Comitê aprova projetos de dez instituições

Assinante Solidário

Comitê aprova projetos de dez instituições

Série de reportagens detalha, a partir desta edição, os dez projetos aprovados pelo Comitê Solidário aptos a receber os recursos destinados pelo programa do A Hora, beneficiando instituições que atendem crianças e adolescentes na região

Comitê aprova projetos de dez instituições
Vale do Taquari

FundeF projeta fonoterapia e atendimento interdisciplinar

Referência para cerca de 400 municípios gaúchos nas áreas de deficiências auditivas e de fissuras labiopalatais, a Fundação Para Reabilitação das Deformidades Crâniofaciais (FundeF) é uma das contempladas no Projeto Assinante Solidário. A iniciativa do A Hora destina 8% da receita de assinaturas a entidades assistenciais que atendem menores.

Para a FundeF, estão previstos R$ 28 mil, que serão investidos em duas novas ações: a terapia em grupo e a formação de grupos interdisciplinares.

Segundo a assessora de projetos Graziela Finatto, todos atendimentos chegam via SUS – principal fonte de recursos da entidade: R$ 2,6 milhões no ano passado.

Com o objetivo de dar todo o suporte que os pacientes precisam, estão projetados os grupos interdisciplinares, voltados aos pais e bebês em etapas pré e pós-cirúrgica. “Acreditamos que o trabalho interdisciplinar compromete mais o paciente e sua família com o tratamento, que é longo”, diz a fonoaudióloga Fabíola Pereira Cardoso. A ideia é que uma vez por semana, durante uma hora, profissionais de fonoaudiologia, psicologia, cirurgia, odontologia e e nutrição orientem a família de forma prática sobre o desenvolvimento global da criança.

FundeF, de Lajeado,  é referência estadual nos serviços que presta. Recebe pacientes de mais de 400 municípios e funciona em espaço limitado, cedido pelo Hospital Bruno Born

FundeF, de Lajeado, é referência estadual nos serviços que presta. Recebe pacientes de mais de 400 municípios e funciona em espaço limitado, cedido pelo Hospital Bruno Born

Hoje ocorrem encontros de grupos de pais e bebês apenas com a fonoaudiologia. Segundo Fabíola, famílias que descobrem a má formação ainda durante a gestação ficam menos fragilizadas. “A troca de informações e experiências entre os familiares é relevante e o acolhimento dos profissionais, determinante. O primeiro olhar que o bebê recebe é da mãe e o modo como o mundo vai receber essa criança está associado com o afeto, segurança, incentivo e confiança recebidos”, diz.

Já as terapias em grupo devem suprir a grande demanda. De acordo com a fonoaudióloga Paloma Letelier Campillay, a FundeF tem apenas duas profissionais para mais de 2,8 mil pacientes, inclusive de municípios da região que não oferecem a especialidade. As terapias coletivas devem ocorrer duas vezes por semana, em turmas de quatro crianças. “Após a avaliação da fala agruparemos pacientes com as mesmas dificuldades para o trabalho ser melhor direcionado e sejam feitos os mesmos exercícios”, explica.

Outras aquisições

Segundo Graziela, o valor repassado pelo Assinante Solidário também será usado para compra de materiais necessários para terapias, como softwares e jogos. Além disso, é importante que a instituição disponha dos tipos de mamadeiras que os bebês podem precisar ao longo do tratamento, a fim de orientar os pais sobre cada modelo. São tipos especiais, com preço superior aos modelos comuns.

O valor também será destinado a materiais gráficos. Um deles é uma caderneta da FundeF, que registrará a evolução dos pacientes, semelhante à caderneta de vacinação. Um panfleto explicativo com receitas e orientações nutricionais também deve ser confeccionado e um orientativo para escolas.

Do valor total do projeto, R$ 28 mil estão projetados para a FundeF. Além de criar novos programas, projeta aquisição de materiais e equipamentos de uso permanente

Do valor total do projeto, R$ 28 mil estão projetados para a FundeF. Além de criar novos programas, projeta aquisição de materiais e equipamentos de uso permanente

“O lucro pelo lucro não se sustenta”

A iniciativa do A Hora destina 8% do valor oriundo de assinaturas para projetos de entidades de atendimento a crianças e adolescentes de cidades da região. Em sua primeira edição, o projeto destinará R$ 150 mil, divididos entre dez entidades: FundeF, Slan, Saidan, Amam e seis Apaes (Lajeado, Teutônia, Estrela, Encantado, Cruzeiro do Sul e Bom Retiro do Sul). O repasse ocorre em solenidade agendada para o mês de novembro.

Segundo o diretor-geral do A Hora, Adair Weiss, a ação teve origem nos ideais dos gestores da empresa, que acreditam que um modelo de sociedade evoluída passa pelo senso de solidariedade. “O lucro pelo lucro não se sustenta. Promover o desenvolvimento integrado de uma região ou mesmo de uma organização passa pelo equilíbrio de ações e resultados. O A Hora aposta na região, na sociedade organizada, nas empresas e no trabalho coletivo e solidário para provocar transformações acima da média”, observa.

Segundo o presidente do Comitê Solidário, Gilberto Soares, a ação surpreende pela proporção, uma vez que muitas empresas maiores acabam usando valores menores para esses atos de cidadania. “É um projeto inédito e corajoso. Em termos de valores, todo mundo ficou surpreso. Que sirva para estimular a sociedade”, diz.

Para Graziela, mais do que o valor em dinheiro, a ação indica a união da comunidade. “A iniciativa é muito bacana. Nos sentimos muito honrados desde o primeiro momento, em que fomos chamados para o lançamento. O dinheiro é importante, porque sem dinheiro tu não faz nada, mas é legal todo esse envolvimento”, comenta.

“É lindo de ver todo o trabalho que existe por trás da fundação” 

Foi uma ecografia de rotina, realizada no sétimo mês de gestação, que abalou a química industrial Carla Luciana Diedrich, 33 anos. A alegria por esperar a segunda filha deu lugar ao choro que parecia não ter fim. Ela descobriu que Lia nasceria com fissura labiopalatal, o famoso lábio leporino. Por indicação do pediatra, ela procurou a FundeF. “Foi muito, muito, muito difícil para toda a família. Cheguei lá e conversei com a enfermeira e com a psicóloga. Fiz esse primeiro contato e a gente se acalmou, pois não adiantava ficarmos desesperados”, lembra.

Um das maiores preocupações de Carla era em relação à alimentação, já que Lia nasceu com a fissura bilateral e fenda palatina, o que impedia que a menina fizesse a sucção do leite materno. Até o terceiro mês, ela foi alimentada com uma seringa. “No primeiro dia de vida dela, o pessoal da FundeF já esteve no quarto para nos explicar sobre a alimentação, e com cinco dias de vida ela teve a primeira consulta”. As duas primeiras cirurgias, aos 2 e aos 6 meses, serviram para corrigir a fissura, em cada lado.

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Há três meses, Lia passou por um procedimento cirúrgico para fechar a fenda no palato. O procedimento deve ser completado em outra cirurgia, ainda sem data definida. Além disso, a falta de gengiva no local provavelmente exigirá aplicação de enxertos. Atualmente, a bebê está começando a falar e a família vai se adaptando ao ritmo da caçula. “A gente adotou uma cachorrinha e colocamos o nome de Kika, com fonema que a Lia consegue falar”.

A rotina da menina de 1 ano e 8 meses é marcada por visitas regulares à FundeF. A cada três meses, tem consulta com nutricionista e uma vez por semestre vai ao fisioterapeuta e ao dentista. Nessas idas e vindas, Carla aprofundou seu relacionamento com a instituição: além de mãe de paciente, é também integrante do Conselho Diretor. “É lindo de ver todo o trabalho que existe por trás da fundação”.

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