Gasolina comum chega a R$ 4 em Lajeado

Lajeado

Gasolina comum chega a R$ 4 em Lajeado

Aumento de impostos sobre combustíveis resulta em elevação média de R$ 0,40

Gasolina comum chega a R$ 4 em Lajeado
Lajeado

A nova alíquota do Pis e Cofins sobre os combustíveis foi repassada ao consumidor. Anunciada pelo governo federal na quinta-feira passada, a elevação resultou em um aumento médio de R$ 0,40 nos postos.

O A Hora pesquisou 11 postos de bairros de Lajeado. Os preços variaram de R$ 3,85 a R$ 4. Na sexta-feira passada, quando parte dos estabelecimentos ainda vendia combustível com valor antigo, o menor preço registrado foi de R$ 3,49.

Proprietário de uma rede de postos de combustíveis, Evandro Fascina ressalta os impactos da alta de tributos para o setor. Segundo ele, em um primeiro momento, as empresas acabam reduzindo seus capitais de giro diante da necessidade de renovar os estoques.

“Precisamos colocar mais dinheiro no negócio para vender e ganhar a mesma coisa ou menos”, alega. Conforme Fascina, isso ocorre porque os estabelecimentos estocam produto já com aumento de tributos.

O aposentado Cleimar Cabral, 65, adotou o GNV como forma de fugir dos constantes aumentos na gasolina

O aposentado Cleimar Cabral, 65, adotou o GNV como forma de fugir dos constantes aumentos na gasolina

“No fim, estocamos impostos, não apenas o produto”, afirma. De acordo com o empresário, apesar de não parecer uma diferença absurda quando se pensa no valor do litro, a alta pesa no bolso dos consumidores, mesmo aqueles com veículos mais econômicos.

“Para encher o tanque de um Celta, por exemplo, a diferença chega a R$ 20”, ressalta. Para Fascina, tanto o dinheiro empregado para capital de giro das empresas quanto o gasto pelos consumidores poderia estar circulando e ajudando a economia regional.

A União pretende arrecadar R$ 10,4 bilhões até o fim do ano com o aumento dos impostos sobre os combustíveis. A medida foi adotada para que o governo consiga cumprir a meta fiscal de déficit primário, estabelecida em R$ 139 bilhões. A União também contingenciará R$ 5,9 bilhões de despesas do orçamento.

Opções econômicas

Trabalhadora do setor financeiro em uma transportadora, Ana Claudia Steffens, 35, mudou de hábitos devido ao preço dos combustíveis. Desde o início da semana, ela e o marido passaram a utilizar a motocicleta diariamente para ir ao trabalho.

“Antes usávamos o carro pela manhã porque é mais frio, e a moto só à tarde, mas com esse aumento fica impossível”, afirma. Moradora do bairro Centenário, Ana Cláudia opta por almoçar em casa todos os dias devido ao alto custo das refeições em restaurantes.

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“Se não tivesse a moto, gastaria em torno de R$ 40 a mais toda a semana em gasolina”, aponta. Segundo ela, o aumento de impostos gera insatisfação, ainda mais diante das inúmeras denúncias de corrupção envolvendo os políticos.

Já o aposentado Cleimar Cabral, 65, adotou o GNV como forma de fugir dos constantes aumentos na gasolina. Ele está no terceiro veículo que utiliza o combustível disponível em apenas um posto de Lajeado, e estima uma economia de cerca de 60%.

“Se eu abasteço em Lajeado e vou até Porto Alegre, gasto cerca de R$ 20 em GNV”, aponta. Para o aposentado, esse novo aumento de imposto representa uma tentativa do governo compensar a compra de apoio parlamentar e assim evitar o avanço das denúncias de corrupção.

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“Foi um crime praticado por um presidente ilegítimo, pois tinha dinheiro para liberar para emendas dos deputados. Agora todos nós vamos pagar essa conta”, aponta. Lembra que 15 dias antes de definir o aumento, o governo liberou cerca de R$ 15 bilhões em emendas parlamentares e verbas para estados e municípios.

A distribuição desses recursos ocorreu na semana em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara votava o pedido de abertura de processo contra o presidente Michel Temer por corrupção. Por 41 votos a 24, a comissão rejeitou o relatório que recomendava a abertura de processo contra o presidente.

Impostos sem retorno

Na opinião de Fascina, a alta de impostos representa um assalto ao bolso dos brasileiros, não apenas pela taxação. Segundo ele, o país até poderia ter tributos elevados como em países de primeiro mundo, desde que esses recursos retornassem em serviços para a população.

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“Hoje pagamos um Estado inchado, com gastos excessivos em todas as áreas e com uma corrupção gigantesca”, critica. O empresário realiza, durante o ano, ações em que a venda de combustíveis é feita sem impostos para mostrar à população o peso dessa tributação.

“Quando fazemos essas ações, o movimento no posto aumenta mais de cinco vezes”, relata. Segundo ele, o fato de as pessoas fazerem fila durante essas ações mostra que a população está cansada de pagar a conta da ineficiência do poder público.

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