Inteligência para  enfrentar o machismo

Editorial

Inteligência para enfrentar o machismo

Pesquisa do Instituto Locomotiva mostra que 93% dos brasileiros acreditam viver em uma sociedade machista. Mas apenas 14% dos entrevistados admitem algum tipo de diferença entre gêneros. Os dados foram apresentados na Assembleia Legislativa, em painel promovido pela Procuradoria Especial…

Pesquisa do Instituto Locomotiva mostra que 93% dos brasileiros acreditam viver em uma sociedade machista. Mas apenas 14% dos entrevistados admitem algum tipo de diferença entre gêneros. Os dados foram apresentados na Assembleia Legislativa, em painel promovido pela Procuradoria Especial da Mulher nessa segunda-feira.
Frente aos índices acima, pode-se concluir que os machistas sempre são os outros. O indivíduo não reconhece traços da prática na sua conduta. O comportamento enraizado na cultura, por vezes, aparece camuflado, seja no trabalho, na política, nos casos de assédio, nos afazeres domésticos, na violência, no trânsito ou mesmo nas propagandas da TV.
O estudo mostra que a luta das mulheres por igualdade está longe de terminar. Apesar dos avanços das últimas décadas, a sociedade perpetua o conceito patriarcal.
Diversos aspectos comprovam a desigualdade entre homens e mulheres no país. No campo da educação, emprego e renda, essa diferença aparece na ocupação em cargos de chefia e no salário. Apesar da condição feminina ter melhorado a partir do século 20, a intensidade não foi suficiente para estancar com o machismo.
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Conforme levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as mulheres trabalham 7,5 horas a mais por semana do que os homens. Há pouco mais de 15 anos, eram 8,8 horas.
Essa diferença decorre dos afazeres do lar. Mesmo com o maior ingresso de mulheres no mercado de trabalho, o cuidado com a casa e com os filhos se torna uma segunda ou terceira jornada de trabalho. Sobre a escolaridade, as mulheres têm mais anos de estudo. Ainda assim, os homens ganham mais.
O assunto fica mais grave quando se buscam informações sobre a violência de gênero. Conforme pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 29% das mulheres com 16 anos ou mais afirmaram terem sofrido alguma agressão física ou verbal no último ano. Projeta-se que esse número seja de 16 a 20 milhões de brasileiras. Por vergonha, dependência do companheiro ou medo, mais da metade não registrou as agressões.
O Mapa da Violência traz dados mais graves. O Brasil é o quinto no ranking mundial em assassinato de mulheres. Entre 2013 e 2015, a média era 13 feminicídios por dia. Importante destacar que o homicídio de uma mulher costuma ocorrer depois de ela sofrer agressões psicológicas e físicas.
As informações corroboram a ideia de que a violência contra a mulher está naturalizada no cotidiano. A partir dessa afirmação, é essencial problematizar o comportamento machista e encontrar mecanismos para mudar essa realidade. O primeiro meio é a educação, começando nos lares.

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