Cassar Temer é uma questão moral

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor editorial e de produtos

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Cassar Temer é uma questão moral

Enquanto escrevia este artigo ontem, o STF iniciava a primeira sessão que dá continuidade ao processo de cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer, vitoriosa nas eleições de 2014. Ainda que artimanhas jurídicas possam adiar uma decisão definitiva acerca do caso, já não há mais dúvida de que a chapa encabeçada por ambos foi alimentada por recursos ilícitos em grande escala. Cassá-la, portanto, seria um caso de justa aplicação da lei com o bônus de ajudar a resolver a encrenca política nacional.
Danem-se os argumentos de que a economia seria novamente abalada e que um novo impeachment cessaria as reformas das quais o Brasil precisa. O país não pode continuar refém de um presidente eleito pela tangente e que tenta se agarrar em justificativas exclusivamente neoliberais para ficar no poder.
Quaisquer que sejam as objeções teóricas e jurídicas à cassação, a questão é antes moral e política. Não dá para fingir que não vimos Temer numa situação deslocada com um empresário que confessou ter distribuído propina por toda a República. Antes de pensar na economia, o TSE precisa votar com base na lei vigente, preservando a democracia e punindo quem abusa do nosso dinheiro e boa vontade.


Já são mais de R$ 2  milhões aplicados em Aviso de Irregularidade não pagos por motoristas que usaram a área azul. Inadimplência é um dos grandes gargalos do atual modelo de cobrança

Já são mais de R$ 2
milhões aplicados em Aviso de Irregularidade não pagos por motoristas que usaram a área azul. Inadimplência é um dos grandes gargalos do atual modelo de cobrança

Quanto mais mexe mais …

Desde que foi implantado o novo sistema de estacionamento rotativo em Lajeado – e lá se vão mais de três anos – as confusões não param. São tantas, que a direção da Stacione Rotativo, responsável pelo serviço, já trocou um par de vezes.
O mais recente impasse aguarda uma posição do prefeito Marcelo Caumo. O projeto do vereador Ildo Salvi (Rede), aprovado por todos os vereadores, exceto por Waldir Gisch (PP), acaba com a cobrança dos R$ 20 decorrente do Aviso de Irregularidade (AI).
Os remendos ao processo e ao sistema implementado em 2014 seriam cômicos se não fossem trágicos. Tudo começou com um malabarismo, no mínimo suspeito, que trouxe a empresa para Lajeado. Continuou com a absurda implantação – chancelada pela câmara de vereadores da época – do AI convertido em multa de R$ 20, notadamente irregular. Agora, em nova tentativa para consertar erro do passado, tenta-se mudar a regra do jogo.
Ocorre que as sucessivas “barbeiragens” no novo rotativo foram tão grandes que qualquer proposta de melhoria ou ordenamento cai no descrédito popular. Ainda que possa haver boa intenção do vereador Salvi e dos demais que aprovaram o respectivo projeto – que espera sanção ou não de Caumo – ele é insuficiente e incapaz para reorganizar o sistema. Sem falar da constitucionalidade.
Até Lula – que sempre diz não saber de nada – sabe que o rotativo é imprescindível para a cidade. Agora, insistir em remendos que já se confirmaram insuficientes ao longo dos anos é só mexer em podridão que fede há tempo. Os problemas do rotativo lajeadense estão longe de se resumir ao AI. Começam na concepção do negócio e do sistema, avançam para suspeitas de favorecimento pessoal, descambam para erros em série e terminam no descrédito popular. Quando as coisas começam ao avesso, o resultado costuma ser o que estamos acompanhando.


Oportunismo e politicagem

A relação entre o prefeito de Marques de Souza, Edmilson Dorr, popular “Brida”, com os vereadores locais continua turbulenta. Medidas de austeridade e contenção de despesas não estão sendo bem aceitas pelo Legislativo.
Já foi assim na gestão do ex-prefeito Ricardo Kich (PP), que, após quatro anos, acabou “fritado” pelo próprio partido, muito em função de estratégias oportunistas movidas na câmara de vereadores. Com o novo prefeito, a prática no Legislativo parece a mesma. Em vez de se aliar (sem perder a independência) ao necessário modelo de contenção de gastos e devolver ao município a mínima capacidade de investimentos, o Legislativo trava bandeiras paralelas e insiste em contrapor quase tudo que vem do governo.
Se continuarem com essa política mesquinha, personalizada e baseada apenas em cores partidárias, Marques de Souza continuará amargando índices de crescimento pífios e não dará à comunidade o que de fato ela precisa: serviço público de qualidade, com estímulos e exemplos para apostar e acreditar no município.

Acerto

Por falar em Marques de Souza, cabe invulgar o projeto criado pelo prefeito Brida que oferece bolsa de estudo para alunos que estudam ou pretendem estudar no Colégio Agrícola Teutônia. Brida quer incentivar a formação de técnicos em Agropecuária para fortalecer a principal virtude econômica do município: o agronegócio. Estratégia acertada!


Paradoxo

O número de farmácias no Vale, quatro vezes maior do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), merece uma reflexão e serve de alerta.
Conforme reportagem publicada neste jornal no fim de semana, são 195 estabelecimentos nos 38 municípios. Ou seja, uma farmácia para cada duas mil pessoas. Para a OMS, o ideal é uma para cada oito mil.
O número é um retrato de parcela da sociedade, cada vez mais refém de remédios de composição química. A automedicação e a ilusão de que a cura para todos os males está nos medicamentos são um sinal de que a sociedade está adoecendo. E deveria ser o contrário.


Candidatos fantasmas

O uso de candidatos fantasmas na eleição municipal de Taquari pode custar o mandato de vereadores. O assunto alvoroçou a cidade ontem à tarde.
Segundo denúncia do Ministério Público Eleitoral, aceita pela Justiça Eleitoral, a chapa encabeçada pelo PSDB, PP e PSC teria nomeado candidatos fictícios para preencher o coeficiente exigido pela lei eleitoral.
Dos 19 postulantes ao Legislativo, dois concorrentes teriam sido fantasmas, sendo inscritos apenas para preencher o número necessário de mulheres. Uma das candidatas recebeu apenas um voto e a outra, nenhum. Ou seja, nem a própria candidata votou em si. Nada pode ser mais explícito do que essa tentativa de burlar a Justiça.

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