A discordância entre o sossego e o divertimento tem causado o cancelamento de festas nos fins de semana na cidade. O último foi da tradicional Domingueira Show, que ocorria todos os domingos, das 18h à meia-noite, e foi cancelada por tempo indeterminado.
A organização do evento não quis dar detalhes sobre o ocorrido, apenas disse que estava procurando outro local para a promoção. Moradores próximos ao Grêmio Cultural e Recreativo Teutoniense reclamam do barulho, principalmente do lado externo da casa. Afirmam que fizeram até um abaixo-assinado.
Há duas semanas, o anúncio de uma festa LGBT gerou, inclusive, ameaças a quem estava promovendo, ocasionando a transferência do evento para outro município do Vale do Taquari. Em busca de um local para diversão, jovens precisam ir para outras cidades.
No mês de maio, o bar La Bodeguita foi intimado a prestar esclarecimentos no Ministério Público. A denúncia foi feita por moradores que afirmam haver exageros no lado externo da casa. Os proprietários devem assinar um Termo Circunstanciado e, se houver novos problemas, o estabelecimento pode ser interditado.
Falta bom senso
Moradora do bairro Teutônia, a professora Fabiana Ferraz acredita que falta bom senso em ambos os lados. Conta que antes a juventude ficava na avenida, no Bier Haus, então gerou problemas aos moradores que reclamaram da perturbação. “Assim temos de ir para Lajeado, pegar a estrada à noite e sabemos que é perigoso. Acho que a solução é investir em um local com isolamento acústico.”
Para ela, é preciso ter discernimento para usar de forma adequada os espaços. Cita o caso do pavilhão da CIC, outro ponto de encontro tanto de famílias quanto de festeiros. No mês de maio, uma grande quantidade de lixo havia sido deixada por quem frequentou o local à noite. “A cidade precisa evoluir muito nesse ponto.”
Enquete
Como você avalia a divisão dos interesses de quem quer festa e de quem quer descansar?
“Os jovens não estão sendo atendidos. Deveria haver um espaço para todo mundo se divertir. Precisamos sair e nos comunicar com as pessoas. Este é o nosso momento e para aonde vamos nos proíbem.” – Amanda Correia, 19, estudante
“Eu gosto de silêncio. Morava em Porto Alegre e decidi me mudar. Acho que tem que haver festa, mas com respeito. Às vezes dá para ouvir o som do carro do meu vizinho e já me sinto incomodada.” – Marília Dornelles, 55, bancária aposentada
“Acho que cancelaram algumas festas porque não era o lugar apropriado. Não tenho nada contra os gays, mas tem que ser em um lugar mais retirado.” – Martir Tempas, 54, aposentado
“Não estão conseguindo atender os interesses. Sei que é complicado para quem mora próximo ao barulho. Aqui no bairro Teutônia, quando tem festa, dá para ouvir dentro de casa e também me incomoda.” – Fabiana Ferraz, 26, professora
“A cidade é muito conservadora e para se divertir só saindo daqui. É difícil porque não tem consenso. A gente quer ficar até mais tarde acordado, mas o problema é que alguns exageram.” – Paulo Ricardo da Silva Kuhn, 18, estudante
“Não temos aonde ir. As pessoas aqui são muito fechadas. Mas acontece que sempre vai existir quem queira se divertir e ficar proibindo não adianta. Tem que ter um local adequado.” – Larissa Wessel, 18, estudante
“É muita bagunça e algazarra na avenida. Ficam cantando pneu. Às vezes eles fechavam a rua e impediam a passagem dos carros. É ruim para quem mora perto. Deveria ter um local mais retirado.” – Silvana Stein, 56, atendente
