“Não tinha conforto. Aquilo lá é um inferno”, diz a ex-secretária da Juventude, Desporto e Turismo do município, Anapaula Gotardi, 34, sobre o presídio da cidade onde ficou presa por três dias (da tarde de quarta-feira até sábado). Ela é suspeita de participar do assassinato de Laudir Antônio da Silva.
Por volta das 17h de sábado, Anapaula foi solta após o Judiciário atender ao pedido de habeas corpus feito pela advogada, Iris Tramontini. Dentro do cárcere, conta a suspeita, dividiu a cela com dez detentas em um lugar onde cabem 12. Ficou em um espaço comum. Formada em Publicidade e Propaganda pela Ulbra e com MBA em Comunicação Estratégica e Branding na Feevale, ela teria direito à cela especial.
“Eu mesmo optei por ficar em Encantado, para ficar mais próxima da minha família e da minha advogada. Poderia ter ficado em uma cela especial em Lajeado. Mas quis ficar na minha cidade”, reitera. A ex-secretária tentou uma vaga na câmara em 2016, candidatando-se pelo PTB. Ela recebeu 122 votos.
Anapaula não quis comentar sobre as acusações da PC de que teria envolvimento na assassinato ocorrido no dia 24 de junho, no bairro Navegantes. “Estou sendo utilizada de bode expiatório”, diz ela, que também reitera o fato de ser formada e demonstra preocupação com a repercussão negativa envolvendo o nome dela. “Uma vida inteira construída em cima de valores e coisas boas”, comenta.
A reportagem tentou, durante toda a tarde de ontem, fazer contato com a advogada. Entretanto, ela não atendeu as ligações. O inquérito será entregue até sexta-feira.
O delegado responsável pela investigação, Silvio Huppes, demonstra insatisfação com a liberdade concedida à Anapaula. “Mas não vou comentar decisões judiciais nesse sentido”, diz. Segundo ele, a ex-secretária teria sido motorista dos dois principais suspeitos logo após o crime, por volta das 14h do dia 24 de junho.
“Ela confirma ter conduzido os dois indivíduos, e toda nossa investigação leva a crer que eles foram os autores. A suspeita (Anapaula) estava aguardando eles a uma certa distância do local do crime, próximo a um mato por onde eles teriam fugido”, sustenta o delegado.
Segundo Huppes, após ser questionada sobre o fato, Anapaula afirmou que deu carona aos indivíduos após ter recebido, por meio de uma mensagem via celular, um pedido para buscá-los. “No depoimento, ela disse não lembrar quem enviou essa mensagem”, afirma Huppes.
O assassinato
Laudir Antônio da Silva, 46, foi morto a tiros no bairro Navegantes por volta das 14h do dia 24 de junho. Conforme a Brigada Militar (BM), testemunhas viram dois indivíduos armados entrando na residência, na rua da Figueira e, logo após, foram ouvidos disparos. A dupla teria fugido a pé, e entrado em um mato. Ao cruzar a área verde, saíram no bairro Nossa Senhora de Fátima e entraram em um automóvel, que seria da ex-secretária. A vítima tinha antecedentes por tráfico de drogas.
