Atraso do IML aumenta drama familiar

Vales do Taquari

Atraso do IML aumenta drama familiar

Corpo de vítima de atropelamento ficou mais de 14 horas aguardando liberação

Atraso do IML aumenta drama familiar
Vale do Taquari

Famílias enlutadas pela morte de parentes precisam enfrentar mais uma situação delicada. Devido à presença de um único médico legista no IML de Lajeado, a liberação dos corpos pode demorar mais de 12 horas na região.

Familiares do barbeiro Bruno Brand, 72, esperaram mais de 14 horas entre o atropelamento que matou o idoso até a liberação para as despedidas. Filha de Brand, Eliana Martini ressalta o desgaste resultante dessa situação.

“É difícil de falar, porque foi uma tragédia que nos pegou de surpresa. Ficamos sem chão”, ressalta. Segundo ela, toda a espera agravou ainda mais o sofrimento da família. Amigo da vítima, Henrique Kalsing também critica a demora. “No momento mais difícil de uma família, ficar na agonia de esperar pelo corpo é uma tortura.”

De acordo com o IML, a demora para a liberação ocorre devido à falta de legistas. Hoje, apenas um médico perito fica responsável pelos 48 municípios atendidos pela unidade.

Instituto Médico Legal de Lajeado tem um médico perito responsável por atender uma área com 48 municípios

Instituto Médico Legal de Lajeado tem um médico perito responsável por atender uma área com 48 municípios

Redução de profissionais

Nos casos registrados nos fins de semana ou durante as férias desse profissional, os corpos são enviados para perícia em Porto Alegre. A falta de legistas persiste na unidade desde 2014, quando outro médico que atuava no IML da cidade se aposentou.

Em 2012, o local chegou a ter três legistas, mas um deles foi transferido para a Região Metropolitana. De lá para cá, a região ficou sem profissional para o atendimento em pelo menos duas ocasiões, durante as férias do único profissional disponível. Em outras situações, o médico chegou a trabalhar por 60 dias ininterruptos.

Além dele, no local também atuam técnicos em perícia que reclamam constantemente dos valores referentes às horas extras. Por lei, as necropsias só podem ser realizadas seis horas após a confirmação do óbito.

Problema estadual

Presidente do Codevat e amiga pessoal da família de Brand, Cintia Agostini afirma que as dificuldades enfrentadas em Lajeado se repetem em todo o RS. Segundo ela, a ausência de peritos faz com que um profissional se reveze em três regiões em algumas situações.

“Em algumas regiões, têm apenas um perito, e em outras o profissional se aposentou e não há nenhuma previsão de ser reposto”, ressalta. Lembra que o governo do Estado realizou concurso para legistas, mas ainda não começou a nomeação dos aprovados.

Além da falta de pessoal, a estrutura das unidades também é deficitária. Cintia lembra que as últimas reformas e o conserto da câmara fria foram realizadas pela Univates.

Demanda regional

As dificuldades enfrentadas na unidade do IML resultaram na solicitação da abertura de uma coordenadoria do IGP na região. Segundo Cíntia, o pedido do Codevat, CIC-VT, Brigada Militar e Polícia Civil incluiria, além do IML, um posto de perícia e de investigação.

“A angústia da sociedade é em relação ao serviço do IML, mas uma coordenadoria qualificada faz muito mais que isso”, ressalta. A presidente do Codevat lembra que as tratativas com o Estado se encaminharam para a instalação de um posto avançado do IGP. A diferença para a coordenadoria é um número menor de peritos e a ausência de laboratórios para algumas análises específicas.

O Vale ofereceu estrutura para o posto. Porém, ressalta que a troca na chefia do IGP, definida na segunda-feira, exigirá novas negociações.

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