O frio registrado no fim de semana na Argentina chegou com intensidade ao RS. Hoje, as marcas podem ser de até -5oC no Vale. Superando a sensação gelada de ontem, quando a temperatura ficou na casa de OoC e já fez da saída de casa uma batalha.
No estado, a mínima mais baixa foi registrada em Soledade, de -6,7C. No Vale, a situação não foi muito diferente. Boqueirão do Leão ficou com mínima de -4°C no amanhecer de ontem.
Conforme registros da estação meteorológica do Inmet, em Teutônia foram -0,4oC, entre as 7h e 8h. Em Lajeado, a temperatura chegou a 2oC, com sensação térmica de -0,1oC. Segundo o Núcleo de Informações Hidrometeriológicas (NIH), no município não ficava tão frio desde o dia 30 de junho do ano passado, quando a mínima foi de 2,1°C.
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O céu claro, sem nuvens, com pouco vento e temperaturas abaixo dos 5oC também foi a combinação perfeita para a geada, que pôde ser constatada em todo o Vale. Como na propriedade do agricultor Ademir Almeida, 60, em Boqueirão do Leão. Nada que o atrapalhou na rotina, iniciada antes do sol nascer.
Por volta das 5h, a primeira tarefa foi acender o fogão à lenha, seguida pelo trato dos animais. “Se tem algo que não abro mão é acordar cedo, cevar o chimarrão e cuidar dos bichos. Tenho bastante silagem estocada para o gado, isso facilita bastante.”
Ele gosta do frio, e o considera necessário para o equilíbrio das culturas. Cita como exemplo o período de dormência da uva, e o controle de pragas. “Este ano foram poucos os dias de frio. A geada esta época do ano não preocupa, mas sim a falta dela que afeta o ciclo de produção”, comenta.
Na cidade, as tarefas urbanas também não foram deixadas de lado por conta do frio. Mas obrigaram a mudança de hábitos. Sob uma temperatura de 2oC, Cleber Musskopf, 34, tomou coragem e saiu para trabalhar. Às 8h, já estava na estrada, fazendo entregas.
Motoboy faz sete anos, ele já enfrentou temperaturas semelhantes, e sabia da necessidade de se agasalhar.
Ontem à tarde, ainda estava com quatro camadas de casacos. As luvas estavam presas ao guidão da moto, e somente a touca havia sido deixada de lado. “Estava bem complicado hoje de manhã. Mas sempre que chove é ainda pior”, afirma.
Moradora do bairro Planalto, em Lajeado, Tânia Marlise Müller Altenhofen, 44, também não pôde deixar os compromissos para depois.
Reuniu a família e foi para o centro quando o sol já aquecia o dia. Mãe de Lorenzo, de 4 meses, Camila, 13, e Brenda, 18, ela aguardava a chegada do frio, mas admite que não foi fácil sair de casa ontem.
O bebê recebeu atenção especial. Estava com um casaco que valia por três.“O ideal seria estar na Serra, vendo a neve, mas como não podemos, ficamos aqui e nos agasalhamos bem.” Na volta para casa, a ideia era aproveitar as baixas temperaturas para acender o fogão à lenha, tomar bebidas quentes e assistir a um filme.