Baixa oferta limita a industrialização

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Baixa oferta limita a industrialização

Empresários cobram políticas de incentivo para melhorar a produtividade, implantar novos pomares de variedades precoces e tardias, além de pesquisas e orientação técnica para qualificar o trabalho desde a propriedade até o consumidor final. Elevar participação nas exportações é outra meta.

Baixa oferta limita a industrialização

A produção de cítricos está concentrada entre os meses de maio e novembro. A falta de matéria-prima faz a indústria registrar 50% de ociosidade. Para atender parte da demanda, são importadas cem mil toneladas de laranjas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Apesar de reconhecido pela excelente qualidade, o suco concentrado de laranja e bergamota esbarra na pouca oferta e impede firmar contratos a longo prazo no mercado interno e exterior.

Evandro Nedel, proprietário da Nedel Cítricos, de Pareci Novo, critica a falta de políticas públicas para estimular o plantio de novas variedades, precoces e tardias. Assim seria possível manter a industrialização pelo menos 11 meses do ano. O problema é que a maioria é pequeno produtor, independente e sem regularidade de estoque, diz. “Faltam pesquisas, crédito e orientação para mostrar ao agricultor a citricultura como opção de lucro, mais rentável que o cultivo de grãos, reflorestamento ou mesmo o sistema integrado”, compara.

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Além da facilidade de manejo, com a colheita mecanizada, cita o baixo investimento em um pomar como atrativos. Reforça a necessidade de romper paradigmas, principalmente quando se fala em produtividade e preço. “Não podemos mais falar em caixa e quilo. Hoje se colhe laranja em bags e se vende em tonelada. A fruta destinada para suco só demanda mão de obra na hora de colher, onde tudo é mecanizado. O resto é cuidar e controlar as pragas e doenças”, explica.

Processamento ocorre apenas em três agroindústrias na região. Falta de incentivo financeiro e oferta de matéria-prima

Processamento ocorre apenas em três agroindústrias na região. Falta de incentivo financeiro e oferta de matéria-prima

Nedel abriu uma fábrica de sucos concentrados e de óleos essenciais em 2011. A ideia era industrializar a bergamota. No entanto, o baixo volume de suco, preço menor do litro na gôndola do mercado e a escassez de matéria-prima fez Nedel investir no suco concentrado de laranja.

A industrialização começou em 2013. São processadas 50 mil toneladas de frutas por ano. As cinco mil toneladas de suco concentrado produzidas são destinadas para a Europa. “Ainda não desistimos da bergamota, mas como o volume é baixo temos dificuldade de fechar acordos. Não temos como garantir a oferta”, explica.

Exportação em queda

Enquanto outros estados aumentam as exportações, no RS elas decaem ano após ano. Em 2013, foram vendidas dez mil toneladas de suco concentrado ao exterior. O volume reduziu pela metade no ano passado. O estado não representa nem 1% do total exportado pelo país.

Conforme Nedel, a indústria brasileira vendeu para o mercado internacional mais de um milhão de toneladas de suco concentrado em 2016. “Existe mercado e ele é promissor. Mas sem aumentar a oferta de frutas fica impossível avançar”, diz.

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A produção comercial de cítricos no estado ocupa 16,3 mil hectares e abrange 8,8 mil agricultores. Alcança 280 mil toneladas. Desse montante, 65% é industrializado e 35% é destinado para venda como produto de mesa.

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“O ideal seria processar, mas falta apoio”

O presidente da Cooperativa de Fruticultores do Alto Taquari (Cooperfat), com sede em Arvorezinha, Anoar Mistura, fala da necessidade de buscar parcerias com o objetivo de incentivar o beneficiamento das frutas. Com 22 sócios, a associação mantém 45 hectares de laranjas das variedades umbigo, valência, folha murcha, rubi e salaciana.

A maior parte é vendida para consumo in natura. O restante é destinado à indústria de suco. Os preços variam entre R$ 0,26 e R$ 0,80 o quilo, dependendo da variedade. O valor é considerado baixo comparado com o litro de suco concentrado. “Falta apoio financeiro para viabilizar a instalação de uma agroindústria. É saída para agregar valor à matéria-prima”, aponta.

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Mistura projeta um futuro promissor para o setor devido a mudanças de hábitos alimentares. A família cultiva um hectare de laranja de umbigo, cuja produção no ciclo atual chega a 15 toneladas. O quilo é vendido por R$ 0,80.

Matéria-prima importada 

Em Imigrante, os irmãos Rabaiolli apostam na fabricação. Embora em menor quantidade, comparado com o suco de uva – 44 mil litros por ano, enxergam uma boa oportunidade de negócio. “O consumidor busca produtos saudáveis”, observa Marciano.

Parte da matéria-prima é produzida na propriedade e o restante comprado de São Paulo. Entre as dificuldades, ressalta a pouca oferta de frutas na região. “A importada influencia no sabor e na cor do produto, aspecto importante na hora da venda”, comenta.

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