Evasão expõe desinteresse dos alunos e ausência dos pais

Vale do Taquari

Evasão expõe desinteresse dos alunos e ausência dos pais

A drogadição e o trabalho afastam adolescentes das escolas

Evasão expõe desinteresse dos alunos e ausência dos pais
Vale do Taquari
oktober-2024

A falta de interesse pelos estudos no Ensino Médio tem afastado estudantes dos bancos escolares ou provocado altas taxas de reprovação. As drogas e as longas jornadas de trabalho são dois fatores que provocam o desinteresse pela conclusão dos estudos.

Nos municípios de abrangência da 3ª Coordenadoria Regional de Educação, em 2016, 205 alunos evadiram o Ensino Médio. O dado mais alarmante é a taxa de reprovação. Em 2016, foram 1.419 estudantes reprovados em um universo de mais de 7.750 matrículas. O número representa 18% dos total de alunos matriculados.

No país, houve um crescimento de 11% nos índices de evasão entre 2014 e 2015. Os indicadores foram revelados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e são resultado do acompanhamento de alunos no período que vai de 2007 a 2015, a partir de dados do Censo Escolar.

Na avaliação da coordenadora regional de Educação Greicy Weschenfelder, no Vale do Taquari, as jornadas excessivas de trabalho e até as intempéries climáticas são motivos que justificam o abandono.

Esse comportamento atinge em especial aqueles que estudam à noite e são da área urbana. “Aqueles do meio rural, por mais difíceis que sejam as condições de deslocamento, são mais persistentes.”

A coordenadora do curso de Pedagogia da Univates, Morgana Hattge, confirma os fatores. Segundo ela, além das questões relacionadas ao seu trabalho, há outras ligadas a problemas estruturais da sociedade, como transporte, por exemplo.

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Drogas afastam alunos

O problema mais grave são as drogas. Segundo Greicy, elas atuam de maneira forte e levam os alunos a parar de estudar. “Esse aspecto deve chamar a atenção dos pais.  Se o filho não tem interesse de ir à escola e não está frequentando, onde ele está? Porque ele não se interessa pela escola”, destaca.

De acordo com ela, os pais estão ausentes na vida dos filhos e não estão percebendo a mudança de comportamento. “Quando eles começam a se envolver com as drogas, a alteração comportamental é muito nítida. Isso é verificado em sala de aula.” Isso acontece em especial nos municípios maiores.

Conforme a professora do curso de Psicologia da Univates, Suzana Feldens Schwertner, é necessária uma proximidade entre pais e filhos em relação à escola. “Um elemento importante é saber o que os filhos andam estudando, conhecendo e aprendendo.” Na avaliação dela, essa proximidade se torna ainda mais relevante quando os estudantes percebem que os pais e os responsáveis se interessam e valorizam esse aspecto de sua educação.

Novo modelo de ensino

O novo Ensino Médio é apontado pelo governo como uma estratégia capaz de despertar mais interesse pelo aluno ao ensino. A coordenadora Greicy afirma que a ideia é ótima, mas destaca que o modelo precisa ser bem pensado.

“Primeiro, precisamos deixar as aulas mais atrativas. Não podemos mais ensinar como fazíamos há dez anos. Segundo, é necessário uma parceria mais forte dos pais.” Além disso, aponta necessidade de investimentos em infraestrutura para ofertar um ensino de qualidade aos alunos.

De acordo com ela, aspectos regionais precisam ser considerados. “No Vale, por exemplo, a cultura do trabalho é muito presente, então, como vamos manter esse aluno em tempo integral em sala de aula?”, questiona.

Segundo Greicy, hoje já existe um problema com empresas que não querem liberar alunos do Programa Jovem Aprendiz para participar das aulas do contraturno.  “Isso significa que a empresa pensa na educação? Não! A gente tolera a falta de educação e não investe. Quando falo nisso, não aponto apenas ao governo, mas para uma sociedade que também não faz essa aposta.”

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