“Talento, dom ou jeito é o nome que vagabundo dá ao esforço”

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

“Talento, dom ou jeito é o nome que vagabundo dá ao esforço”

“O sucesso vem do trabalho e dedicação permanentes”, acrescentou ao título acima o professor Leandro Karnal, durante palestra na convenção da CDL Lajeado, nessa quinta-feira.
Em vários momentos, se valeu de vocabulário neurolinguístico para impactar suas afirmações nada convencionais. Com pragmatismo e objetividade, quebrou paradigmas de modelos mentais conservadores. E a plateia reagiu bem, na sua maioria.
Karnal contou que estudara francês durante oito anos e, após voltar de um intercâmbio de outros 12 meses na França, alguns de seus conhecidos o surpreenderam com a seguinte frase: “Como você tem facilidade com línguas!”, ignorando os longos anos de estudos.
Classificou o brasileiro de reativo. Que espera a coisa cair do céu e, quando algo acontece, muitos atribuem às forças ocultas, típico de quem adora crendice popular. O culpado sempre é algo, como se existisse uma explicação mágica. “É um pensamento infantil, igual comer lentilha no Ano-Novo para ganhar dinheiro. Os ricos que eu conheço nunca comeram lentilha”, ironizou.
Se antecipar é um modelo mental de estratégia. A ação faz o protagonista. O desafio é ter consciência de que o resultado depende das nossas atitudes. “O pessimista é importante, mas pode haver apenas um em cada equipe ou família, para evitar a paralisação”, recomendou.
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O historiador atribuiu a falta de entusiasmo à ausência de foco e organização. “O mundo precisa de ousadia e racionalidade estratégica” insistiu. Os animais se movem apenas para comer, fugir ou procriar. “Nós não devemos ser assim”.
Mudar é difícil, não mudar é fatal. Insistiu que a mudança deve ser permanente e checada, sistematicamente, ainda mais nas empresas ou departamentos. Alertou para o vazio das redes sociais, onde se compartilha as “coisas banais” seguidas de “kkkkk”. O desinteresse pela realidade torna as pessoas fascinadas por um mundo que não existe. As torna egoístas e infelizes, assegurou.
O “ócio criativo e a desintoxicação tecnológica” permitem às pessoas estabelecer um equilíbrio físico e mental, na opinião do palestrante. Entende ser necessário para compreender a importância de ser protagonista, criar resiliência e auxiliar no foco.
Concorda que a corrupção sistêmica no país confunde os jovens e faz parecer que o estudo não adianta. Mas alertou para a corrupção dentro das famílias, quando os pais prometem premiar o filho em troca de algo. “Se você passar de ano, lhe dou algo! Isso é errado, pois a criança precisa aprender a disciplina”. Educar para a cidadania, com ética, igualdade e respeito não pode ser negociado. Precisa ser algo consciente, defendeu.
Karnal se diz otimista em relação ao Brasil. “Nunca houve um glamour tão grande por ética. É uma grande chance. Entretanto, o preço do sucesso será a eterna vigilância”, advertiu.


Conexões humanas

Outro palestrante foi o publicitário João Miragem, que tratou sobre as novas gerações. Ela já havia ensaiado o tema durante o Festival Internacional de Publicidade, em Gramado, há poucos dias. Em Lajeado avançou no tema e apresentou visão interessante sobre as mudanças intensas rápidas.
Falou especialmente dos mais jovens. “A tecnologia flexibiliza, mas é um experimento radical de resultado imprevisível”. Observou que a nova geração vive um “estado de fantasia e herdou um mundo caótico”, mas não está satisfeita com isso. “Temos de olhar para o que eles dão valor”. Salientou que os jovens são mais orientados ao sentido do propósito e menos ao fim. Aceitam mais a imperfeição e querem aprender durante o caminho, de forma rápida.
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Falar a língua do futuro consumidor é chave para se manter no mercado, na visão de Miragem. Implica em saber estabelecer conexões humanas por meio da marca. Enxerga que as pessoas querem se reaproximar.
Talvez uma das afirmações mais estratégicas ditas pelo publicitário da Agência Escala foi a importância de diagnosticar o cliente centro da loja. Não adianta correr atrás de dados externos e se descuidar do cliente quando está no estabelecimento. É preciso explorar e conhecê-lo bem para oferecer algo útil e relevante. “Talvez nunca voltará, mas, se for bem atendido nas suas necessidades, não esquecerá”, recomendou.

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