Hora de aprender com as cheias

Editorial

Hora de aprender com as cheias

A ocorrência de inundações não é novidade no Vale do Taquari. Por vezes, chegam a três enchentes em um ano. Como o fenômeno é conhecido por autoridades públicas, Defesa Civil e pelos ribeirinhos, é fundamental haver um plano de ação…

A ocorrência de inundações não é novidade no Vale do Taquari. Por vezes, chegam a três enchentes em um ano. Como o fenômeno é conhecido por autoridades públicas, Defesa Civil e pelos ribeirinhos, é fundamental haver um plano de ação bem estabelecido para evitar surpresas.
Nesse fim de semana, a região teve a primeira cheia de 2017. Já na sexta-feira, as equipes das defesas civis estavam de prontidão. Em Lajeado, o Rio Taquari passou dos 20 metros. Mas o alerta continua. Para os próximos dias, há chance de mais chuva.
Pela lógica, as cidades deveriam estancar com os frequentes deslocamentos das famílias. Criar políticas públicas para retirar os moradores das áreas de risco e reduzir os danos. Mas acontece o contrário. A expansão urbana faz com que a água chegue em pontos onde não havia inundações, além de atingir mais famílias.
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Estudos sobre as particularidades do Vale para tamanha incidência de cheias apontam para características naturais. A bacia hidrográfica do Rio Taquari tem uma predominância rural ou de áreas cobertas por vegetação, com uma tendência de enchente devido ao relevo, solo e à hidrografia.
Mesmo conhecendo essa característica e com a instalação de réguas para o monitoramento do nível da água, ainda acontecem surpresas. Nesse fim de semana, a probabilidade de inundação era pequena, como integrantes da Defesa Civil disseram na sexta-feira à reportagem. Ainda assim, no sábado, foi necessário retirar famílias de áreas inundadas.
Cabe uma consideração acerca das organizações municipais. A nomeação do responsável pelo setor parte de indicação dos prefeitos. Por mais que se acredite e confie na qualidade do designado, as chances de uma pessoa assumir sem ter conhecimento técnico suficiente são grandes.
Por mais que as autoridades minimizem as questões sobre tempo de resposta para ocorrências de cheia, afirmando estar com os voluntários e servidores de prontidão, essa questão interfere tanto no momento da emissão do alerta e na retirada das famílias. Ao que parece, condicionar a estratégia de atuação apenas pela estimativa da elevação no nível da água nas cabeceiras é um sistema falível.
O exemplo fica por conta da enchente do ano passado, quando o Rio Taquari alcançou 25 metros no Porto de Estrela. Se tratava de uma cheia de grande proporção que pegou muitas pessoas desprevenidas. A resposta da Defesa Civil teve de ser urgente. Naquela ocasião, havia chovido mais de 220 mm em quatro dias.
Os prejuízos e transtornos perduraram por semanas. Famílias fora de casa, pessoas sem poder trabalhar e móveis, roupas e eletrodomésticos perdidos. A cada cheia, a história se repete. E a região permanece carente de uma estratégia efetiva para redução dos danos.

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