Audiência debate mudança em condomínio

Santa Clara do Sul

Audiência debate mudança em condomínio

Terreno considerado privado impossibilita uso de verba pública para melhorias

Audiência debate mudança em condomínio
Vale do Taquari

Moradores e administração municipal buscam transformar o condomínio Andreza em bairro. Isso possibilitaria investimentos públicos para melhorias na infraestrutura. A área foi criada em 2000 para abrigar moradores da extinta Calçados Andreza.

Apenas seis moradores trabalhavam na fábrica, sendo que o restante das 80 famílias instaladas ali tinham atividades profissionais em outros locais.

Após 40 anos de funcionamento, em 2011, a fábrica anunciou o fechamento, causando a demissão de 525 trabalhadores, cerca de 10% da população na época. Três anos depois, a direção do Grupo Andreza acertou a venda das últimas quatro unidades de produção.

Assim, o espaço construído sem saneamento básico ficou apenas com o nome Andreza e se tornou uma espécie de ilha em meio à área urbana, impossibilitando o poder público de realizar reparos e melhorias necessárias.

Desde então, os moradores enfrentam problemas diversos, entre eles, a falta de Correios. Todas as correspondências precisam ser retiradas nas agências, pois a comunidade local não recebe em casa.

As ruas internas são denominadas alamedas e têm as saídas bloqueadas. Hoje há apenas duas saídas do condomínio.

Morador faz 14 anos, Raul Galvão, 62, não chegou a trabalhar na Calçados Andreza. Quando comprou casa e o terreno de 10×42 metros quadrados, inscreveu no registro de imóveis de Lajeado, onde segue até hoje, assim como a maioria dos moradores.

Galvão tem cópia do documento que comprova doação de área ao município

Galvão tem cópia do documento que comprova doação de área ao município

Ele participou de um abaixo- assinado que circulou no ano de 2013, aprovando a doação de toda a área para prefeitura, de modo que ela pudesse realizar a manutenção do condomínio. “Disseram que o condomínio é privado, não uma área pública.”

Na época, foram colhidas 123 assinaturas, representando todos os moradores. Entre as exigências, melhorias como abertura de sarjetas e colocação de rede de esgoto nas ruas. “Éramos abandonados pela prefeitura. Ela não podia fazer nada aqui dentro, mas nós pagamos o IPTU, então temos direitos.”

Galvão afirma que outros tipos de atendimentos são realizados pela prefeitura em outros órgãos como na saúde. “Se tu precisa da ambulância, auxílio, sempre fomos atendidos. Ele cita que, quando precisou realizar atualizações de dados no cartório eleitoral em Lajeado, não conseguia dar o endereço. “A moça perguntava onde a gente morava e eu dizia que era Santa Clara do Sul, mas ela não localizava o condomínio no mapa.”

“Virou a terra da bagunça”

Para a moradora aposentada Regina Henz, o condomínio deveria ter portão eletrônico, câmeras e vigilantes, como ocorre em outros condomínios, mas não há sequer um síndico. Ela se queixa de um problema específico recorrente na frente de casa.

Conta que um morador vizinho plantou duas árvores dentro da valeta que servia para escoar a água da chuva, fechou a tampa do bueiro. Hoje, a cada chuva, água passa por cima e acaba invadindo a casa. “Já fui na prefeitura e reclamei, mas só olharam, tiraram fotos e foram embora. Aqui virou a terra da bagunça, não temos para onde recorrer.”

Audiência pública

Na próxima semana, um convite da administração municipal será distribuído à população local marcando uma data para uma audiência pública. É a maneira escolhida para que todos os moradores possam participar da decisão de tornar o condomínio, de fato, um bairro da cidade.

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