Indústria caminha no escuro

Editorial

Indústria caminha no escuro

A confiança do empresariado gaúcho, em especial os ligados à indústria, degringolou. As reformas previdenciárias e principalmente a trabalhista traziam novas perspectivas ao setor. Abriam a chance de menos imposições legais para geração de empregos. Com as denúncias envolvendo o…

oktober-2024

A confiança do empresariado gaúcho, em especial os ligados à indústria, degringolou. As reformas previdenciárias e principalmente a trabalhista traziam novas perspectivas ao setor. Abriam a chance de menos imposições legais para geração de empregos. Com as denúncias envolvendo o presidente, o cronograma previsto para votação das matérias não se concretizará.
Em boletim da Fiergs, publicado nessa quarta-feira, foi confirmada a tendência de queda na estimativa de recuperação do segmento. O resultado é detectado no Índice de Confiança do Empresário Industrial. Na passagem de maio para junho, caiu 2,9 pontos, chegando a 52,7. Conforme a federação, essa amostragem traz como impacto a redução dos investimentos e menos contratações para o próximo semestre.
O agravamento da crise política é o fator preponderante para esse pessimismo. No caminho incerto da recuperação econômica, a estimativa de fim da recessão se afasta do horizonte. O governo Temer, trôpego e encurralado por suspeitas de todas as ordens, perde apoio a cada dia. Pode-se afirmar que a aprovação da Reforma da Previdência agora não passa de uma miragem. Visão semelhante é possível ter com relação à trabalhista.
A primeira derrota foi nesta semana na Comissão de Assuntos Sociais do Senado. Essa foi uma amostragem da desorganização da base do governo devido à debilitação política do presidente. A cada novo episódio das delações da JBS e do avanço nas investigações contra Temer, mais aliados deixam o barco.
Importante frisar, não por ideologia política ou por princípios republicanos, mas por uma preocupação estritamente eleitoreira. O pleito de 2018 é logo ali. Ficar ao lado de um governo fragilizado e visto como corrupto pode custar uma cadeira no Congresso Nacional.
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Em meio a tantas incertezas, a viagem de Temer à Rússia não poderia vir em pior hora. A saída do país deixou aliados órfãos. Um erro que custou a primeira votação sobre o texto da reforma trabalhista. O assunto volta ao Senado na próxima semana, para apreciação da Comissão de Constituição e Justiça.
Se por um lado há uma necessidade de o país avançar, ter leis mais atuais para regrar a relação do capital e mão de obra, também é importante verificar a legitimidade política deste governo.
As mudanças na lei têm aspectos positivos. A Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) foi criada na década de 40. Entre os pontos positivos, está instituir a possibilidade de acordos fechados, pois evita a judicialização. Também, o regramento da demissão consensual e o reconhecimento do home office.
Por outro, traz incertezas. Talvez a principal seja a ampliação dos contratos terceirizados e temporários. Há um temor das contratações de pessoas jurídicas se tornarem massivas. Isso significa perda de direitos dos empregados, além de redução do arrecadado pela Previdência Social.
Cabe ao presidente reestruturar a condução da base parlamentar para não repetir o resultado da Comissão de Assuntos Sociais.

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