12 do valor do salário mínimo vigente na data do pagamento. O trabalhador deverá ter trabalhado no mínimo 30 dias com carteira assinada. Os pagamentos serão efetuados conforme o mês de nascimento do trabalhador.
Como receber o PIS
• Por crédito em conta, quando o trabalhador tem conta corrente ou poupança na Caixa
• Nos caixa eletrônicos, nas casas lotéricas e nos correspondentes Caixa Aqui utilizando o Cartão Cidadão
• Em agência da Caixa, apresentando o número do PIS e um documento de identificação
