O momento é delicado para todos os setores da segurança pública. No estado, a escassez de servidores coloca policiais em combates desproporcionais contra traficantes e criminosos violentos. No Vale do Taquari, a interdição do principal presídio da região tensiona a relação entre Brigada Militar (BM), Polícia Civil (PC) e Susepe. Um perigoso cenário diante dos problemas que só se agravam.
Não critico a decisão do juiz, Luís Antônio de Abreu Johnson, responsável pela interdição do Presídio Estadual de Lajeado (PEL). Para muitos, a medida já deveria ter sido tomada em tempos anteriores. Para outros, se trata de uma solução paliativa que trará mais prejuízos em vez de benefícios. Para terceiros, o magistrado acerta em cheio ao aproveitar a exposição midiática do local – em função da fuga registrada na UPA – para chamar a atenção do Estado.
Mas uma decisão complexa como essa traz, acima de tudo, tensionamento. Se alivia de um lado, pesa para o outro. Algo normal e corriqueiro em muitas relações humanas, políticas e sociais. Entretanto, quando falamos da nossa segurança pública, a problemática merece uma análise mais ampla e aprofundada.
Com a interdição do presídio, as forças de segurança estão em tensão por causa do recebimento de presos, tanto nas delegacias como no presídio. Sem espaço na casa prisional, quem for pego em flagrante ficará trancafiado na pequena estrutura da sede da PC. Lá, sem chuveiro, colchão, sem comida, sem nada, os criminosos não aguentam ficar mais de duas ou três horas.
Segundo os próprios policiais, os presos enjaulados nas delegacias começam a incomodar, gritar, bater nas grades e se debater, porque querem logo ir para o presídio. Obviamente, tal situação atrapalha o serviço dos policiais civis. Estressa ainda mais quem já vive sob constante estresse. E um agente da força de segurança estressado não está tão apto para atuar de forma segura, é óbvio.
Nessa terça-feira, já houve pequena tensão entre servidores da BM e da PC, na delegacia de Lajeado. O delegado de plantão teve um entendimento diferente sobre uma prisão em flagrante efetivada por brigadianos. No mesmo dia, também houve tensão entre policiais civis e agentes da Susepe, quando um preso por mandado foi levado até o presídio, mas teria sido impedido de ficar.
Não é de hoje que nossos policiais e agentes de segurança trabalham em condições precárias. Psicologicamente pressionados, muitos temem possíveis confrontos pessoais, internos e perigosos, entre as próprias forças de segurança diante do impasse envolvendo o destino dos presos em flagrante.
Em meio a uma realidade dura para nossas forças de segurança, com a morte de um BM na busca por assaltantes de bancos, a morte de um PC em tiroteio com traficantes, e agentes da Susepe levado como refém durante fuga de presidiário, cabe à nossa sociedade tentar garantir, ao menos, menos tensão entre os próprios agentes públicos. É o mínimo que podemos fazer por esses heróis.
Uma “chatice” necessária e aperfeiçoada
Corremos o risco de, volta e meia, cometer algumas injustiças de interpretação. É do jogo. O que é certo para uns, é errado para outros. Mas a busca pela perfeição, o risco zero, a intolerância com todo e qualquer resvalo é necessária. É preciso ser chato. Chega de aceitar, de fazer “beicinho” e balançar os ombros para pequenos fatos. O risco maior não é só o fato grandioso É o acúmulo.
Apontar erros não pode ser visto como “chatice”. Se assim for, tem que ser visto como uma chatice necessária. Foram pensamentos como esse, aliados aos discursos de que “falar de política é chato”, que transformaram boa parte da população em eleitores maleáveis a discursos vazios. É com esse espírito que participo, a partir de hoje, do 12º Congresso de Jornalismo Investigativo, em São Paulo.
Passaportes e os recursos para a Polícia Federal
A impressão é a pior possível. Diante das contundentes investigações comandadas pela Polícia Federal (PF), que envolvem correligionários e aliados de Michel Temer, o governo federal parece dificultar a previsão orçamentária da instituição, gerando mal-estar entre presidente da República e Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal.
O presidente da associação responsabilizou o governo Temer. “Sem a previsão orçamentária, fica difícil a renovação de contratos e convênios. Foi o que ocorreu nesse caso. O contrato acaba e não há dinheiro para renovar. Não foi possível fazer contrato com a Casa da Moeda”, afirmou. Segundo a PF, os gastos com a emissão de passaporte chegaram ao limite previsto.
O público e o privado
Praças, lixeiras, paradas de ônibus e agora a proposta para escolas e creches. Aumentam as “adoções” de repartições e estruturas públicas pela iniciativa privada, que usa a publicidade própria nesses locais como contrapartida aos investimentos. Vejo com bons olhos essa participação maior do empresariado junto ao bem comum. Deixar todo o peso para o governo é, além de injusto, perigoso.
Tiro curto
– Hoje e amanhã ocorre a votação para a gestão 2017/18 do Diretório Acadêmico do Curso de Comunicação da Univates. É chapa única, liderada por Mariana Wermann, na presidência, e Dinara Hensel, vice. Para votar, é só ir até o DCE com a carteirinha;
– A indústria brasileira encolheu em 2015 em comparação a 2014, segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA) 2015, do IBGE. O número de empresas ativas caiu de 333.739 para 325.277, perdendo 642.138 postos de trabalho;
– No Carnaval de 2018, esperamos a mesma motivação demonstrada pela equipe do governo de Lajeado durante a Festa de São João realizada no fim de semana;
– Foi notada a ausência do secretário de Cultura e Turismo, Marcelo Braun (PSDB), no lançamento da Estrela Multifeira;
– Pouso Novo deve ser o primeiro município do Vale do Taquari a decretar turno único em 2017;
– Na quarta-feira, vereadores, prefeito, secretários municipais, 16ª CRS e Ministério Público se reúnem, novamente, para tentar evitar o fechamento da Clínica Central, em Lajeado;
– Dias atrás, o teto de gesso da câmara de Anta Gorda cedeu. Mas não houve feridos;
– Em Arroio do Meio, o Ministério Público instaura inquérito para investigar o transporte escolar. Acidentes assustaram alguns pais em um passado nem tão distante;
– Prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo (PP) silenciou para, no mínimo, sete propostas encaminhadas e aprovadas por integrantes do Legislativo. Pega mal. Ao gestor, cabe a responsabilidade de decidir. Para o bem ou para o mal, gerando críticas ou não;
– Quase três meses após o acidente com um caminhão na ponte da BR-386 sobre o Arroio Boa Vista, e as obras de reparo do guarda-corpo ainda não iniciaram. Boa quinta-feira a todos!
A desconfiança é a mãe da segurança – Madeleine Scudéry