Poder paralelo desafia o Estado

Editorial

Poder paralelo desafia o Estado

As lacunas deixadas pelo Estado são preenchidas pelo poder paralelo. O crime se fortalece nesses espaços. Por meio do comércio de drogas, consegue o capital necessário para se sustentar e ampliar os tentáculos sobre as comunidades, em especial nas áreas…

oktober-2024

As lacunas deixadas pelo Estado são preenchidas pelo poder paralelo. O crime se fortalece nesses espaços. Por meio do comércio de drogas, consegue o capital necessário para se sustentar e ampliar os tentáculos sobre as comunidades, em especial nas áreas mais vulneráveis.
Em meio à pior crise na segurança pública já vivida no RS, a sociedade acompanha atônita a audácia dos criminosos. Com o poder público combalido pela corrupção e pela incompetência dos seus gestores, não há medidas eficazes para o controle da criminalidade.
Se no início da década de 90 a prisão de um traficante estancava a venda de entorpecentes em determinado local, hoje, essa mesma ação policial não confere garantias de que a “boca” será fechada. No outro dia, um outro soldado do tráfico assume a “administração” do ponto.
Mesmo dentro das cadeias, a sociedade não está livre dos criminosos. Sob a tutela do Estado, criaram as facções. Planejam assassinatos de desafetos e comandam o tráfico. A disputa pelo mercado ilegal dos entorpecentes ganhou às ruas. Espalhou uma guerra pelas cidades que assusta a comunidade.
Não há como ter resultados diferentes com a mesma postura. O tráfico de drogas é o verdadeiro flagelo da sociedade. Junto com as brechas deixadas pelo Estado, as facções também se constituíram pelas leis restritivas.
[bloco 1]
Os criminosos perderam o medo da punição e afrontam as instituições públicas para mostrar poder. Por mais que as forças de segurança tentem cumprir a lei, é insuficiente. É preciso mais, seja na organização dos setores públicos, mais vontade política em implementar medidas efetivas para diminuir o poder dos traficantes.
Na ponta dessa corda, está a população. Vítima da precariedade dos serviços públicos, preocupada com o avanço da criminalidade. Ainda que a Secretaria de Segurança Pública pontue que os índices estão dentro da normalidade, o cotidiano nas ruas mostra outro cenário.
O clamor por mais efetivo talvez seja o desejo mais latente, sustentado pela esperança de que isso interfira no ímpeto dos criminosos. Difícil afirmar que com mais soldados seria possível evitar a atuação dos grupos criminosos organizados, mas daria mais tranquilidade à comunidade
Resolver essa equação é mais complexo do que isso. Ao passo que o sistema penitenciário não garante recuperação dos detentos e nem mesmo segurança à sociedade, junto com a da falta de uma política pública clara para a área, torna-se quase uma utopia a ideia de vencer o tráfico e as facções.

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