O Vale espera uma resposta

Editorial

O Vale espera uma resposta

Líderes regionais aguardam a posição do Estado sobre a interdição do presídio de Lajeado. Passaram-se mais de 20 dias da determinação do Judiciário e a Secretaria Estadual de Segurança Pública ainda tateia em busca de uma solução viável. A incerteza…

Líderes regionais aguardam a posição do Estado sobre a interdição do presídio de Lajeado. Passaram-se mais de 20 dias da determinação do Judiciário e a Secretaria Estadual de Segurança Pública ainda tateia em busca de uma solução viável.
A incerteza quanto ao destino dos presos também interfere na atuação das polícias. A Brigada Militar continua com o trabalho nas ruas, as patrulhas ostensivas e atendimento de crimes quando chamada. Após prisões, encaminha para a Polícia Civil.
Ao chegar na delegacia, presos por crimes com menor potencial ofensivo não têm o flagrante consumado. Por mais que os delegados afirmem que a decisão se baseia em critérios técnicos, que por vezes falta materialidade para manter o infrator nas celas da DP, pode-se supor que a interdição do presídio interfere na atuação da polícia jurídica. A região aguarda resposta. Como o Estado garantirá a reabertura do presídio? Apenas boas intenções e palavras soltas ao vento não resolverão a crise no sistema penitenciário.
A segurança pública é hoje a principal dificuldade para o governo do Estado. As facções, os assaltos a bancos, o furto e roubo de veículos, os homicídios, latrocínios e o tráfico de drogas aparecem no dia a dia da sociedade. Fazem parte do cotidiano dos gaúchos.
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Frente à hecatombe social, a instituição Estado patina nas suas limitações, seja na deficiência do efetivo da polícia, na infraestrutura das corporações e da falta de recursos. Algumas medidas foram adotadas pelo governador. A nomeação de mais policiais à BM e a abertura de concurso público para os órgãos de segurança são importantes, mas não resolvem o problema urgente.
O cenário desalentador de hoje é resultado de erros consecutivos de diversos governos. O estágio de ausência estadual traz desafios às comunidades. No Vale do Taquari, a urbanização e o crescimento da região também atraíram a atenção dos criminosos. Nos últimos 20 anos, o desenvolvimento econômico gerou melhoria na qualidade de vida, mas, por outro lado, também resultou em aumento da população carente.
Esse paradoxo reafirma a posição já defendida em outros editoriais do A Hora. A desigualdade social é a força motriz à criminalidade. Em meio a este momento de recessão, aumento do desemprego e instabilidade, se cria uma insegurança social. A crise gaúcha é mais profunda do que a dificuldade de combater a criminalidade. Ela está nos valores da sociedade, na perda de referências da família, no desmonte da educação e da intolerância nas relações humanas.

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