Líderes criam oposição. Direção da Certel fala em oportunismo

Vale do Taquari

Líderes criam oposição. Direção da Certel fala em oportunismo

Movimento critica atual gestão e cobra mais transparência

Líderes criam oposição. Direção da Certel fala em oportunismo
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A notícia da criação de um movimento oposicionista na Cooperativa Certel provoca reações. Enquanto opositores acusam os atuais gestores de má gestão, a direção alega transparência e aponta motivos que vão desde o interesse político partidário até vinganças pessoais.

A oposição foi lançada em Teutônia, durante encontro com 30 associados no dia 28 de junho. Chamado de Reconstrução, o movimento alega preocupação com a continuidade dos serviços de prestação de energia devido aos problemas financeiros enfrentados pela cooperativa.

Presidente da Certel, Erineo Hennemann fez duras críticas aos oposicionistas. Mesmo definindo a criação de uma chapa contrária à atual gestão como natural e democrático, mostrou indignação com as acusações do grupo.

“Estão se baseando em mentiras”, afirma. Segundo ele, a gestão da cooperativa é transparente, e todos os relatórios são aprovados em assembleia, passam pelas lideranças de núcleos e auditorias externas. Além disso, aponta, todos os dados financeiros, regimentos e o estatuto estão disponíveis para consulta no site da Certel.

[bloco 1]

Superintendente da cooperativa, Milton Huve alega que toda as medidas tomadas para assegurar o pagamento da dívida da Certel Desenvolvimento foram tomadas. De acordo com Huve, o total devido, que era de R$ 136 milhões em 2012, hoje foi reduzido para R$ 52 milhões, com expectativa de quitar outros R$ 12 milhões ainda em neste mês.

“Não existe mágica, tivemos que desativar ativos, cortar despesas, renegociar as contas, alongar nosso endividamento para caber dentro do fluxo de caixa da Certel Desenvolvimento”, alega. Conforme Hennemann, nos primeiros cinco meses de 2017, a cooperativa alcançou resultados iguais ao de todo o ano passado.

Presidente e superintendente rebatem: “Vingança pessoal e oportunismo”

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Motivações políticas e mágoas pessoais

Para o presidente, parte do movimento se explica por demissões ocorridas durante o processo de readequação da cooperativa. Segundo ele, 200 funcionários foram desligados. “Essas pessoas não ficam satisfeitas, assim como nós não ficamos contentes em ter que cortar na carne.”

Conforme Hennemann, a oposição também tem participação de pessoas ligadas à política partidária regional, que estariam interessadas em assumir o comando da cooperativa. De acordo com o presidente, a gestão atual busca unicamente garantir a satisfação dos associados com energia de qualidade. “A Aneel realizou pesquisa apontando a Certel como a oitava melhor distribuidora do país e a que tem o menor preço do RS.”

“Estamos em um buraco sem fundo”

Líder do movimento oposicionista, Alexandre Schneider afirma que o grupo nasceu de um descontentamento histórico com a falta de planejamento e má governança da atual diretoria. Aponta desde falta de transparência na gestão até a realização de investimentos equivocados.

“A situação não mudou muito, e pode ter piorado, mas continuamos apenas com notícias boas”, afirma. Para ele, o cenário financeira da cooperativa é diferente do apresentado pela atual gestão, e existe o risco de comprometer os serviços prestados.

[bloco 2]

“Estamos recorrendo aos associados, pedindo cota capital, mas continuamos operando no prejuízo, especialmente na Certel Desenvolvimento”, alega. Afirma que o maior receio do movimento é chegar ao ponto em que ocorra uma intervenção e a cooperativa perca a concessão do serviço de energia.

“Minha preocupação é que daqui a pouco se acabe com o patrimônio da Certel sem que tenhamos tempo para recuperá-la”, afirma. Conforme Schneider, em um primeiro momento, o foco do grupo é tomar conhecimento e analisar os números reais da cooperativa.

Com base nos dados, a intenção é conversar com entidades e comunidades abrangidas pela Certel para levantar as expectativas e anseios em relação à cooperativa. Por fim, pretendem criar um plano de trabalho. “Para isso, temos que propor uma alternativa de escolha na gestão, por meio de uma chapa.”

De acordo com Schneider, até o momento, o Reconstrução tem representantes de Teutônia, Boa Vista do Sul, Santa Clara do Sul, Westfália, Boqueirão do Leão, Canudos do Vale, Lajeado, Tupandi, Barão, Forquetinha, Poço das Antas, Progresso e Travesseiro.

Cota capital

Um dos grandes pontos de discordância entre a atual gestão e o grupo de oposição é em relação à cobrança de cota capital dos associados. Instituída em outubro do ano passado, a medida resultou em uma cobrança extra de cerca de 17% na fatura de energia para abater o endividamento da cooperativa.

Para Schneider, a cota capital é um exemplo dos problemas da atual gestão. “A cobrança não seria tão ruim se o associado tivesse sido avisado antes, se os números fossem mais transparentes.”

Hennemann alega que a decisão foi acertada, e mais de 40 mil associados optaram por contribuir. Segundo ele, a partir do fim do ano, o dinheiro começará ser devolvido com correção pelo INPC.

Schneider contesta. Para o oposicionista, caso a cobrança seja encerrada, existirá a necessidade de obter novos empréstimos com juros altos para suprir o rombo no orçamento. A hipótese é refutada pelo atual presidente.

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