Morte expõe risco de travessia na BR

Vale do Taquari

Morte expõe risco de travessia na BR

Bruno Brand, 72, foi atropelado ao cruzar rodovia sobre faixa de pedestres

Morte expõe risco de travessia na BR
Vale do Taquari
oktober-2024

O atropelamento que vitimou o barbeiro Bruno Brant, 72, em Marques de Souza, retoma discussões sobre os perigos de atravessar a rodovia nos trechos urbanos. Brant foi atingido por um automóvel UP quando tentava cruzar a BR-386 na faixa de pedestres junto ao trevo do município.

O caso aconteceu por volta das 20h40min dessa segunda-feira, 24, e foi testemunhado pelo empresário Diego Sbaraini. Segundo ele, o barbeiro chegou a abanar para conhecidos antes de ser atingido pelo carro. “Ele não conseguiu perceber o veículo, que estava muito rápido.”

Segundo Sbaraini, a vítima foi arremessada a uma altura de dois metros e uma distância de cerca de 40 metros. Conforme o empresário, o motorista não fez menção de parar o veículo, mesmo após atingir o idoso. “Só parou porque o air-bag foi acionado”, acredita.

Sbaraini lembra que Brand trabalhava no mesmo local faz 42 anos, e atravessava a rodovia todos os dias. Segundo ele, o mesmo trajeto é realizado por diversos moradores da cidade, que correm risco devido ao excesso de velocidade dos motoristas.

É o caso do frentista Airton Salter, 51. Ele trabalha faz 40 anos em um posto à margem da rodovia, e mora do outro lado da BR, mas diz nunca ter atravessado a estrada na faixa de pedestres. “É o ponto mais perigoso. Prefiro atravessar mais perto da ponte.”

Sem redutores de velocidade, moradores se arriscam na rodovia na mesma faixa onde aconteceu o atropelamento

Sem redutores de velocidade, moradores se arriscam na rodovia na mesma faixa onde aconteceu o atropelamento

Segundo Salter, a única maneira de garantir segurança no local é com a instalação de uma lombada eletrônica. Conforme o frentista, quando a PRF realiza fiscalização com radares, ninguém anda acima da velocidade permitida.

Mudança no fluxo

O aposentado Dari Wink, 59, mora faz cerca de 40 anos às margens da rodovia. Durante mais de 20 anos, trabalhou no lado contrário da estrada, e atravessava cerca de quatro vezes ao dia.

Segundo ele, o trecho passou a se tornar perigoso cerca de dez anos atrás, devido ao aumento no fluxo de veículos. “Não tinha a metade do movimento que tem hoje, e fica ainda pior em época de safra.”

Para evitar a travessia por meio da rodovia, Wink prefere caminhar alguns metros e atravessar por baixo das duas pontes que existem próximo ao trevo.

Amigo da vítima, o aposentado Ênio Bender alega que o trecho não permite descuidos, seja de pedestres ou mesmo de motoristas que tentam atravessar a estrada. “Boa parte das pessoas que atravessa aqui são idosos, que já não têm os mesmos reflexos e ainda demoram mais para atravessar”, ressalta. Segundo ele, uma das soluções apontadas pela comunidade é a construção de uma passarela. Porém, acredita que, mesmo com a instalação do equipamento, boa parte dos pedestres ainda se arriscaria atravessando por baixo.

Vítima foi atingida por um automóvel Polo na noite de segunda-feira, 24

Vítima foi atingida por um automóvel Polo na noite de segunda-feira, 24

Plano de concessão

Chefe da Delegacia da PRF de Lajeado, Paulo Reni alega que qualquer travessia na rodovia é perigosa. “Por isso defendemos tanto a instalação de passarelas e ficamos tristes quando usuários passam por baixo das estruturas.”

Cita como exemplo a passagem sobre a BR próximo ao Shopping Lajeado. “Brigamos para ter esse investimento, que foi alto, e algumas pessoas insistem em se arriscar”, ressalta.

Segundo o chefe da PRF, todos os trechos urbanos da rodovia serão alterados pelo plano de concessão elaborado pelo governo federal. “No trevo de Marques, está prevista uma passagem subterrânea para os pedestres e veículos atravessarem sem riscos”, aponta.

Pontos críticos

A travessia da BR-386 também faz vítimas e preocupa moradores de outros municípios do Vale. Confira alguns casos:

Lajeado – Em março deste ano, o morador do bairro Montanha, Claiton André Machry, 52, morreu após ser atropelado no quilômetro 343 da BR-386. Ele chegou a receber atendimento do Samu e do Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos.

Estrela – A adolescente Liliana Andreia Santos da Silva, de 16 anos, foi atropelada em junho de 2016 no km 351,8 da rodovia, próximo ao fim da pista dupla. Socorrida pelos bombeiros, a vítima ficou na UTI por mais de um ano, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 19 de julho deste ano.

Fazenda Vilanova – Moradores da cidade cobram o Dnit devido aos perigos das vias paralelas construídas para o tráfego local. A alegação é de excesso de velocidade e ausência de espaços destinados para atravessar a rodovia. Em fevereiro do ano passado, duas pessoas ficaram feridas quando uma motocicleta atropelou um pedestre de 42 anos em uma das vias adjacentes.

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