“Perdeu. Perdeu. Perdeu.” Foi isso que disse o presidiário, Rudinei Lopes, pouco antes de ser resgatado por comparsas por volta das 20h de ontem, dentro do complexo da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no bairro Moinhos D’Água. O criminoso, considerado de alta periculosidade pela Polícia Civil (PC), fugiu junto com pelo menos quatro homens armados e um refém, após intenso tiroteio que afugentou agentes da Susepe e funcionários do Samu.
Testemunhas falam em mais de 30 disparos de armas de grosso calibre em poucos segundos. Cápsulas ficaram deflagradas no chão de acesso ao pronto-atendimento. Um dos tiros atingiu o para-brisa da ambulância que trouxe Lopes do Presídio Estadual de Lajeado. Há marcas de disparos na porta de acesso lateral à UPA, e também no teto interno da rampa de acesso para as ambulâncias.
A ambulância estava parada quando os comparsas de Lopes chegaram. “Vieram de todos os lados”, diz um funcionário do Samu. Havia um condutor, que foi retirado à força pelos criminosos. Na parte de trás, o detento estava acompanhado de dois agentes da Susepe e servidores do serviço de saúde. Um dos disparos atingiu a bolsa do soro que estava ligado ao prisioneiro.
“Vi ele apontando uma .40 para nós. E daí ele atirou e acertou o soro. Só consegui me deitar no chão da ambulância”, afirma a testemunha. Nenhum paciente ou funcionário da UPA e do Samu ficaram feridos. “Pelo menos fisicamente. Mas, psicologicamente, alguns médicos estão bastante abalados”, diz a coordenadora da UPA, Úrsula Jacobs.
Os criminosos fugiram em dois veículos levando como refém um dos agentes que faziam a escolta do criminoso. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso. Equipes da Brigada Militar (BM), PC e polícias rodoviárias estadual e federal participavam das buscas.
A polícia acredita que se trata de uma ação orquestrada. No fim da tarde, o detento pediu atendimento médico. A hipótese é de que o criminoso teria fingido passar mal pois sabia que tentariam libertá-lo. Ele apresentava suposto quadro de pressão alta e taquicardia e não estaria algemado no momento do tiroteio.
Até o fechamento desta edição, a polícia também não tinha informações de qual carro teria sido usado na fuga. Também se suspeita que os criminosos tinham um rádio na frequência da BM. A ficha policial de Rudinei Lopes é extensa, entre os crimes estão tentativa de homicídio, assalto a residência e porte de armas.