Crise do leite reduz empregos na indústria

Vale do Taquari

Crise do leite reduz empregos na indústria

Setor da alimentação fechou 357 postos no Vale

Crise do leite reduz empregos na indústria
Vale do Taquari

A indústria de alimentação é um dos setores mais atingidos com a instabilidade econômica. No primeiro semestre, o setor perdeu 357 postos de trabalho. Os dados são do Caged. Diversos fatores provocaram esse desempenho, mas um dos principais é estimulado pela crise do setor leiteiro.

A importação de leite em pó do Uruguai afeta a cadeia produtiva e faz produtores repensarem a atividade. Os reflexos também atingem o beneficiamento do produto. De acordo com a economista Cintia Agostini, esse cenário gerou ociosidade de 30% da produção. Nos últimos dois anos, as importações do produto cresceram 300%.

O impacto foi verificado ainda no ano passado, quando o setor apresentava números negativos. De janeiro a junho, foram encerradas 120 vagas. Segundo, a economista a Operação Carne Fraca também influencia nesses resultados. “Os efeitos no mercado interno não foram tão expressivos, mas impactou as exportações.”

Para ela, os ajustes feitos pelas empresas para sobreviver em meio à crise também são um aspecto que reduziu o número de empregos no setor. “A estratégia adotada pelas empresas tenta adequar ao máximo as suas produções e tornar seus funcionários mais produtivos. Para isso, quadros são reduzidos para diminuir os custos.”

Esse comportamento ocorre em todos os setores. Segundo Cintia, de modo geral, a indústria brasileira trabalha com uma ociosidade de 25% a 30%. “Isso quer dizer que máquinas e produção estão paradas, com isso, as empresas dispensam empregados.”

A incerteza quanto à retomada gera oscilação na empregabilidade verificada nos últimos meses. (confira gráfico).

Setor calçadista mantém saldo positivo

Apesar dos números negativos da indústria de alimentação, o setor da indústria da transformação encerrou o primeiro semestre com saldo positivo. A área calçadista impulsionou esse resultado. O segmento gerou 568 empregos no período. Apresentou apenas leve retração em relação ao ano passado, quando gerou 632.

06_AHORA

Balanço semestral

Os dados gerais do Caged mostram taxa de ocupação positiva nos primeiros seis meses do ano na região. De janeiro a junho, foram 19,3 mil admissões contra 18,8 mil demissões. O saldo é de 421 postos de trabalho.

Em comparação ao mesmo período do ano passado, houve redução nas admissões. No primeiro semestre de 2016, o saldo era de 956. Cerca de 44% ocupações a mais.

Para Cintia, os números representam um cenário de incertezas na economia gerado pela crise política. “As reformas de Temer não se efetivaram no primeiro semestre, por isso, não houve retomada na economia. Toda vez que surgem sinais de recuperação vem algum revés da crise política que alimenta a crise econômica.”

Conforme a especialista, por mais que a crise tenha demorado para atingir a empregabilidade do Vale do Taquari, os efeitos desse cenário iriam atingir a região em algum momento. “Nós não somos uma ilha. Estamos vivendo em crise e dentro de um cenário em que as dificuldades enfrentadas pelo governo do Estado atingem todos os setores.”

Desempenho nas maiores cidades

Entre os seis maiores municípios do Vale do Taquari, houve crescimento nos empregos em relação ao ano passado. Lajeado fechou os primeiros seis meses deste ano com saldo de 155 vagas. Em 2016, o município criou 11 postos de trabalho, no mesmo período.

Estrela teve melhor desempenho entre as seis maiores cidades da região. Foram abertos 251 postos de trabalho. Teutônia ficou em segundo lugar, com 233.

Encantado fechou 94 postos de trabalho e foi a cidade com maior queda. Em seguida. Arroio do Meio perdeu 12 vagas e Taquari, duas.

Acompanhe
nossas
redes sociais