Chuva dá trégua e municípios contam prejuízos

Vale do Taquari

Chuva dá trégua e municípios contam prejuízos

Rio Taquari atingiu 24,36 metros, à 1h15min dessa sexta, conforme o Netsenses. O nível do rio começou a baixar, porém, o retorno ao normal foi lento. Em 14 horas, apenas dois metros. Lentidão que obrigou cerca de cem famílias a continuar fora de casa. Enquanto isso, a Defesa Civil avalia danos.

Chuva dá trégua e municípios contam prejuízos
Vale do Taquari
oktober-2024

Por enquanto, quatro municípios da região decretaram situação de emergência devido à chuva dos últimos dias. Os prejuízos calculados ultrapassam R$ 5 milhões em Arroio do Meio, Mato Leitão e Boqueirão do Leão.

Só em Arroio do Meio, as perdas iniciais, na semana passada, foram de R$ 2 milhões. Valor que irá aumentar. “Vamos somar de novo, pois as estradas gerais tiveram danos. Foi uma cheia ainda maior que a outra. Com certeza terá custos maiores”, comenta o coordenador da Defesa Civil, Paulo Heck.

Em Boqueirão, de R$ 480 mil, da semana passada, o valor em danos subiu par R$ 1 milhão. A enxurrada, causada por 120 milímetros de chuva em 12 horas, gerou estragos em cerca de 70 quilômetros de estradas.

Jaciana Maron mora faz um ano próximo a Avenida. Décio Martins Costa. “Perdi tudo”, lamenta

Jaciana Maron mora faz um ano próximo a Avenida. Décio Martins Costa. “Perdi tudo”, lamenta

A situação das estradas ainda gerou o cancelamento das aulas, na quinta e sexta-feira, pela inviabilização do transporte até as escolas. Pastagens foram perdidas, e prejudicam a produção leiteira. Também há prejuízos nas plantações de hortaliças e frutas. Conforme a Emater, no total são R$ 100 mil em perdas.

Nesta segunda-feira, representantes do município participam de uma reunião na Famurs.

Análise em andamento

Já em Progresso, ainda era feito o levantamento dos estragos, para decretar situação de emergência. Mas a Defesa Civil já apontava que os principais prejuízos foram causados nas pontes que ligam comunidades. Algumas chegaram a cair por completo. Outras perderam a base, que precisará ser refeita.

Nas estradas de chão, o trânsito de veículos pequenos ficou impossibilitado. Lavouras sofreram com a erosão. Foram mais de 140 milímetros de chuva no município em cerca de 24 horas. Como em Boqueirão do Leão, as aulas foram suspensas.

Em Mato Leitão, o setor primário foi o mais afetado. Equipes da Emater e Secretaria Municipal da Agricultura calcularam R$ 1,7 milhão em prejuízos. O maior deles, na produção de leite com montante de R$ 591 mil, o que representa 473 mil litros para um rebanho de 1.181 animais. Representantes do município também participam da reunião com a Famurs, para tentar viabilizar o repasse de recursos.

Na área central de Lajeado, a sexta-feira foi de recolher entulhos

Na área central de Lajeado, a sexta-feira foi de recolher entulhos

Em Forquetinha, a prefeitura iniciou cedo o trabalho de limpeza de algumas ruas e estradas de chão batido. Entre essas, o acesso a Vila Storck, quase na divisa com Lajeado. Lá, o aposentado Paulo Scheidt foi tentar salvar o pomar plantado quase às margens do Arroio Forquetinha, que transbordou na quinta-feira. “Acho que vou salvar tudo. Mas muitos vizinhos perderam lavouras.”

Lajeado em recuperação

A Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Seosp), começou a recuperar estradas em Conventos e Alto Conventos. Nas vias centrais, alguns buracos pequenos recebiam asfalto frio. “Para arrumar a maior parte, precisamos de asfalto quente, o que será possível somente na próxima semana”, comenta o secretário Cassiano Jung. Ele afirma que será feita uma operação tapa-buracos, nas principais ruas e avenidas da cidade. Estradas de chão dos bairros São Bento, Jardim do Cedro, Conventos e Nações também devem ser recuperadas.

Porém, ainda ontem, não foi possível iniciar a limpeza de ruas, pois a água não havia baixado o suficiente. O Departamento de Trânsito monitorava a situação, e apenas as ruas Bento Rosa e Beira Rio foram abertas ontem. Na região conhecida como “Cantão do Sapo”, na rua Carlos Spohr Filho, o empresário Vanderlei Gross, 51 anos, auxiliava na limpeza.

“Minha família tem uns dez imóveis aqui nesta região. Todos em área alagável. Quando compramos, valiam cada um o equivalente a um carro popular. Hoje, não valem nem metade disto.”, diz.

As ruas Décio Martins Costa, Delfino Costa, Pedro Petry e Santos Filho seriam as próximas a serem liberadas, mas continuavam fechadas até o fim da tarde. Fato que obrigou os ônibus a continuarem circulando pela rua Júlio de Castilhos. Motivo de lentidão no trânsito. Assim como na ERS-130, que absorvia o movimento de algumas ruas internas de Lajeado.

Vilmar Mikolaiczk já passou por três enchentes desde que foi morar no loteamento Marmitt, em Estrela

Vilmar Mikolaiczk já passou por três enchentes desde que foi morar no loteamento Marmitt, em Estrela

Outros estragos no polo do Vale

Conforme a Defesa Civil, um pontilhão no Alto Conventos precisará ser reconstruído. A estrutura sofreu danos nas duas últimas semanas. Uma família do bairro Conservas precisou ser retirada de casa devido a ameaça de queda de uma pedra de grandes proporções.

Famílias continuam desabrigadas

A lentidão na baixa do rio também impossibilitou que a maioria das famílias retornassem para as casas em Lajeado. Um total de 46 ainda permanecia no Centro Esportivo Municipal (CEM) e no ginásio do bairro Montanha. Outras 23 famílias continuavam na casa de familiares.

“Amanhã (sábado), com certeza, o bom tempo vai permitir o retorno pessoal. Claro, vamos precisar que eles tenham condições de limparem suas casas primeiro”, afirmou o coordenador da Defesa Civil, Heitor Hoppe. Voluntários de plantão se revezam a cada seis horas para auxiliar as famílias. Elas também têm o acompanhamento da assistência social e profissionais da saúde.

A Defesa Civil pede doações de roupas para crianças. Alimentos também podem ser levados até os dois abrigos. Os mantimentos serão repassados para desabrigados que perderam pertences. É o caso de Jaciana Maron, que mora faz um ano na rua Alberto Torres, próximo a esquina com a Av. Décio Martins Costa, entre os bairros Centro e Hidráulica.

“Já peguei três enchentes em um ano. Na segunda, perdi quase tudo. Desta vez, perdi tudo. Foi sofá, colchão, pia.” Ela vive em uma pequena residência de madeira, cujo aluguel é pouco mais de R$ 400 por mês. “A água atingiu um metro aqui dentro”, lamenta.

Trânsito ficou tumultuado em Lajeado. Ônibus transitavam pela Júlio

Trânsito ficou tumultuado em Lajeado. Ônibus transitavam pela Júlio

Retorno lento em Arroio do Meio

Das doze famílias do Centro e bairro São José que estavam no salão do Glória, apenas duas conseguiram voltar para casa. As demais serão liberadas ao longo do fim de semana. Outras 35, que haviam levantado pertences dentro da casa ou se abrigado na casa de vizinhos, também retomaram a rotina normal.

Estrela e Cruzeiro do Sul

Mais de 40 famílias, dos bairros Imigrantes, Moinhos e Oriental, continuavam desabrigadas. Doze estavam no ginásio da escola Odilo Afonso Thomé. As demais ficaram nas residências de parentes. No total, 52 tiveram que sair de suas casas. Mais de 40 ruas ficaram interditadas, e até a tarde de ontem, cerca de 15 foram liberadas.

Morador do bairro Marmitt faz pouco mais de um ano, Vilmar Mikolaiczk, 31, encarou três enchentes desde então. Desta vez, precisou se refugiar na casa do pai, localizada a poucos metros da casa de madeira que ficou parcialmente submersa. “Na quinta-feira pela manhã já comecei a retirar alguns pertences”, lamenta.

No município de Cruzeiro do Sul, sete famílias haviam sido levadas para o Ginásio da Vila Célia. Outros continuavam na casa de parentes. Um total de 90 pessoas desabrigadas, na Vila Zwirtes, Centro e bairro Cascata. Até o fim da tarde, metade das ruas obstruídas havia sido liberada. Mas o acesso pela Beira Rio continuava interditado. A Secretaria de Obras trabalha no final de semana, para limpar as ruas e desentupir bueiros.

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