MP une forças contra  conflitos e evasão escolar

Lajeado

MP une forças contra conflitos e evasão escolar

Situações têm se agravado nas escolas públicas

MP une forças contra  conflitos e evasão escolar
Lajeado
oktober-2024

Problemas enfrentados no dia a dia das escolas serão tratados de forma conjunta no município. Uma iniciativa proposta pela Promotoria da Infância de Lajeado, em relação ao fluxo da Ficha de Comunicação de Aluno Infrequente (Ficai), prevê que órgãos de educação, segurança e assistência social trabalhem juntos para reduzir e evitar casos de evasão e conflitos. “Antes tratávamos os casos de modo isolado, agora tudo será abordado coletivamente”, explica o promotor Sérgio Diefenbach, responsável pela proposta.

A ação será feita por regiões da cidade. Neste primeiro momento, quatro escolas participarão: as municipais São João Bosco, do bairro Conservas; Dom Pedro I, do bairro Jardim do Cedro; e Francisco Oscar Karnal (FOK), do bairro Santo Antônio; e a estadual de Ensino Médio Santo Antônio (Ciep).

Diretores participaram de reunião com o MP e outros órgãos, na semana passada, para falar do tema. “Estão em uma mesma região geográfica, enfrentam problemas semelhantes, mas também têm potencialidades diferentes. Assim uma pode auxiliar a outra, com a colaboração das demais entidades.”

Evasão aumenta

Para o promotor, a medida se torna urgente, tendo em vista que os casos de evasão teriam aumentado na cidade. “Aparentemente tem se agravado.” No país, a taxa de evasão é de 24,3%. Enquanto no RS 151 mil estariam fora da escola. Mais de 80 mil só no Ensino Médio. Na região da 3ª CRE, de 24,1 mil alunos, 476 abandonaram as salas de aulas no ano passado.

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Dentre as causas para isso, Diefenbach cita o consumo e o tráfico de drogas, o desinteresse e a troca da escola pelo mercado de trabalho.“Temos perdido muitos alunos em decorrência disso. Os problemas relacionados às drogas nos assustam muito porque, além de consumir, eles começaram a vender. Quando permanecem na escola, acabam amedrontando os demais estudantes. Têm uma autoridade informal dentro das instituições”, comenta.

Diefenbach acredita que muito se deve ao descontrole da sociedade atual e também à falta de mecanismos das famílias para atingir o adolescente de maneira correta. “Há uma impunidade, uma incapacidade de apuração de delitos, o que causa esse descontrole e ausência de interesse pela coisas.”

Aqueles que acabam indo para o mercado de trabalho têm o interesse de auxiliar suas famílias, mas, mesmo assim, acabam perdendo a oportunidade de formação. Para mantê-los na escola, Diefenbach acredita que a mudança precisa ser tão forte quanto nos demais casos.

“Estão sedentos. Não aguentam esperar. Por isso, é necessário ampliar o estudo profissionalizante no Ensino Médio. Já há adultos suficientes para suprir as vagas.” Dados apontam que alunos evadidos têm mais risco em contrair doenças, ter gravidez precoce, entrar na criminalidade e usar drogas.

Trabalho conjunto e específico

Na quarta-feira, além das entidades e representações das escolas, participam da reunião alunos que configuram os casos mais críticos de evasão escolar, nas quatro instituições. Responsáveis também estarão presentes, no chamado dia D, que ocorre na escola São João Bosco.

Para a diretora da FOK, Marisete Mathes, será um momento de apoio e agilização dos processos. “Antes entrávamos em contato com um, outro, e demorava muito para o problema ser resolvido. Agora, com reuniões periódicas, poderemos solucionar com mais rapidez.”

Diretora do Ciep, Nadir Rosane Hartmann acredita que fortalecer o diálogo entre a rede possibilitará que todos compartilhem das mesmas informações, falem a mesma língua. Além disso, será uma maneira de encontrar estratégias de prevenção, tendo em vista que serão analisados índices e dados bem como as causas da situação. No ano passado, de 414 alunos da escola, 24 deixaram de frequentar as aulas, a maioria do Ensino Fundamental. Desses, cinco participam da reunião na próxima semana.

Justiça restaurativa nas escolas

Outro projeto proposto pelo MP é a implantação e ampliação dos círculos de paz dentro das instituições. Professores das escolas públicas passam por um curso,no dia 10, para implementar o modelo de mediação de conflitos nas suas escolas. Algumas já têm docentes com esse conhecimento, mas, para a promotoria, ainda são poucos. A ideia é que sejam abertas cem vagas.

“Sempre foi natural do ser humano ter conflitos, mas notamos maior violência nesses atritos.” Diefenbach cita novamente o afrouxamento dos sistemas de regulação como causa. “Os adolescentes só replicam o que veem dentro de casa, nas redes sociais, na rua.” Os círculos de paz propõem resoluções por meio do diálogo, abertura de espaço para todos os envolvidos, que são tratados de forma igual. Hoje, as Comissões Internas de Prevenção a Acidente e Violência Escolar (Cipaves) são a maior força na mediação de conflitos.

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