Prazos descumpridos. Corsan expõe deficiência histórica

Editorial

Prazos descumpridos. Corsan expõe deficiência histórica

Os contratos assinados entre municípios e Corsan são alvos frequentes de discordâncias. Feitos com base nos planos municipais de saneamento básico, os prazos estabelecidos nos diagnósticos dificilmente são cumpridos. Estrela pode ser citada como exemplo. No município, após mais de…

Os contratos assinados entre municípios e Corsan são alvos frequentes de discordâncias. Feitos com base nos planos municipais de saneamento básico, os prazos estabelecidos nos diagnósticos dificilmente são cumpridos.
Estrela pode ser citada como exemplo. No município, após mais de quatro anos do acordo com a estatal, nem 80% do previsto no documento foi feito. Tal constatação fez o prefeito Rafael Mallmann convocar reuniões com a diretoria da estatal e com o Ministério Público. A administração municipal exigiu um cronograma de obras durante encontro ocorrido em abril.
Passados dois meses, agora foi a vez da Assembleia Legislativa promover uma audiência pública. O encontro foi destaque na edição de ontem do A Hora. Em mais uma ocasião, a Corsan foi colocada em xeque. As críticas à morosidade das obras fazem com que a pressão se intensifique sobre a estatal. Agora são 15 dias para a autarquia iniciar a ampliação no abastecimento de água e apresentar soluções para o tratamento de esgoto.
Essa é uma realidade não só de Estrela. Em diversas cidades, os acordos assinados entre 2013 e 2015 ainda não foram postos em prática. No papel, se estabelecem metas de tratar 95% do esgoto doméstico nas próximas três décadas, uma previsão de longo prazo e, ainda assim, de difícil execução.
A Lei do Saneamento Básico completa uma década neste ano e pouco se avançou. Apontadas as carências nos planos municipais, chama a atenção o baixo índice de tratamento dos efluentes domésticos. Como no dito popular investir em cano não dá voto, o esgoto foi deixado em segundo plano.
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O impacto na qualidade dos mananciais é notório. A água, fonte de toda a vida, perece em meio ao lixo, ao esgoto e aos agrotóxicos despejados nas correntes. Tanto que o Rio Taquari aparece como um dos mais poluídos do RS, conforme análise do Comitê da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas.
A partir de estudo da Associação de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), a Região Sul tem a segunda melhor cobertura do país, com 65,1% das casas com esgotamento sanitário. O percentual não condiz com a realidade. Pois a pesquisa contabiliza qualquer tipo de rede, incluindo fossa séptica, rudimentar e outras formas sem conexão à rede coletora.
Esses sistemas não garantem a sanidade, pois muitos reservatórios não são limpos como a legislação determina. Nas fossas urbanas, a retirada dos dejetos deve ser feita de maneira periódica. Em casos de condomínios, o prazo é de quatro a seis meses. Muitas vezes, essa obrigação é desrespeitada.
Como resultado, o excedente vai para o solo e o contamina. Também atinge o lençol freático. O material orgânico acaba por escorrer aos mananciais. Tendo como base a análise do Comitê Taquari-Antas, se constatou alta taxa de coliformes fecais e fósforo. Condição que inviabiliza o uso da água inclusive para irrigação de hortaliças.

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