O casal de haitianos Ziane Jean Josepe, 30, e Markendi Jean, 36, realizou um sonho nessa sexta-feia à tarde: o da casa própria. Eles vieram ao Brasil em busca de melhores condições de vida há quatro anos.
Ziane e Jean têm uma filha de 2 anos e 6 meses, Keite Melissa Jean. Ambos trabalham no setor de abate da Dália Alimentos. Segundo Ziane, seu sonho era comprar uma casa. “É muito emocionante. Estamos felizes. A nossa casa é linda e tem pátio”, disse emocionada.
O sonho começou a se tornar realidade há cerca de dois meses. Na época, Ziane comentou com a amiga encantadense, a esteticista, Silvia Gomes Dalmoro, 36, que queria comprar uma casa em Encantado, pois gosta muito da cidade.
“Considero eles da família. Adotamos eles como irmãos e nos chamamos assim. Minha mãe chama eles de filhos”, conta Silvia. Segundo ela, a amizade começou na Igreja Assembleia de Deus. Em um dos cultos, Ziane, que estava grávida, não se sentiu bem e saiu da igreja. Como demorava para voltar, Silvia e a a irmã Lisiane, 34, foram ver se precisava de ajuda. Conversaram e assim com os passar dos dias a amizade foi crescendo.
“Percebemos que Ziane e o Markendi não tinham com quem contar. Além disso, minha avó é afro e isso de certa forma mexeu com a gente. Em ver as dificuldades que estavam passando. Inclusive fizemos um chá de bebê para ajudar”, comenta Silvia.
A esteticista também comemora a conquista dos amigos e irmãos haitianos. “Estou muito feliz por eles. Eles venceram como muitos imigrante italianos que vieram para cá”, acrescenta.
Hoje a esteticista e a família ajudam o casal haitiano em várias atividades, inclusive no auxílio ao encaminhamento dos papeéis para o financiamento.
O casal teve o acompanhamento da família encantadense e da secretária da imobiliária, Mayara Gonçalves da Rosa, que orientou o passo a passo até a assinatura do contrato. Segundo ela e a equipe da Caixa Econômica Federal, o perfil do casal se enquadrou no Programa Minha Casa, Minha Vida.
A documentação é a mesma como para qualquer brasileiro. A única diferença é o visto permanente e o registro do casamento, o qual teve que ser atualizado com a tradução juramentada. Após juntarem todos os papéis exigidos para o financiamento, eles puderam escolher a nova residência. “Eles escolheram o imóvel. Olharam várias casas. Até encontrarem uma no bairro Planalto que eles gostaram por ser um bairro calmo, pelo espaço do terreno e pelo valor”, comentou Mayara.
O casal e a filha viviam em uma casa alugada. Quando vieram ao Brasil, ele oito meses antes do que ela, na segunda turma de haitianos que chegaram a Encantado, a primeira morada foi em uma república. Lá diversas famílias viviam juntas e dividiam a moradia e os móveis.
Segundo eles, o início foi difícil. Ziane destaca que eram muitas pessoas em uma mesma casa. Também havia problemas com a adaptação por estar em outro país, outra cultura, outra língua. “A língua foi a maior dificuldade”, disse. Em relação ao preconceito, o casal diz que ainda existe, mas notam uma diminuição com o passar do tempo.
Em relação à nova moradia, nos próximos dias, o casal deve se mudar. Como a casa é nova, falta finalizar a instalação elétrica.
