Fórum aborda novos sistemas de ensino

Estrela

Fórum aborda novos sistemas de ensino

José Pacheco sugere ruptura da educação tradicional e construção de novo formato

Fórum aborda novos sistemas de ensino
Estrela
oktober-2024

O modelo de educação construído na Escola da Ponte, em Portugal, foi apresentado para mais de mil profissionais da educação do Vale do Taquari. Eles participam da primeira edição do Fórum Internacional de Educação. Até amanhã palestras apresentam novos modelos e experiências desenvolvidas no país e no mundo.

O fundador da Escola da Ponte, José Pacheco, trouxe para palestra inicial os valores que sustentam o modelo construído faz mais de 40 anos em Portugal.

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“Eu vou falar sobre essa proposta que está presente em mais de 200 escolas brasileiras. Mas quero ouvir os educadores. Quero saber quais são as dificuldades, as dúvidas e vamos dialogar sobre esses anseios.”

Pacheco defende a ruptura do modelo tradicional e, em especial,  mudanças na formação dos professores. Para ele, a educação brasileira está estruturada e isso resulta nos índices de reprovação, evasão e analfabetismo funcional. “O ensino segue modelos do século 18. Enquanto o jovem está no século 21 e o professor, no 20. O ensino precisa ser constituído com outros valores que façam sentido para aqueles que estão envolvidos.”

A Escola da Ponte

O sistema é baseado em seriação ou ciclos e os professores não são responsáveis por uma disciplina ou por turmas específicas. As crianças e adolescentes definem quais são suas áreas de interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, tanto em grupo ou individuais.

Transformação

O evento é promovido pela Amvat e Associação dos Secretários Municipais de Educação do Vale do Taquari (Asmevat). Segundo o presidente da entidade e secretário de Educação de Estrela, Marcelo Mallmann, o objetivo é qualificar os participantes no momento em que o setor passa por mudanças estruturais em virtude dos Planos Municipais, Estaduais e Nacional de Educação, e da nova Base Nacional Curricular. “Queremos prepará-los para essa nova realidade, buscando manter a educação do Vale do Taquari como referência.”

Segundo ele, o desejo é promover outros eventos do gênero para levar formação aos profissionais da área. “Para o Vale manter o protagonismo no cenário educacional é fundamental a formação permanente e continuada dos profissionais.”

O fórum é organizado pela Educamax. Durante os três dias de atividades, serão abordados temas como inclusão; a criança como sujeito do processo de construção do conhecimento; importância da articulação entre a Educação Infantil e as Séries Iniciais; tecnologias e metodologias ativas de aprendizagem; as relações entre a infância e o meio ambiente, técnicas de controle de atenção para a sala de aula e a nova Base Curricular Nacional.

“Conteúdo será um instrumento para desenvolver competências dos alunos”

Secretário de Educação de Estrela e presidente da Asmevat, Marcelo Mallmann defende mudanças no modelo de ensino. Para ele, esse é um dos caminhos para gerar transformações na sociedade.

Marcelo-Mallmann

A abertura do encontro discute a educação humanizadora. Na sua avaliação, como se constrói uma educação nesse modelo aqui na região?

Marcelo Mallmann – A educação humanizadora preconiza uma escola menos conteudista e mais humana. As competências socioemocionais são trabalhadas com os alunos. Essa educação só será efetiva quando tivermos a reformulação dos projetos políticos pedagógicos das escolas, quando o professor deixar de ser um repassador de conteúdos e atuar como um provocador da curiosidade dos alunos.  Vai ocorrer quando a avaliação de fato será diagnóstica e no momento em que o conteúdo não será mais o fim do processo educacional, mas um instrumento para desenvolvimento das competências dos alunos.

Hoje é necessário sair do modelo tradicional? Por quê?

Mallmann – Com certeza, pelo simples fato da mudança da sociedade. Será que um médico opera como um médico de 30 anos atrás? Ou de um médico do século 18? Pois é, a estrutura educacional é a mesma de 1800. Como isso pode funcionar? Temos que mudar pela transformação da própria sociedade.

Quais são os desafios para se construir um novo modelo de educação?

Mallmann – Romper com os paradigmas atuais, pois estamos falando de uma mudança de cultura. Toda mudança cultural é lenta e difícil. Mas não podemos mais postergar essas transformações.

Na sua avaliação, a nossa sociedade está preparada para um modelo de educação semelhante à Escola da Ponte, apresentado pelo palestrante José Pacheco?

Mallmann – Na verdade, o modelo da escola da Ponte não pode ser replicado em lugar nenhum. Ele é único. A proposta de uma educação integral e humana deve ser inspiração para as grandes mudanças. Acredito que a sociedade pede essa mudança.

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