Tecnologia da Languiru comprova procedência do leite

Teutônia

Tecnologia da Languiru comprova procedência do leite

Consumidores podem conferir nos smartphones a origem do produto, as informações técnicas e nutricionais de cada litro por meio de um código nas embalagens.

Tecnologia da Languiru comprova procedência do leite
Teutônia

A Cooperativa Languiru é a primeira produtora de leite do mundo com tecnologia que permite aos consumidores o acesso a dados completos de cada unidade comprada. O sistema pioneiro foi apresentado ontem, em evento realizado no Hotel Baviera, em Teutônia.

Fruto de uma parceria entre a Languiru e a SIG Combibloc, uma das líderes mundiais na fabricação de sistemas de envase para alimentos e bebidas. Por meio de um QR Code impresso nas embalagens, é possível ter acesso às informações técnicas, nutricionais e de origem de cada litro.

O sistema ainda imprime um código em cada caixa com 12 litros e um código de barras em cada pallet usado na logística. Com isso, é possível acompanhar todo o processo de qualidade envolvido desde a captação da matéria-prima até a industrialização e comercialização do leite.

De acordo com o presidente da cooperativa, Dirceu Bayer, o projeto nasceu da necessidade de evidenciar ao consumidor o processo produtivo cooperativa. “Nosso leite é 100% qualidade total, e nem sempre conseguimos mostrar isso.”

Bayer afirma que a organização tem reconhecimento internacional, tendo ingressado nos mercados mais exigentes do mundo. Segundo ele, o leite representa cerca de 28% do faturamento bruto da cooperativa. Para Bayer, com essa nova tecnologia, os consumidores entenderão a diferença entre os produtos da Languiru e os demais.

Inovação no DNA

Vice-presidente da cooperativa, Renato Kreimeier apresentou a história da Languiru, ressaltando que a organização sempre buscou na inovação e na qualidade os diferenciais para o mercado. Segundo ele, a cooperativa foi a primeira no país a trocar os vasilhames de vidro pelos saquinhos de plástico, nos anos de 1960.

Segundo ele, a empresa SIG compreendeu essa tendência inovadora e desenvolveu um projeto sob medida para a Languiru. De acordo com o diretor-presidente da SIG, Ricardo Rodriguez, o sistema de rastreabilidade é todo automatizado, e permite um verdadeiro ‘raio x’ de toda a industrialização e distribuição.

“Com isso, a Languiru consegue localizar cada uma de suas embalagens em qualquer ponto da cadeia de valor”, aponta. Além disso, ainda permite o monitoramento completo das linhas de produção, otimizando o gerenciamento da planta por meio de uma ferramenta específica que reúne todas as informações de forma inteligente.

Indústria é a primeira do mundo a usar o sistema. Intenção é mostrar para os consumidores o processo de qualidade e a garantia de origem dos produtos

Indústria é a primeira do mundo a usar o sistema. Intenção é mostrar para os consumidores o processo de qualidade e a garantia de origem dos produtos

Outros produtos 

Conforme o diretor comercial da Languiru, Airton Prediger, a intenção da cooperativa é consolidar o projeto a ponto de alcançar mais capilaridade no mercado de leite. Segundo ele, hoje o produto da organização está presente em 67% dos lares gaúchos.

Após a intenção é ampliar a proposta para os demais produtos da cooperativa. De acordo com Bayer, as negociações já estão em andamento. “O período é propicio devidos aos acontecimentos recentes ligados ao mercado de carne.”

Segundo ele, o interesse é iniciar a ampliação com a cadeia de suínos, uma vez que a de frango já está mais consolidada. “Queremos começar mostrando a imagem de um frigorífico novo, bem equipado, para ingressar nesse programa e quem sabe sermos pioneiros também na área das carnes.”

Código impresso

O QR Code estará presente nas embalagens de leite UHT integral, desnatado, semidesnatado, zero lactose e da bebida láctea UHT com chocolate. Com o uso de um celular, o consumidor é direcionado para uma página com um vídeo institucional e as informações detalhadas do produto.

Conforme Rodriguez, cada embalagem tem um QR Code único. Com isso, afirma, será possível simplificar e customizar promoções, sejam elas desenvolvidas para uma cadeia específica de supermercados ou em uma região determinada do país. “Permitirá o desenvolvimento de bases de dados ricas para análises de marketing e vendas.”

Dirceu Bayer

Dirceu Bayer

“Quem importa não sabe a origem do seu produto.”

A Hora – Qual foi o investimento total na implantação dessa nova tecnologia?

Ricardo Rodriguez – A iniciativa faz parte de um projeto muito maior. Nessa tecnologia e nessa aplicação específica, foram aproximadamente R$ 10 milhões ou cerca de três milhões de euros.

Dirceu Bayer – Nós recebemos esse investimento praticamente de presente. Caiu do céu para a Languiru, porque esse investimento é praticamente total da SIG. Nós entramos com nossa imagem, nossa marca, nossa credibilidade, e a SIG nos alcançou essa tecnologia inédita no mundo. Tenho que agradecer a empresa pela oportunidade de uma cooperativa pequena se tornar evidente pelo reconhecimento da sua qualidade.

De que forma esse investimento se insere em um cenário de dificuldade para a cadeia leiteira, devido ao retrocesso das políticas públicas de fortalecimento?

Rodriguez – Em primeiro lugar, a ideia é trazer uma agenda positiva para o setor onde fica clara não só a preocupação de inúmeras empresas sérias no RS, com as melhores práticas, mas também em tornar isso claro e comprovável ao consumidor. Nós vimos as grandes tendências que afetam a cadeia, como a conectividade, a busca por produtos puros e naturais e a confiança. São três aspectos inerentes ao projeto. Isso cabe muito bem à realidade gaúcha, no sentido de comprovar e dar visibilidade às melhores práticas de produção e todo cuidado com a qualidade que já era praticado.

[bloco 1]

Bayer – Esse programa, acima de tudo, fortalece a imagem e o conceito da marca Languiru, devido à sua transparência e credibilidade, que já eram um grande diferencial da cooperativa. Principalmente nesse momento onde o consumidor final levará em conta tudo o que está sendo transmitido par ele por meio do QR Code.

A cadeia gaúcha sofre com o avanço da entrada de leite em pó importado no mercado. Como esse projeto responde a essa realidade?

Bayer – Nossa preocupação com as importações descontroladas de leite em pó, por falta de uma política pública, existe faz um bom tempo. Nossa cooperativa não é uma empresa que importa leite em pó, porque estaríamos indo contra os interesses do produtor que é o dono da organização. Seria um contrassenso. Mas existem outras indústrias grandes ao nosso redor que fazem isso e competem em condições desiguais. Disputam produtores e espaço na gôndola, fazendo com que as pequenas tenham dificuldade. Por meio desse programa, transmitindo seriedade e confiança, acreditamos que o consumidor vai preferir produtos diferenciados. Isso talvez faça com que a cooperativa tenha melhores condições de competir com esses grandes grupos. Quem importa não sabe a origem do seu produto. Nós sabemos.

[bloco 2]

Renato Kreimeier – A produção do RS nos últimos dois anos reduziu 20% em função da concorrência externa e de problemas que ocorreram no leite. Esse projeto é muito importante, porque a cultura atual nos diz que todos os leites são iguais, o que na prática não é verdade. Se nós pegarmos cem marcas diferentes, teremos cem leites diferentes. Esse projeto vem para diferenciar os produtos. O consumidor vai saber qual é o leite Languiru. Esse é o grande passo para tirar o leite da vala comum e realçar as nossas qualidades.

Renato Kreimeier

Renato Kreimeier

Qual o critério para outras empresas também aderirem a essa tecnologia?

Rodriguez – São megatendências mundiais e podem ser interessantes para outras empresas do mundo. Há um interesse enorme de empresas em estarem aqui em Teutônia para conhecer a Languiru. O critério básico para usar essa tecnologia é ter o foco em garantia alimentar. A segurança alimentar é uma demanda mundial e uma expectativa do consumidor, mas ainda gera dúvidas. Em mercados onde atuam empresas como a Languiru, queremos mostrar todo o cuidado com o diferencial, essa é a empresa correta. Assim como empresas que estão apostando em mídias digitais, na comunicação e no controle completo da cadeia de valor e dos processos.

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