Combustível aumenta de preço e consumidores elevam críticas

Vale do Taquari

Combustível aumenta de preço e consumidores elevam críticas

Gasolina está R$ 0,41 mais cara nas refinarias. Custo será repassado aos consumidores, nos postos.

Combustível aumenta de preço e consumidores elevam críticas
Vale do Taquari

O aumento nas alíquotas dos combustíveis, anunciado na quinta-feira pelo governo, gera temor em todos os setores. De quem produz a quem consome a percepção é que ocorrerá uma nova retração econômica no país. As perdas ainda são inestimáveis, mas devem piorar um quadro já ruim, proveniente da crise dos anos anteriores.

O setor de transportes sente o impacto primeiro, tendo em vista que o combustível corresponde a cerca de 40% do valor das operações. Sócio-proprietário da Transportadora Scapini, Ernani Scapini, afirma que na sexta-feira a compra já se tornou mais cara nas refinarias, com um aumento de R$ 0,21 proveniente da alta dos impostos. Custo que foi repassado diretamente ao frete.

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“É imposto puro. Não temos como absorver isso. Precisamos passar adiante.” Hoje, a empresa lajeadense leva artigos de higiene e limpeza, bebidas, tabaco e eletroeletrônicos, e não prevê queda no transporte, já que tem contratos estabelecidos.

Para Scapini, quem mais sentirá é o consumidor final, que, além de adquirir os produtos transportados nas estradas brasileiras, compra combustível para uso próprio. “O mercado já está recessivo, a população está escolhendo o que é mais importante para o seu dia a dia, e isso só vai piorar. Todos querem cortar custos.”

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Do comércio à indústria

Presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Vale do Taquari (Sindilojas), Giraldo Sandri percebe isso todos os dias, acompanhando o comércio da região. A expectativa criada sobre as medidas econômicas do governo já não vinham se confirmado. E, agora, com essa notícia, o setor fica ainda mais desmotivado. “É o momento errado para aumentar impostos. Estávamos na esperança que abaixassem, e não o contrário. É um sentimento de decepção.” Agora, ele aguarda os desdobramentos.

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, afirmou em nota que desaprova a decisão do governo federal. Ele acredita que o aumento irá cobrir gastos adicionais com liberação de emendas parlamentares. “Toda a cadeia sofrerá algum impacto. Para os consumidores, a repercussão será sentida na menor renda disponível para o consumo. Por fim, passaremos a esperar taxa de inflação e juros mais elevados”, aponta.

Direto para o consumidor

Gerente comercial da Charrua, Paulo Dresch também relata que a empresa sente os reflexos da recessão. Teme o que pode ocorrer daqui em diante, tendo em vista que esse será o maior aumento dos últimos 12 meses, nos três combustíveis – gasolina, diesel e etanol. “O consumo não voltou ainda aos patamares que era há dois anos. O mercado inteiro está sentindo, e com impostos não há o que fazer.” A distribuidora e proprietária de postos de combustíveis também deve repassar o custo. A alteração nos preços já pode ocorrer a partir deste sábado. Porém, o índice não havia sido estipulado até essa sexta-feira à tarde.

Custo absorvido

Samuel Labres, 33, correu para o posto para abastecer o quanto podia, antes do preço aumentar. Taxista faz dois anos, ele terá que absorver a alta. Isso porque faz apenas 45 dias que precisou aumentar em R$ 0,46 o valor da bandeirada. “Estávamos segurando há uns três aumentos da gasolina. Aí tivemos que fazer o reajuste. Agora não vai ser possível”, explica. Ele lamenta que, como está, as pessoas já estão deixando de usar o serviço. “Imagina se aumentamos mais. Para quem recebe é pouco, mas para quem paga é muito.”

Entenda as mudanças

O decreto do governo estipula alta do PIS Cofins de R$ 0,3816 para R$ 0,7925 para o litro da gasolina e de R$ 0,2480 para R$ 0,4615 para o diesel. No litro do etanol, a alíquota passará de R$ 0,12 para R$ 0,1309 para o produtor. Para o distribuidor, a alíquota, atualmente zero, será de R$ 0,1964. A intenção do governo com a medida é arrecadar R$ 10,4 bilhões até o final de 2017, para cumprir a meta fiscal de déficit primário, estabelecida em R$ 139 bilhões.

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