A Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa promoveu ontem à noite uma audiência pública para tratar sobre a cultura de paz. Proposta pelo presidente da comissão, deputado Catarina Paladini, a reunião destacou as ações realizadas pelo programa Comissão Interna de Prevenção a Acidentes e Violência Escolar (Cipave) na região.
De acordo com a coordenadora da 3ª CRE, Greicy Weschenfelder, o desempenho do Cipave nas escolas da região se tornou um case de sucesso reconhecido no RS. Segundo ela, o programa é uma política pública, e não de governo, capaz de produzir a cidadania no ambiente escolar.
“O Cipave tem o objetivo claro de desenvolver nos estudantes a tolerância e a empatia”, ressalta. Conforme a coordenadora, a separação entre a família e a escola nos processos de educação e ensino está ultrapassada. Outro objetivo alcançado por meio do Cipave é a aproximação entre as partes, uma vez que todos os envolvidos no universo escolar, sejam pais, alunos, professores ou funcionários, integram os grupos do programa.
Por meio de parceria com o Ministério Público, o Cipave promoverá a formação de 70 professores para o sistema de justiça restaurativa. Voltada para a resolução de conflitos, a modalidade judicial coloca frente a frente vítimas e infratores, visando instituir responsabilidade ao invés da culpa, o encontro ao invés da perseguição, e a reparação do dano no lugar do castigo.
Exemplo para o estado
De acordo com o presidente da Comissão de Segurança e Serviços Públicos da AL, as discussões sobre o Cipave ocorrem em todo o RS, mas o Vale do Taquari se destaca na promoção da paz. Segundo ele, a cultura da região é determinante para o sucesso do programa.
“Um exemplo de participação da sociedade civil organizada é a construção do Presídio Feminino em Lajeado”, ressalta. Conforme Paladini, a intenção de trazer a audiência para Lajeado é de reconhecer e premiar o trabalho desenvolvido na região, e encontrar formas de buscar o mesmo êxito em outras localidades.
“A cidadania precisa fazer parte do currículo escolar”
A Hora – Por que é importante investir na promoção da cultura da paz?
Catarina Paladini – Isso é fundamental, principalmente diante da crise do estado, de um sentimento de insegurança muito grande, que provoca o acirramento dos ânimos. As pessoas estão doentes e por qualquer circunstância buscam sanar suas frustrações pelo conflito, o que influencia nos índices de violência. Por isso precisamos potencializar as ações do Cipave por todo o RS.
A solução para as questões da segurança passa pelo ambiente escolar?
Paladini – Sem dúvida. Não isentando a responsabilidade da família, pois é em casa que você recebe os fundamentos básicos, a escola tem o papel de formar o indivíduo para o mundo. Infelizmente a sociedade está cada vez mais acelerada e há uma terceirização das responsabilidades familiares. Com isso, temos jovens que queimam etapas e não conseguem viver a sua juventude. Seja por uma gravidez indesejada, ou outras questões, acabam abortando alguns sonhos devido ao aumento das responsabilidades. A cidadania precisa fazer parte do currículo escolar. É pela escola, pela educação e o convívio harmônico entre as pessoas que vamos construir um estado melhor.
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Como o Cipave consegue envolver os jovens em idade escolar?
Paladini – O programa trabalha o eixo das decisões de uma forma horizontal, fazendo com que o jovem reflita sobre isso. Dessa forma, os jovens passam a ser os senhores de suas decisões, medindo e mediando as consequências delas. Esse jovem terá uma capacidade de intervenção muito maior. É percebível que nossa juventude está paralisada, justamente no momento mais importante de suas decisões para a vida. O Cipave vem para cumprir esse papel emancipador.