Fique atento à apneia do sono

Fala, Doutor

Fique atento à apneia do sono

A fragmentação da arquitetura do sono pode provocar cansaço, irritabilidade, depressão, redução da libido e dores de cabeças pela manhã

Fique atento à apneia do sono
oktober-2024

Desde o primeiro instante em que viemos ao mundo, não podemos parar de respirar por muitas vezes seguidas. Contudo, isso pode acontecer durante a hora mais calma da rotina: quando dormimos. Nos últimos 25 anos, ficou claro que a apneia do sono, uma condição que desorganiza os movimentos respiratórios, é um dos principais distúrbios do sono.

A síndrome é caracterizada pela obstrução parcial ou total das vias aéreas durante o sono quando o fluxo de ar por meio do nariz ou da boca cessa em um período de, no mínimo, 10 segundos. Apesar de ter alta prevalência na população, apenas recentemente a medicina reconheceu, por meio de estudos científicos, os riscos trazidos da doença e a importância do diagnóstico.

O reconhecimento de certeza só pode ser estabelecido por meio da polissonografia, exame que permite testar durante o sono os potenciais elétricos da atividade cerebral, dos batimentos cardíacos, os movimentos dos olhos, a atividade muscular, o esforço respiratório, a saturação de oxigênio no sangue, o movimento das pernas e outros parâmetros.

A técnica em Polisonografia da Clínica Santuário do Corpo, Alexandra Geroldi, conta que cerca de 90% dos indivíduos com apneia do sono não têm disgnóstico ou sequer foram alertados pelo médico para a possibilidade de sofrerem dessa mazela.“Quando ocorrem paradas respiratórias com frequência maior que cinco vezes por hora no sono, dizemos que o indivíduo é portador de apneia do sono”, afirma Alexandra.

A profissional estima que cerca de 4% das mulheres e 9% dos homens adultos sofram da doença, sendo que a prevalência é maior entre os obesos e maiores de 35 anos. Os sintomas mais comuns são ronco, episódios visíveis de interrupção da respiração e sono excessivo durante o dia.

Qualquer fenômeno que provoque estreitamento ou oclusão da passagem de ar pelas vias aéreas superiores pode causar apneia: obesidade, crescimento das amígdalas, malformações da mandíbula ou da faringe, hipertrofia da língua (como ocorre na síndrome de Down), tumores, hipotonia dos músculos da faringe ou falta de coordenação dos músculos respiratórios.

Cada vez que ocorre uma apneia, a oxigenação sanguínea baixa rapidamente. Para evitar a morte por asfixia, o organismo envia um sinal ao cérebro despertando-o por tempo suficiente para conseguir desobstruir a garganta.

Nos casos mais graves, esse fenômeno pode se repetir até mil vezes por noite. Após cada microdespertar, ocorre também uma descarga aguda de hormônios do estresse como adrenalina e outros que, aliada à queda da oxigenação sanguínea, pode desencadear arritmias cardíacas, infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVC) durante o sono.

A apneia do sono não tratada corretamente, a longo prazo, ocasiona ou agrava várias doenças como diabetes, obesidade, hipertensão, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, arritmias cardíacas e AVCs, afirma Alexandra. Ela indica o tratamento por meio do uso de um aparelho chamado CPAP (do inglês, Continuous Positive Airway Pressure).

Tratamento por CPAP

A técnica consiste em um pequeno compressor de ar muito silencioso de alta tecnologia que se conecta a uma máscara ajustada ao nariz. A atividade do aparelho previne a obstrução da garganta durante o sono.

O objetivo do tratamento é manter as vias aéreas permeáveis ao fluxo de ar durante a noite. Os níveis de pressão da máscara devem ser ajustados de forma individual depois de um estudo polissonográfico cuidadoso..

Tratamentos cirúrgicos também são indicados para a remoção de obstáculos e correção de distúrbios anatômicos que dificultem a passagem de ar. Perda de peso, no caso de pacientes obesos, e evitar dormir de barriga para cima são outras medidas úteis.

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