Novo tempo. Velhos problemas

Editorial

Novo tempo. Velhos problemas

Projetos habitacionais para famílias de baixa renda têm um propósito nobre. Garantir condições de moradia é um fator preponderante para dignificar as pessoas. Acompanhado disso, é preciso garantir serviços como saúde, educação, segurança e transporte público. No caso dos programas…

oktober-2024

Projetos habitacionais para famílias de baixa renda têm um propósito nobre. Garantir condições de moradia é um fator preponderante para dignificar as pessoas. Acompanhado disso, é preciso garantir serviços como saúde, educação, segurança e transporte público.
No caso dos programas desenvolvidos na região, em especial nas duas maiores cidades, Lajeado e Estrela, pode-se apontar que as construções das residências são avanços importantes. Por outro lado, houve algumas falhas na preparação para o recebimento dessas famílias. Em Estrela, uma das primeiras reclamações foi a falta de um local para o lazer das crianças.
Em Lajeado, o impacto da ocupação dos apartamentos entre os bairros Jardim do Cedro e Santo Antônio é maior. Primeiro pelo tamanho do complexo. No Novo Tempo I e II, são 448 unidades residenciais. Em média, cada família beneficiada é composta por três pessoas. Nesse caso, são 1.344 moradores.
O lugar onde foram construídos os apartamentos fica em uma área carente. Por mais infraestrutura que haja na parte interna do condomínio, basta abrir o portão e ver essa realidade. Nas proximidades, estão casebres feitos em terrenos invadidos. Há marcas de grupos criminosos pichadas nas paredes da escola. Em resumo, se trata de um bairro pouco assistido pelo poder público.
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Soma-se a isso a distância dos postos de saúde, dos colégios de Educação Infantil e da ineficiência do transporte público no município. Aspectos que precisariam ter sido analisados pela municipalidade, pois se trata da parcela, em teses, mais carente da população. Essas barreiras dificultam a inclusão dessa parcela da sociedade.
Abrem-se riscos. Guardadas as proporções, há históricos em outras cidades do país. Em São Paulo, durante os governos de Paulo Maluf, foram construídos edifícios populares. Com o passar do tempo, se tornaram redutos de criminalidade devido à formação dos bolsões de miséria.
Isso provocou mudanças nas normas nacionais. Em 1992, por exemplo, o Estatuto das Cidades passou a orientar a necessidade de criar espaços diversificados nos locais aptos a receber programas de habitação popular. Essa diretriz procura evitar justamente a degradação dos espaços públicos em áreas de vulnerabilidade social.
Em suma, a concentração de famílias carentes em um mesmo espaço causa um revés social. Sem conhecer outros horizontes, outras formas de ver o mundo, há um resultado oposto. Em vez de garantir evolução, pode ampliar a desigualdade social.

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