Hospital de Taquari perde referência em cirurgia geral

Vale do Taquari

Hospital de Taquari perde referência em cirurgia geral

Decisão foi tomada após reclamação de municípios à 16º CRS

Hospital de Taquari perde referência em cirurgia geral
Vale do Taquari
oktober-2024

O Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev) de Taquari está prestes a deixar de ser referência regional em mais uma especialidade. Depois de perder a traumato-ortopedia, entrar em processo de encerramento para cirurgia vascular, agora o hospital deve parar de receber o incentivo estadual para cirurgias-gerais. Única especialidade que a casa de saúde ainda detinha por completo.

A decisão foi tomada de modo unânime pelos secretários de Saúde dos municípios atendidos, em reunião da Comissão de Intergestores Regionais (CIR), na terça-feira passada. Isso, mesmo após explanação dos responsáveis pelo Isev sobre o atendimento realizado no hospital. Eles já tinham sido os responsáveis por tirar do hospital a traumato-ortopedia e a cirurgia vascular.

Segundo o coordenador da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Ramon Zuchetti, o problema havia iniciado em janeiro, em reunião da CIR. Seguiu para Secretaria Técnica (Setec), e agora voltou à pauta dos 37 secretários.

Quando Érik estava na sala de cirurgia, Simone foi avisada do cancelamento

Quando Érik estava na sala de cirurgia, Simone foi avisada do cancelamento

“Vínhamos recebendo reclamações de modo recorrente. Pacientes que marcavam consulta e não eram atendidos. Consultas desmarcadas horas antes. Cirurgias marcadas em cima da hora. Enfim, uma série de questões, que nos fizeram chegar até esse ponto”, explica Zuchetti. Os representantes da casa de saúde optaram por não se manifestar sobre o assunto. Afirmam que não foram informados oficialmente sobre a questão.

Em andamento

Porém, nada está finalizado ainda. O processo de encerramento de repasses, iniciado em 2013, somente será sacramentado com a resolução da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que no caso da traumato-ortopedia levou meses para chegar a uma conclusão.

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Por enquanto, o hospital segue com a obrigação de realizar 40 cirurgias e 240 consultas por mês, na área da cirurgia geral. O mesmo ocorre em relação à cirurgia vascular, tendo em vista que o contrato ainda não foi encerrado pela CIB. Todos os procedimentos são pagos pela União, e, desde o início do ano, o Isev ainda ganha R$ 48 mil mensais de incentivo do Estado.

Novo hospital

O incentivo hoje pago ao Isev, assim como a responsabilidade sobre as cirurgias gerais, deve ser repassado a outro hospital da região. Quatro teriam se mostrado interessados, afirma Zuchetti. Porém, somente o Hospital Estrela e o Hospital Santa Terezinha, de Encantado, têm chances de assumir a especialidade, conforme pré-avaliação da 16ª CRS. As outras duas – traumato-ortopedia e cirurgia vascular – ficam sob a responsabilidade do Hospital São José, de Arroio do Meio. A casa de saúde fará consultas e cirurgias de otorrinolaringologia sem receber incentivos, o que foi motivo para o Isev, no início deste ano, deixar de atender a demanda de oftalmologia.

Situação revoltante

Zuchetti afirma que um caso em especial foi a gota d’ água para a decisão dos secretários. Moradora de Lajeado, Simone da Silva, reclama do atendimento do hospital. Após dois anos de consultas e reconsultas, para realização de uma cirurgia de fimose no filho Érik, 5, ela foi informada de que o procedimento não poderia ser feito no local. Detalhe: a informação foi repassada quando o menino já estava na sala de cirurgia, sendo medicado, após mais de 12 horas em jejum.

“Disseram que precisava ser um cirurgião-pediátrico, mas o médico que estava lá era um cirurgião-geral. Eu me pergunto: Não viram isso antes, nas tantas consultas que fizemos? Nas horas que ficamos esperando para sermos atendidos?” Só no dia 2 de maio, em que ocorreria a cirurgia, Simone e o filho ficaram sete horas na espera. Em pelo menos outras três vezes precisaram ir à cidade porque o médico que trataria o menino havia mudado. A cada vez, precisavam refazer todos os exames. “Fiquei sabendo de inúmeros casos parecidos. É muito desleixo”, reclama. Agora, ela teve que iniciar todo o processo novamente em Lajeado, para entrar na fila de cirurgia de Porto Alegre. “Agora não sei quando ele vai ser atendido. Tem muitas pessoas esperando.” Enquanto isso, Érik sofre com a doença que, por vezes, gera inflamação e dores.

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